Dylan com Café, dia 7: Blonde on Blonde
Bob Dylan com café, dia 7: Kris Kristofferson, que trabalhava como faxineiro no estúdio, disse que as sessões de “Blonde on Blonde”, lançado em maio de 1966, foram “as mais incriveis que vi em Nashville. Bob ficava horas no piano, compondo, enquanto os músicos jogavam cartas ou ping-pong”. Bob relembra: “Compus todas as canções no estúdio. Os músicos jogavam cartas. Eu escrevia, nós a gravávamos, eles voltavam para o carteado e eu ia compor outra”. O produtor retirou as divisórias acústicas entre os músicos para que todos ficassem no mesmo ambiente, estabelecendo contato visual e tocando ao vivo. Em pouco tempo, a “banda” era uma turma que juntava descolados de Nova York e caipiras de Nashville – passaram a comer juntos, fazer intervalos juntos e a se divertir. Dylan fez questão que todos recebessem créditos individuais na capa.
O resultado, sublime, foi “Rainy Day Women # 12 & # 5” (gravada às 4 da manhã com todo mundo calibrado), “Visions of Johanna” (cujo embrião nasceu no Chelsea Hotel), a pérola pop “I Want You” (inspirada na musa Edie Sedgewick e no “rival” Brian Jones), “Leopard-Skin Pill-Box Hat”, “Just Like A Woman” (outra para Edie) e a maravilhosa “Stuck Inside of Mobile With The Memphis Blues Again”, que enlouquece tanto Jeff Tweedy (“É como uma bateria que se carrega sozinha”) quanto Frank Black (“É uma canção com muita alma, mas quanto mais a ouço sempre volto para aquela bateria matadora”), quanto todos nós (“but deep inside my heart / I know I can’t escape”).
Sétimo álbum de estúdio de Bob Dylan, “Blonde on Blonde” encerrou a trilogia de álbuns de rock que mudaram a carreira do compositor e, também, a própria música pop. 12 anos após seu lançamento, Bob comentou: “O mais próximo que cheguei do som que ouço dentro da minha cabeça foi com ‘Blonde on Blonde. É algo dourado e brilhante”. Segundo o biográfo Michael Gray, “Dylan fez uma obra-prima, depois outra e mais essa outra”, sobre seus três álbuns de rock do período. Presente em várias listas de melhores discos de todos os tempos, este poderoso álbum duplo “Blonde on Blonde” é um dos pontos mais altos da carreira de Bob Dylan, musicalmente liricamente. Até hoje…
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