Dylan com café, dia 65: Don’t Look Back
Bob Dylan com café, dia 65: 50 anos se passaram e “Don’t Look Back” continua sendo não só o melhor documentário sobre Bob Dylan, mas um dos melhores documentários de rock já feito em todos os tempos (para o British Film Institute, é um dos 10 documentários de rock essenciais na história). Lançado em 1967, “Don’t Look Back” traz o cineasta DA Pennebaker acompanhando Dylan na turnê britânica de maio de 1965, sua última turnê acústica antes da tempestade sônica que iria começar no Festival de Newport, em junho, e se alastrar por todos os lugares, culminando novamente em uma turnê inglesa (e no grito de “Judas” em Manchester, 1966). Ou seja, “Don’t Look Back” flagra Bob Dylan pré-celebridade pop, tendo que lidar com jornalistas despreparados (é famoso o trecho do filme em que ele desanca um repórter da Time Magazine) num meio musical que ainda carecia de profissionalismo (chega a soar cômico ver seu manager, Albert Grossman, tendo que improvisar em cima da hora teatros para os shows e aceitar cachês abaixo de valores de mercado). A cena de abertura do filme serviu como uma espécie de videoclipe (que se tornaria um clássico) para a música “Subterranean Homesick Blues”, na qual Bob exibe e descarta uma série de cartões contendo palavras e frases selecionadas das letras (incluindo erros intencionais e trocadilhos) com Allen Ginsberg fazendo uma aparição. Joan Baez também é vista no filme (numa situação que soa um rompimento do casal) além de Marianne Faithfull, Donovan e John Mayall, entre outros.
“Trata-se de um documentário sobre fama e como ela ameaça a arte. Também é sobre a imprensa e como ela categoriza, aprisiona, esteriliza, universaliza ou convencionaliza de maneira vaga um original com Dylan”, observou a crítica da Newsweek na época. “Muito poucas pessoas mudam o mundo”, pontou Joseph Baldassare, curador de uma exposição em Londres sobre o filme em 2016. “Para mim há antes de Elvis e depois de Elvis, antes de Cassius Clay e depois de Muhammad Ali, e antes de Bob Dylan e depois de Bob Dylan. Em ‘Don’t Look Back’, temos o raro ponto de vista de ver esse momento um pouco antes”, opina. “O filme é magnético”, classificou o Guardian. “Ao mesmo tempo em que apresenta trechos fascinantes de um músico tocando no auge de seus poderes, o drama fora do palco é igualmente cativante”, compara, e explica: “Chegando à Inglaterra, Dylan é todo polido e charmoso diante de um circo da mídia com a intenção de transformá-lo em algo fácil de entender. Mas à medida que a turnê caótica continua, ele se torna cada vez mais irritado e agressivo”, conclui. Documentário essencial, “Don’t Look Back” foi relançado em 2015 dentro da série The Criterion Collection numa versão 4K restaurada com trechos extras e muitos bônus em um segundo DVD com mais de uma hora de imagens inéditas.
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