Dylan com café, dia 64: Minneapolis Tape 2
Bob Dylan com café, dia 64: Robert Allen Zimmerman nasceu em Duluth, Minnesota, em 24 de maio de 1941. Em 1947, os Zimmermans mudaram-se para um bairro de classe média na vizinha Hibbing, uma cidade de 16 mil habitantes a beira da maior mina de ferro a céu aberto do mundo. Na escola, Bob formou algumas bandas e, após a formatura do ensino médio em 1959, frequentou a Universidade de Minneapolis, onde encontrou uma cena boêmia florescendo na quadra conhecida como Dinkytown. Inspirado pela leitura da autobiografia de Woody Guthrie, “Bound for Glory”, Dylan abandonou a faculdade no primeiro ano e partiu para Chicago (já assistiu a “Inside Llewyn Davis”, filme de 2013 dos irmãos Coen?), depois Madison, no Wisconsin, antes de chegar ao Greenwich Village nova-iorquino num inverno frio e cheio de neve. A vinda para Nova York, no entanto, tinha como intuito principal uma visita ao doente Woody Guthrie, que estava internado em um hospital em Nova Jersey para tratar da coreia de Huntington, doença hereditária que causa a morte das células do cérebro (Guthrie iria morrer em 1967). Bob se aproximou de Guthrie e, também, da cena folk do Greenwich Village, e se fixa em Nova York em janeiro de 1961.
Durante o ano de 1961, porém, Bob visitaria a família em Hibbing algumas vezes, sempre passando por Minneapolis, onde encontrava Bonnie Beecher, uma garota que ele conheceu na faculdade (e que inspirou a canção “Girl from the North Country”). Numa dessas passagens, em maio de 1961, Bob teria se apresentado em um café, onde foi gravada uma fita caseira hoje conhecida como “The Minneapolis Party Tape”. Em novembro, Bob gravou nos estúdios da Columbia o repertório que iria compor seu álbum de estreia (que só sairia em março de 1962), e em dezembro (sete meses após a primeira sessão em Minneapolis), Bob estava de volta a Dinkytown, e uma segunda fita foi registrada, desta vez no apartamento de Bonnie – por isso conhecida como “The Minneapolis Hotel Tape”. A evolução musical de Bob entre a primeira fita (em maio) e a segunda (em dezembro) é imensa e intensa. Nesta sessão de final de ano, Bob está cantando muito melhor e dominando violão e gaita, incandescente num repertório de canções tradicionais que destacam o quarteto de covers de Woody Guthrie “VD Blues”, “VD Waltz”, “VD City” e “VD Gunner’s Blues”, cujo tema central é doença venérea (VD). Nesta edição bootleg autorizada via lei de direitos autorais do Reino Unido há, ainda, a inclusão de seis músicas de um show no Gaslisgh Café em setembro de 1961 – outro show, mas de 1962, será lançado pela Columbia em 2005 em parceria com o Starbucks – que traz algumas das primeiras composições autorais de Bob (“Man on The Street”, “Talking Bear Mountain Picnic Massacre Blues” e “Song to Woody”) em outro documento histórico. Imperdível.
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