2/7 canções: My Secret is My Silence
Publicado no Facebook em 2015
Canção número 2/7 do desafio proposto pelo amigo Carlos Freitas e estendido pela queridíssima Adília Belotti. O esquema é aquele de corrente com uma música por dia durante sete dias. Segundo as normas, eu teria que marcar uma pessoa por dia, mas vou quebrar a regra e marcar uma, duas ou três no post final. Aperte o play e Segue o jogo:
“Não sei se é o tempo chuvoso que me faz sentir melancólico, os tropeços constantes da vida, as decepções com o mundo ou tudo junto, mas a segunda canção (2/7) que escolhi é uma indie folk song perfeita para sonorizar esse momento. O cantor Roddy Woomble é mais conhecido à frente do Idlewild, um grupo que soava – nos primeiros discos – como um Smiths passado pelo furacão grunge, nada que chamasse tanta atenção até o quarteto parir “The Remote Part”, terceiro disco da carreira da banda, e sinal de maturidade e bom gosto musical dos escoceses.
Paralelo à carreira com o Idlewild, Roddy Woomble mantém uma trajetória solo admirável fincada no folk. Seu primeiro disco, “My Secret is My Silence” (2006), entrou na minha lista pessoal de Melhores Álbuns dos Anos 00, e a faixa título tem o poder de fazer meu coração bater mais devagar num espaço tempo totalmente particular. Desde a primeira vez que a ouvi ela me remete a trilha sonora de “Gangues de Nova York” (2002), de Scorsese, ao maravilhoso “The Seeger Sessions”, que Bruce Springsteen lançou também em 2006, e a lendária caixa de discos “Anthology of American Folk Music”. Está tudo aqui: a chuva, o vento, a melancolia de uma ilha europeia afundada em um inverno aparentemente interminável.
Talvez seja isso que me conecta com Roddy Woomble, a aparente infinitude da melancolia. Ao falar sobre “Sadness”, uma canção empolgante que abre o primeiro disco do Porno For Pyros, Perry Farrel dizia que a felicidade era boa apenas por uma hora (parafraseando de modo meio torto e sem querer Vinicius de Moraes), e ainda que seja óbvio que o inverno (europeu) tem fim e que a melancolia, como num passe de mágica, de uma hora para outra desaparece, o “estar melancólico” parece eterno, tal qual o inverno, tal qual essa canção em que “your sadness tastes like whisky and my body breathes the same”.
Duas outras coisas que essa canção me lembra: num hostel de Glasgow, certa vez, puxei conversa com um carinha inglês – com cara de nerd e não mais que 20 anos – no quarto. Ele ia ao mesmo festival que eu (a saber, o T In The Park), pois era “big fan” do R.E.M., mas tinha planos para os outros dias: “Vou fazer um tour de golfe pelas highlands”! Nunca me esqueci disso (essa também é uma canção sobre as highlands, verdadeiras e metafóricas). E outro dia fiz uma conexão do verso “I’m sick of living in these buildings / That were built in blood and rain” com o “vem morar comigo nesse apartamento / estamos uns sobre os outros / e temos satisfação”, de Wado em “Pavão Macaco”. Não é a toa que ando sonhando com fazendas e roças… “to find your way home”. ”
Ps1. A sonoridade da versão oficial, do disco, é mais cheia e robusta (compare aqui: https://goo.gl/wyZj1M), mas o poder de ver a canção me atrai.
Ps2. Roddy: “My Secret Is My Silence” é sobre o que nós não dizemos”. http://goo.gl/3TjF20
Ps3. “Bob Dylan, Martin Scorsese e a História Universal” (http://goo.gl/U2m7s2)
Ps4. Coisas surreais de viagem: (http://goo.gl/dSZR7z)
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