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Uma batalha entre o velho e o novo

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“Em exibição nos corredores da Academia de Arte de Ealing havia colagens interativas de madeira criadas por nosso monitor de curso, Roy Ascott, das quais o espectador podia rearranjar diversas partes. Devíamos passar um ano nos livrando de nossos preconceitos sobre arte, escolas de arte, ensino de arte e todas as formas de design. Descobri que as lacunas em minha educação eram imensas.

A escola incluía tanto a jovem como a velha guarda. Esta última eram composta pelos refinados que vestiam tweed: desenhistas, calígrafos, encadernadores e afins – que tendiam a ser muito exigentes. A primeira era formada pelos boêmios que vestiam jeans em seus vinte, trinta anos de idade. Em nossa primeira aula de desenho, o encarregado vinha da velha guarda. Ele nos instruía sobre como apontar o lápis, qual nível de dureza escolher para cada tarefa, como prender o papel na prancheta, como sentar, segurar o lápis e medir um conjunto de escalas relativas de distância.

“Desenhem uma linha.”

Cada um de nós desenhou uma linha e se submeteu à mais dura crítica do professor, que salientava que a primeira linha deveria ser de cima para baixo, ter 15 centímetros de comprimento, espessura uniforme e desenhada com um lápis 3B sem régua; qualquer variação representava um excesso indigno dos alunos da Academia de Arte de Ealing.

A segunda aula foi conduzida por um dos membros da jovem guarda. Uma aula bem simples, um teste para avaliar o grau de nossa base.

“Desenhem uma linha.”

Sem problema. Como se coreografados, cada um de nós desenhou uma linha, de cima para baixo, 15 centímetros de comprimento, espessura uniforme, etc. Nosso professor, o jovem Anthony Benjamin, saiu da sala e regressou com o escultor Brian Wall. Começaram a esbravejar pela sala, gritando conosco. A certa altura, Benjamin apanhou um pequeno canivete e espetou seu dedo, arrastando sangue em uma folha branca de papel. ‘Isto é uma linha. Vocês entendem?’. Claro que entendemos. Éramos uma vitima inocente de uma batalha entre o velho e o novo”.

Trecho de “A Autobiografia”, de Pete Townshend

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