Ouvindo: “All The People”, Blur
Um disco antigo para lembrar de coisas boas… Nos anos 90, sempre ouvi mais Oasis do que Blur, mas isso foi mudando conforme o Oasis foi se repetindo (após “Be Here Now”, de 1997) e o Blur descobria a América (com “Blur”, de 1997, e “13”, de 1999), e de alguma forma se aproximava de mim. Fato é que na virada do século eu ouvia mais Blur (a ponto de ir atrás dos primeiros discos, que tinham passado meio batido por mim) com direito até a escrever um faixa a faixa empolgadaço de “Think Thank” (2003) no Scream & Yell. Dai que quando comecei a rascunhar o roteiro de viagem de férias pela Europa em 2009 (minha segunda vez no Velho Mundo, a primeira da Lili) e a banda confirmou um show de retorno no Hyde Park, o coração acelerou. Madruguei no dia de início de venda dos ingressos e consegui um par. Essa semana estávamos eu e ela revendo as fotos dessa viagem (e comentando com Martín, ainda na barriga) e deu uma saudade tão boa desse dia 02 de julho de 2009, em que estávamos em meio a 50 mil pessoas celebrando a volta do Blur.
Um dia antes eu tinha visto Tindersticks e Big Star (com Alex Chilton) num “puxadinho” do Hyde Park, e enquanto nos divertíamos no pedalinho no lago do Hyde Park, o Blur passava som, e só aquilo já serviu para aumentar a ansiedade, que seria plenamente saciada no dia seguinte. A banda estava afim, o público estava afim, Londres estava afim (um dia de sol lindo), nós estávamos afim. Foi especial e ainda hoje é especial. Ao escrever sobre esse dia no Scream & Yell o defini como um “fragmento de perfeição no mundo pop”, aquele momento raríssimo em que todas as coisas boas da vida estão sincronizadas. Tempos depois eles lançaram o áudio desse dia em CD junto a um documentário caprichado (com a integra do show) e ficou mais fácil lembrar-se de Damon Albarn contando que fez “Parklife” nas corridas que fazia no Hyde Park (inclui esse momento numa lista de momentos especiais em shows), do coro do público acompanhando Grahan Coxon em “Tender” e de me imaginar com os braços levantados em meio a multidão na capa e encarte do disquinho. Daqueles dias especiais que vão ficar para sempre. Sempre.
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