Dylan com café, dia 79: Cutting Edge
Dentro do processo de “auto-pirateação” proposto pela série Bootleg de Bob Dylan (iniciada em 1991 com o primeiro lançamento triplo), este volume 12 é, provavelmente, o ponto mais alto de qualidade, não só porque cobre um dos principais momentos da carreira de Bob (o período de 65/66 em que ele abandona o gueto folk e se transforma em um grande pop star devido a tríade mágica de álbuns “Bringing It All Back Home”, “Highway 61 Revisited” e “Blonde on Blonde”), mas porque a liberação do material deste período foi praticamente completa, permitindo um mergulho aprofundado nas ideias musicas de Dylan nesses longos dois anos revolucionários.
Lançado em novembro de 2015, “The Bootleg Series Vol. 12: The Cutting Edge 1965–1966” foi apresentado em três versões: a mais simples era o tradicional CD duplo da série com 36 takes alternativos de clássicos como “Just Like a Woman”, “Desolation Row” e “Subterranean Homesick Blues” somando 145 minutos numa edição “best of” do box; a versão Deluxe compilava seis CDs num mergulho mais aprofundado sobre a gravação de diversas faixas do período (o CD 3, por exemplo, praticamente decupa toda a gravação de “Like a Rolling Stone” em 20 faixas); e, por fim, uma sonhada Collector’s Edition trazia em 18 CDs e 9 compactos de 7 polegadas praticamente todo o material gravado por Dylan no período somando quase 20 horas de gravações (vendido a 600 dólares na época do lançamento, essa caixa limitada e numerada – abaixo – hoje em dia pode ser encontrada entre R$ 4 mil e R$ 10 mil).
Via de regra, as críticas reforçam que o volume duplo mais simples compila os melhores momentos dos 18 CDs (a curiosidade mais interessante dos 20 tracks de “Like a Rolling Stone”, por exemplo, está presente no CD duplo, um fragmento em arranjo de valsa que mudou o rumo da gravação), mas o box sêxtuplo traz itens interessantes para fãs principalmente no CD 2 (com variações de “It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry”) e no CD 5 (com takes de “Visions of Johanna”, “She’s Your Lover Now” e “Leopard-Skin Pill-Box Hat”). Ou seja, a versão dupla funciona realmente como um Best Of dos dois boxes seguintes, mais indicados para fãs e completistas. Porém, ouça com atenção essa versão dupla, pois ela aprofunda o olhar de maneira muitas vezes poética sobre vários clássicos do período mais fértil da carreira de Dylan. Para mim, um dos pontos mais altos das “Bootleg Series”.
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