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Posts from — março 2018

Dylan com café, dia 27: Empire Burlesque

Bob Dylan com café, dia 27: Você já deve ter lido a frase “Bob Dylan estava perdido” uma dezena de vezes nestes cafés, mas agora é sérião: é 1984 (e 1985… e 1986…) e Bob Dylan está perdidaço. Assim que a turnê “Real Live” terminou, Bob começou uma peregrinação doida pelos estúdios mais variados testando canções inacabadas com todo o tipo de músicos (a ficha técnica soma mais de 30 nomes) atirando para todos os lados, sem concisão nem direção. A saída então foi pegar um grupo dessas canções quase sem nenhum parentesco (um terço delas gravadas com os Heartbreakers de Tom Petty, outro com Sly & Robbie mais o guitarrista que estivesse por perto – podendo ser Ron Wood ou Al Kooper – e um terceiro com quem tivesse paciência para adentrar o mundo bizarro da cabeça de Bob Dylan, algo que faltou aos músicos da banda de Al Green) e jogar nas mãos do produtor de dance music Arthur Baker com um pedido: “Dá um jeito de transformar isso num disco, por favor” (tipo Phil Spector, Beatles e “Let It Be”, ainda que as canções de Bob neste momento não estejam neste mesmo alto nível).

O resultado é “Empire Burlesque”, lançado em junho de 1985, um disco cuja produção atropela as gravações originais com um trator, tecladeira e bateria eletrônica (datadíssima) tirando o viço das canções em prol de um brilho e padrão sonoro de época. Dai tu pensa: o culpado é Arthur Baker? Sim e não. Tire a prova: os bootlegs “Naked Empire” ou “Clean Cuts” (abaixo) trazem as gravações originais, e ao mesmo tempo em que Baker salva “Tight Connection To My Heart” (o original era um sub-Bruce Springsteen cara de pau pelo qual Bob iria ser muito sacaneado se tivesse lançado enquanto a primeira versão, uma sobra de “Infidels”, carregava um sotaque velvetiano que faria Lou Reed sorrir e seria oficializada no box “The Bootleg Series – Volumes 1/3”, de 1991, com o nome de “Someone’s Got a Hold of My Heart”) e “When The Night Comes Falling From The Sky” (que soava como uma versão popero mequetrefe de “All Along The Watchtower” fase “At Budokan”), ele assassina a alma rock n’ roll de “Trust Yourself” e “Clean Cut Kid” transformando vinho em sangue.

Arthur Baker fez o possível mas, ainda assim, “Empire Burlesque” não é um disco tão ruim quanto dizem. Só é… datado. E pesadamente triste. Três canções do disco ganharam clipes (todos disponíveis no post). Nas letras, Bob finge estar feliz por um relacionamento terminado (“Seeing The Real You At Last”), é flagrado trágico numa prisão observando apaixonados morrerem na escuridão (“When the Night Comes Falling from the Sky”) e também vê seu amor morrer (“Never Gonna Be The Same Again”). A bonita “I’ll Remember You” ganhou sobrevida no filme “Masked and Anonymous”, de 2003, e foi salva. Já “Dark Eyes”, único momento voz, violão e gaita do disco, serve para aumentar a sensação de abismo entre o Dylan “das antigas” e este Dylan yuppie oitentista.

Especial Bob Dylan com Café

março 20, 2018   No Comments

Line-ups do Popload, Osheaga e Graspop

Sunfest, em West Palm Beach, Florida, EUA
De 03 a 06 de maio de 2018
Infos: https://www.sunfest.com/

North by Northwick Charlatans Festival, Inglaterra
De 10 a 20 de maio de 2018
Infos: https://fb.com/events/2075470149404492

Form Festival, Arizona, EUA
De 11 a 13 de maio de 2018
Infos: https://experienceform.com/

The Biggest Weekend, Reino Unido
De 25 a 28 de maio de 2018
Infos: https://www.bbc.co.uk/events/efj3v2

Graspop Metal Meeting, Bélgica
De 21 a 24 de junho de 2018
Infos: https://www.bbc.co.uk/events/efj3v2

Osheada Festival Music & Arts, Quebec, Canadá
De 03 a 05 de agosto de 2018
Infos: https://www.osheaga.com/en

Popload Festival 2018, São Paulo
15 de novembro de 2018
Infos: http://www.poploadfestival.com/

Confira o line-up de outros grandes festivais de música

março 19, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 26: Real Live

Bob Dylan com café, dia 26: “Infidels”, o café de ontem, é um belo disco que envelheceu de maneira ainda melhor, mas que a crítica da época, ainda descrente de Dylan devido à fase cristã, fez pouco esforço para entender. “É um disco tão empolgante quanto passar a noite numa lavanderia”, descreveu a Melody Maker. “Há muito que dizer sobre aposentadoria precoce”, provocou a Record Mirror. Com um grande disco incompreendido nas mãos, Dylan saiu em turnê sem Sly, Dunbar e Knopher, mas com Mick Taylor roubando a cena com solos em diversas noites.

Detonado amplamente desde o momento de seu lançamento, o registro da tour “Real Live” (que chegou às lojas em novembro de 1984) não é tão ruim quanto pintam, porém traz uma seleção de repertório tão equivocada que faz ter vontade de pegar quem decidiu a lista final de canções e lhe dar umas bifas. Cavalos de batalha óbvios (“Maggie’s Farm” cada vez mais metalizada; “Tangled Up In Blue” com letra alterada; a pior de todas as versões de “Ballad Of a Thin Man”; uma pálida “Tombstone Blues” que conta com a participação inaudível de Carlos Santana), apenas duas músicas de “Infidels” (“I and I” em excelente forma e uma boa revisão de “License To Kill”) e nada de curiosidade.

Para isso, a solução é ir atrás do excelente bootleg “Les Temps Changent – Bob Dylan Live in Paris 1984.07.01”, que traz o concerto completo na capital francesa. Através dele é possível confirmar que é nessa turnê que o Pato Donald substitui Bob Dylan na voz, que “Jokerman” (deixada de fora de “Real Live” sabiamente) não funcionou ao vivo (ainda que a versão no programa de David Letterman seja boa), que o arranjo de “Simple Twist of Fate” soa totalmente equivocado, mas que a inédita “Enough Enough” (nunca lançada posteriormente) merecia um espaço no álbum por sua raridade tanto quanto a cover de “Just My Imagination”, dos Temptations, e, principalmente, a linda “Every Grain of Sand”, único momento da fase cristã no show, e uma pérola emocional. “Dificilmente seria possível lançar um álbum ao vivo da turnê europeia de Dylan pior do que ‘Real Live’. A escolha das músicas é infeliz e das performances é ofensiva”, avalia Michael Gray, com razão. E é só o começo do fundo do poço para Bob. Calma que vem coisa pior pela frente…

Especial Bob Dylan com Café

março 18, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 25: Infidels

Bob Dylan com café, dia 25: A turnê de “Shot of Love” terminou em novembro de 1981 e Bob tirou 1982 para descansar (re)interessado em suas raízes judaicas. A melhor definição: “Ele é um judeu confuso”, disse um rabino. O bar mitzvah de seu filho Jesse aconteceu em Israel e a ex-Sara bateu lá a foto que estampa a capa (na parte interna original, Dylan visita o Monte das Oliveiras). Para o disco, buscando uma mudança radical, Bob tentou Frank Zappa para produtor e, diante da recusa, sondou David Bowie e Elvis Costello antes de efetivar Mark Knopfler na função ao lado dele e na banda que tinha “apenas” Sly Dunbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo) na cozinha, e o ex-Stones Mick Taylor voando nos riffs.

O resultado é “Infidels” (lançado em novembro de 1983), um dos dois discos definitivos de Dylan nos anos 80 (o outro será lançado em 1989). Uma polêmica cerca a versão final do álbum: Bob gravou tudo com Mark Knopfler, que fez uma pré-mixagem e precisou sair em tour com o Dire Straits, prometendo voltar para encerrar o trabalho. Bob não só não o esperou como regravou alguns vocais e mudou o tracking list final, deixando de fora canções que, a posteriori, se transformariam em ícones de bootlegs (o duplo “Outfidel Intakes (Power and Greed and Corruptable Seed” é o mais famoso – e facinho de achar). Com o mea-culpa, Bob Dylan: “Muitas das canções de ‘Infidels’ eram melhores antes de serem mexidas, e, é claro, foi eu quem mexeu nelas”.

Prejudicou o disco? Um pouco, mas nem taaaanto assim, ainda que seja um imenso pecado “Foot of Pride” (que Lou Reed recuperou no “The 30th Anniversary Concert Celebration Bob Dylan”) e “Blind Willie McTell” terem ficado de fora de um álbum que versa sobre um mundo à beira de uma catástrofe e como cada pessoa lidaria com o final dos tempos. O messias charlatão “Jokerman”, a obra-prima do disco, abre o álbum versando sobre como tolos (e o próprio Dylan) podem ser manipulados pela religião e por políticos populistas (no clipe repleto de referências, o então presidente Ronald Reagan encarna o personagem calhorda). “Neighborhood Bully” soa Velvet Underground enquanto a acusatória “License To Kill” questiona a arrogância dos homens através do imperialismo e sua predileção pela violência.

Certo dia, Bob encontrou Leonard Cohen para um café. “Quanto tempo você demorou para fazer ‘Hallelujah’?”, perguntou. “Alguns anos”, respondeu Cohen, que emendou: “E você fez ‘I and I’ em quanto?”. Dylan respondeu: “15 minutos”. E que baita canção. Mick Taylor sola lindamente em “Sweetheart Like You”, segundo clipe do disco, outro grande momento ao lado de “Don’t Fall Apart On Me Tonight”, ou o amor em tempos de cólera. Saca a cena de “Casablanca” em que Ilsa abandona Rick devido ao avanço do exército nazista e eles prometem “nós sempre teremos Paris”? É esse momento transformado numa balada com a gaita de Dylan fatiando o coração em pedacinhos bem pequenos e, na dúvida, deixando o bottleneck de Knopher refazer o mesmo serviço só para garantir. “Ontem é apenas uma lembrança. Amanhã nunca é o que deveria ser”, encerra Dylan.

Especial Bob Dylan com Café

 

março 17, 2018   No Comments

News: Arcade Fire, Kate Nash, BRMC

Kate Nash revela “Life In Pink”, primeiro single de seu próximo álbum, “Yesterday Was Forever” (2018), uma música que revela sua busca em estar feliz com seu próprio corpo. “Quero que as pessoas se divirtam ouvindo esse álbum e se sentindo confortável com quem são. Eu sei que tantas pessoas não são”, diz Kate. Assista ao clipe, fofinho como seus shows.

Quase três anos desde o lançamento do álbum “No Closer To Heaven”, The Wonder Years retorna com “Pyramids of Salt”, primeiro single de “Sister Cities”, o vindouro novo álbum. “É uma canção em torno do sentimento universal de ser impotente, de saber que não importa o quanto você ame alguém, você não pode curá-los ou mantê-los seguros”, explica o vocalista Dan Campbell. Assista!

Do Brooklyn novaiorquino, Genevieve Faivre surge à frente do Ladychild, combo indie rock com pitadas grunge que debutou com seu primeiro EP na semana passada (disponível no Bandcamp). Criada em Brewster, cidade a cerca de duas horas de Manhattan, Genevieve montou o Ladychild quando mudou-se recentemente para o Brooklyn, e decidiu apostar na carreira musical. Confira o clipe (e o EP).

“Echo” é o novo single do power trio Black Rebel Motorcycle Club. Presente em “Wrong Creatures”, oitavo disco do BRMC (lançado em janeiro), “Echo” é uma faixa lenta com nuvens psicodélicas sobrevoando o bonito arranjo. Confira!

“Money + Love” é um curta-metragem com direção de David Wilson baseado em duas canções do Arcade Fire que conta com a participação da atriz Toni Collette. A narrativa que se desenrola ao longo das performances completas de “Put Your Money on Me” e “We Don’t Deserve Love”. Assista!

Confira outros novidades

março 16, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 24: Shot of Love

Bob Dylan com café, dia 24 – “Slow Train Coming” fez sucesso; “Saved” fracassou; “Shot of Love” (lançado em agosto de 1981) teve um desempenho ainda pior do que “Saved”, o que soa bastante injusto. Para gravar seu terceiro disco evangélico, Dylan trocou de estúdio e produtores, além de mexer na banda (entram o guitarrista Danny Kortchmar e o tecladista de Tom Petty, Benmont Tench) e “Shot of Love” mantém a massa bruta gospel soul rock de “Saved” (em detrimento da elegância r&b de “Slow Train”), mas com uma produção mais acertada – dos três da fase cristã, talvez seja o que tenha envelhecido melhor. A faixa título abre o disco de forma bombástica e consegue cumprir o papel que “Solid Rock”, de “Saved”, apenas rascunhou em estúdio. Na letra raivosa, Dylan diz que “não precisa de um shot de heroína, não precisa de um shot de uísque” e sinaliza que a próxima mudança está próxima: “Minha consciência está começando a me incomodar”. PJ Harvey fez um bela versão no British Music of the Millennium Awards, em 1999.

Ringo Starr aparece tocando tom-tom e Ron Wood dá um show na guitarra do boogiezinho tex-mex “Heart of Mine”, uma deliciosa faixa menor que não fala em Deus, mas encanta. Já “Property Of Jesus” traz Dylan louvando o ato admirável da autonegação das religiões, um fato que não crentes não entendem (Por que deixar de consumir álcool? Por que deixar de usar roupas curtas? Por que deixar de praticar sexo casual?) e que Bob defende (e admira) como a força de um compromisso. Ele acusa zombadores e haters de terem um coração de pedra. Uma grande canção! Sinead O’Connor, fã dessa fase cristã, tomou para si essa canção e sempre a canta em shows. Chrissie Hynde também.

O álbum ainda traz o ótimo gospel “Watered-Down Love”, que fala sobre amor (e só isso!), o bluezaço “The Groom’s Still Waiting at the Altar” (que entrou no álbum posteriormente, numa segunda edição do disco), o reggae “Dead Man, Dead Man” (sobre Lázaro), o adeus comovente travestido de pedido de desculpas para Sara em “In The Summertime” e a obra-prima “Every Grain of Sand”, que Bruce Springsteen citou quando introduziu Dylan no Hall da Fama do Rock, em 1986, e que Sheryl Crow cantou no velório de Johnny Cash (“Sua família me escreveu dizendo o quão importante essa música havia sido para ele”, diz Sheryl. “Para mim, foi a primeira música religiosa a transcender todas as religiões”). Emmylou Harris gravou uma versão famosa, mas George Harrison a cantou, Norah Jones e Bon Iver também. Com um hino, Bob se despedia de sua fase cristã. Ele já começava a reclamar “da hipocrisia nas pessoas com as quais estava envolvido” e tinha voltado a cantar suas músicas pré-conversão nos shows. Os ventos da mudança estavam se aproximando.

Especial Bob Dylan com Café

março 16, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 23: Saved

Bob Dylan com café, dia 23 – Apesar do sucesso de vendas e do Grammy conquistado com “Slow Train Coming” (o café de ontem), grande parte da crítica, John Lennon e a maioria dos antigos fãs não recebeu muito bem a fase cristã de Dylan. E, como um bom provocador, o que ele fez? Foi lá e gravou um disco ainda mais evangélico! Resultado: fracasso imenso de vendas e o ódio ainda maior dos fãs antigos, que renegam “Saved” (lançado em junho de 1980) tal qual o demonho renega a cruz dizendo ser este o pior disco do homem. Amém, mas não é para tanto.

Ok, Deus continuou ao lado de Bob, porém o guitarrista Mark Knopfler e o baterista Pick Withers precisavam “cuidar” do Dire Straits, e a saída deles bastou para mudar o rumo do disco gravado no mesmo mítico Muscle Shoals Sound Studio com a mesma dupla de produtores do disco anterior, mas com Jim Keltner nas baquetas (o grande problema do álbum: ela soa gravada dentro de uma caixinha de fósforos!) e dois guitarristas que juntos não conseguiram fazer o que Knopfler havia feito sozinho (coitado do Spooner Oldham, organista que tocou “apenas” nos hits “Mustang Sally” e “I Never Loved a Man”, e aqui teve de assumir a guitarra junto a Fred Tackett). A banda saiu de uma intensa turnê tocando por quase três meses seguidos direto para o estúdio e parece ter sentido falta do clima de guerra dos shows já que Bob tentava catequizar a audiência nos intervalos das canções, não tocava NENHUMA MÚSICA dos seus discos judeus (ou seja, pré 1978; ou seja, nenhuma das músicas pelas quais ele ficou conhecido) e, claro, era constantemente vaiado (saudades de 66).

A capa é indefensável (único ponto para o “Dylan” 73), mas o repertório traz ótimas gospel songs que se não renderam no estúdio e soam apenas honestas, ao vivo ganham corpo e intensidade. Faça o teste: coloque-as ao lado das versões do recém-lançado “Bootleg Series 13 – Trouble No More” (há uma versão com 10 CDs – e três shows diferentes completos da época). “Saved” é um bom disco sim, mas padece de má-produção. Será Mark Knopfler um Deus? “He got the action / He got the motion / Oh yeah, the boy can play / Dedication, devotion”. Bem, Jokerman, isso é assunto para o café de depois de amanhã…

Especial Bob Dylan com Café

março 15, 2018   No Comments

News: Parquet Courts, Lola Marsh, Jule Vera

Lola Marsh é uma banda de indie-pop de Tel Aviv, Israel, que se destacou no Primavera Sound em 2014 e, pouco tempo depois, assinou um contrato com a Universal Music. “You’re Mine”, o primeiro EP, saiu em 2016. No ano seguinte foi a vez do álbum cheio “Remember Roses” chegar ao mercado. O single “Sirens” bateu a marca do um milhão de streams no Spotify e ficou em quinto lugar na lista de faixas mais virais nos Estados Unidos na época de seu lançamento. Agora o sexteto que tem à frente a vocalista Yael Shoshana Cohen e o guitarrista Gil Landau está lançando a versão ao vivo de “The Wind”, gravada no lendário Capitol Studios, em Los Angeles. Assista abaixo.

De Opelika, no Alabama, o quinteto Jule Vera mostra seu novo single. “A gente queria fazer algo divertido para o vídeo de ‘Bad Company'”, conta a vocalista Ansley Newman. “Queríamos evitar uma tomada séria sobre um relacionamento”. A saída foi convidar crianças para interpretar os integrantes da banda. “Eles nos trouxeram de volta a sensação de quando éramos crianças”, diz Ansley. Assista!

De Londres, novidade do Public Service Broadcasting! Lançamento exclusivo do Record Store Day, que acontece no próximo dia 21 de abril, a canção “People Will Always Need Coal” ganhou clipe. O vinil trará ainda remixes para os singles “Plaid”, “Nabihah Iqbal” e “Dark Sky”. Vídeo abaixo!

Do Brooklyn nova-iorquino e praticando “um punk rock de estádio com influências de Queen e Gary Glitter”, o quarteto The Tracys mostra seu novo single, a divertidíssima “People Scare Me”. No Bandcamp dos caras, inclusive, já tem single novo: “Your Team Sucks”. Confere lá.

O disco novo do Parquet Courts será lançado dia 18 de maio pela Rought Trade, e após mostrar “Almost Had to Start a Fight/In and Out of Patience”, o primeiro single, o grupo retorna agora com “Wide Awake”, uma faixa beeeeem… Talking Heads. O que será que vem por ai?

março 14, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 22: Slow Train

Bob Dylan com café, dia 22 – Era o fim de 1978. Um casamento de 12 anos que lhe deu quatro filhos (e ao menos uma obra prima: “Blood on The Tracks”) havia fracassado e, desesperado, Bob Dylan encontrou Jesus num quarto de hotel: “Havia uma presença naquele quarto que não poderia ser outra pessoa que não fosse Ele. Foi algo físico, senti meu corpo todo estremecer. A glória do Senhor me nocauteou e me levantou”, contou Bob sobre a experiência. Ele decidiu, então, tomar duas decisões: tirar o primeiro semestre de 1979 de “férias” para se converter ao cristianismo e estudar a Bíblia; e escalar Mark Knopfler para assumir a guitarra do álbum vindouro, afinal é importante ter Deus ao seu lado, mas ter um gênio da guitarra como garantia também ajuda. Bob havia visto o Dire Straits em Los Angeles em 1978, e convidou Mark e o baterista Pick Withers para gravar seu primeiro disco gospel no lendário estúdio Muscle Shoals, no Alabama.

Se você é daqueles que reviram os olhos quando ouvem alguém falar de Deus e fé, um aviso: “Slow Train Coming” (lançado em agosto de 1979) é um discaço (primo de “John Wesley Harding”, que era sobre… demônios). Bob diz que nasceu de novo após a conversão, e isso soa realmente verdadeiro, pois o trovador inquieto, o gênio cínico e o músico raivoso de outrora… morreu. Desapareceu. O Dylan que renasce neste álbum é o Dylan dos tempos modernos, mais cadenciado, R&B, classudo, com backings enfim no tempo certo, metais inspirados e a elegantíssima guitarra de Mark Knopfler uivando nas canções.

Sucesso de vendas (número 3 na Billboard), “Slow Train Coming” ainda rendeu um Grammy a Dylan pela música “Gotta Serve Somebody”, que incomodou tanto John Lennon a ponto do ex-beatle escrever a resposta “Serve Yourself”. Dylan “responde” tragicamente profético neste mesmo álbum: “Don’t want to shoot nobody, don’t want to be shot”.

Ainda que cristão, “Slow Train Coming” carrega o jeitão Dylan de ser e, dentre as citações da Bíblia, o Apocalipse goleia Paulo, Mateus e Genesis. “I Believe In You” é uma das canções mais lindas escritas para Jesus (e, de maneira universal, você também pode se pegar cantando para seu par: “I believe in you even through the tears and the laughter / I believe in you even though we be apart”). Mais sobre culpa do que sobre perdão, “Slow Train Coming” permitiu a Dylan renascer e seguir em frente se a(pro)fundando-se na religião, mas isso é assunto para o café de amanhã.

Especial Bob Dylan com Café

março 14, 2018   2 Comments

Dylan com Café, dia 21: At Budokan

Bob Dylan com café, dia 21 – Não se engane, você já leu isso antes nestes cafés matutinos: Bob saiu em turnê (em 1978) com uma banda recém-formada sem que houvesse (novamente) um disco para divulgar. A turnê começou no Japão em fevereiro e o álbum referido – “Street Legal” – foi gravado numa pausa da turnê em abril, após mais de 20 shows, e lançado apenas em junho. No Japão, a banda ainda estava “fria”, os arranjos precisavam de lapidação e o show como um todo necessitava de confiança, mas nada disso demoveu a Sony nipônica de lançar um disco duplo de Bob Dylan gravado ao vivo no país. Com um repertório greatest hits e arranjos disco reggae extremamente descompromissados, “Bob Dylan at Budokan” fez muita gente rir em 1978. Um crítico escreveu sobre a roupagem “Vegas” da canção “Shelter From The Storm”: “Talvez o sujeito que gritou ‘Judas’ em Londres tenha feito 12 anos antes do que deveria”. No entanto, o crítico se corrige na terceira faixa do lado A do vinil duplo: “Depois que o choque inicial passa e você se dá conta de que o objetivo deste álbum é estritamente divertir, as canções adquirem um charme próprio”. Não chego a tanto, mas valem muito as versões de “Maggie’s Farm” (com um toque oriental, ainda que não supere a versão ao vivo de “Hard Rain”), “One More Cup of Coffee” (com um jeitinho cubano), “Blowin’ The Wind” (baita arranjo), “Simple Twist of Fate”, “Forever Young” e “I Want You”, que perdeu seu caráter festivo e virou um drama. Elas compensam “Mr. Tambourine Man” com uma flautinha e um arranjo irritantes. Recém-separado da mãe de seus quatro filhos, Dylan estava perdido. A banda também estava perdida, mas as coisas iriam se acertar pouco a pouco na estrada (o bootleg “Bob Dylan: The Best Of The 1978 World Tour” mostra isso na prática, com a banda muito mais afiada no final da tour em novembro / dezembro), mas o que ficou oficialmente foram esses registros iniciais da turnê, que trocam o caos e o apocalipse por festa e entretenimento. Dylan seguiu (perdido) com a turnê e em novembro, em San Diego, encontrou no palco uma cruz de prata arremessada por um fã. Dois dias depois, em Tucson, esgotado e perdido e com a cruz de prata no bolso, encontrou Jesus num quarto de hotel. E isso é tema para o café de amanhã…

Especial Bob Dylan com Café

março 13, 2018   No Comments