Posts from — junho 2015
Julio Reny: Histórias de Amor e Morte
“O livro é fruto de mais de um ano e meio de intensivas entrevistas – “psiquiátricas”, melhor dizendo – com o Julio Reny. É todo em primeira pessoa (ao contrário da maioria das biografias que se lê por aí, que são em terceira pessoa), o que exigiu do biógrafo um verdadeiro exercício de estilo e de paráfrase em sua consecução. Aborda a vida do Julio desde o nascimento até os dias de hoje, passando por suas atuações fora da música (foi ator de teatro e de cinema – em filmes geracionais como Deu Pra Ti Anos 70 e Verdes Anos – e, também, radialista na finada Ipanema FM, onde produziu radiofônicos que marcaram época, como o Rádio Cool e o Negras Melodias); e, na música, onde teve bandas como Um Canção Nas Trevas (sua primeira), Expresso Oriente, Guitar Band, Cowboys Espirituais e Irish Boys. Na biografia, Julio conta, sem pudores e papas na língua, a respeito de sua drogadição e alcoolismo e, ainda, revive fatos dolorosos de sua trajetória, em especial a morte trágica de sua primeira mulher, a produtora de cinema e teatro Jaqueline Vallandro, autora de seu hit maior, “Amor & Morte”. Julio também fala de seu pesar por, na década de 80, durante o “boom” do rock gaúcho e brasileiro, ter, como ele diz, perdido a “corrida das gravadoras”, o que lhe condenou a eternamente ser um artista maldito – como ele mesmo se autodefine, um outsider. São mais de 20 capítulos – os quais levam o nome de canções emblemáticas de sua obra – entremeados por depoimentos de personagens importantes de sua trajetória, como Carlos Eduardo Miranda, Edu K, Carlo Pianta e de sua filha com Jaqueline, Consuelo Vallandro. A biografia é franca de doer:o Julio, de fato, não esconde nada e não se poupa em momento algum. Escolhi biografá-lo porque, desde a época de Gauleses Irredutíveis (ele foi o primeiro a ser sabatinado entre os 167 que dão seu depoimento ao livro), quando fiquei impressionado com o vulto histórico do sujeito a minha frente, principalmente com as heroicas (e, mais uma vez, psiquiátricas) histórias que envolveram a sua concepção. Aquele encontro há mais de uma década ficou latente, até o dia (2013) em que resolvi lhe procurar e propor fazer a biografia. No princípio, ele, que não gosta de falar sobre o seu passado, por conta das dores que lhe acarreta, não estava muito empolgado, mas depois foi entrando no clima definitivamente e, por fim, desaguou o verbo. Meu feeling jornalístico me dizia que eu tinha ali um personagem excepcional em sua história de vida e na arte – e esse feeling, pra minha satisfação, cumpriu-a inteiramente”,
Cristiano Bastos.
junho 30, 2015 No Comments
O primeiro ap que morei em São Paulo
Quando voltei a morar em São Paulo, em 2000, esse foi o primeiro prédio que morei, esquina da Dr. Arnaldo com a Cardeal ArcoVerde, abrigado de favor na casa de um bom amigo do interior que havia vindo pra capital um ano antes de mim (Gu, um eterno obrigado). De lá pra cá, se não perdi a conta, já passei por nove apartamentos em São Paulo! É a velha frase “já morei em tanta casa que nem me lembro mais”. No Instagram brincaram: “Parece uma caixinha de leite do Blur!”. E parece mesmo! risos. As lembranças que tenho desse apartamento são que o celular só pegava no corredor próximo do elevador (bastava entrar no ap que perdia o sinal, devido as várias antenas de rádio e TV na proximidade), que eu acordava às 5h20 da manhã para pegar o ônibus Socorro na esquina debaixo para chegar ao iG às 6h e que era um frio assustador (cheguei no meio do inverno, e desde então esse foi o meu inverno mais frio em São Paulo) e que a turma do CardosoOnline “morou” alguns dias ali (haha). Essa foto abaixo foi tirada pelo Marcelo Mim nesse ap para uma reportagem da Folhateen sobre escritores de cultura pop (eu dormindo numa cama de CDs montada na sequência do colchão improvisado no chão). E lá se vão 15 anos…
junho 27, 2015 No Comments
Entrevista: Conexão Cultura
“DJ e degustador de cervejas, o jornalista Marcelo Costa conversou com a gente no “Conexão Cultura” nesta quinta-feira (25). Editor de um dos maiores sites do segmento no Brasil – o Scream & Yell -, o jornalista e Jumper, falou sobre o início do blog, produção de conteúdo on-line, além do impacto que os sites e blogs de cultura pop causam no cotidiano dos brasileiros. Marcelo foi um dos responsáveis pela indicação do Terruá Pará na premiação da associação paulista de críticos de arte (APCA), e também comentou os lançamentos da música paraense e finaliza com uma listinha dos melhores do ano.” Conexão Cultura, Rádio Cultura, Belém, PA.
junho 26, 2015 No Comments
Uma playlist e um texto sobre Galveston
Badalado pelo sucesso da série “True Detective”, o criador, roteirista e escritor Nic Pizzolatto tem seu primeiro romance, “Galveston” (2010), lançado agora no Brasil, e fãs da série vão encontrar muita coisa em comum (e bacanas) entre o roteiro e o livro. Eu ainda não tinha assistido a série, e mergulhei nos oito episódios em três dias. Na sequencia, devorei o livro, e as duas narrativas soaram irmãs em vários aspectos. A pedido da editora Intrínseca escrevi sobre “Galveston” e meu foco foi na fixação de Pizzolatto pelos fracassados e um tipo meio torto de redenção: os personagens passam uns mal bocados antes de ter algo tátil para faze-los sorrir, ainda que este algo esteja muito distante do padrão romantizado de Hollywood, porque Pizzolatto fala de um outro Estados Unidos em “True Detective” e “Galveston”, ele fala do Texas e da Louisiana. Assim como fiz quando escrevi (aqui) de “Circo Invisível”, primeiro romance de Jennifer Egan, preparei uma trilha sonora inspirada em alguns artistas citados no livro. Se no “Circo Invisível” de Egan, a sonoridade começava no flower power e terminava no punk, em “Galveston” ela é totalmente country sulista de boteco. Leia o texto sobre “Galveston” aqui.
01 – Billy Joe Shaver – “Good Ol’ USA”
02 – Roy Orbison – “Uptown”
03 – Glen Campbell – “Lovesick Blues”
04 – Conway Twitty & Loretta Lynn – “Louisiana Woman, Mississippi Man”
05 – Hank Williams – “Lost Highway”
06 – Willie Nelson – “I Gotta Get Drunk”
07 – Johnny Cash – “I Walk the Line [Alternate Take]”
08 – Merle Haggard – “The Fugitive”
09 – Loretta Lynn – “Trouble In Paradise”
10 – Waylon Jennings – “Just To Satisfy You”
11 – Billy Joe Shaver – “When Fallen Angels Fly”
12 – Patsy Cline – “Poor Man’s Roses”
13 – Roy Orbison – “Love Hurts”
junho 24, 2015 No Comments
Dez links
– Tributo a Milton revela mina d’água para o rock brasileiro (aqui)
– Cinco artistas que influenciaram o disco de Jair Naves (aqui)
– Tombo e turnê cancelada: a carta de Dave Grohl (aqui)
– Drugstore: Isabel Monteiro morando em São Paulo (aqui)
– Por que não escutamos mais música latina? (aqui)
– André Forastieri: “Acredite: um livro pode mudar sua vida” (aqui)
– Um passeio pelos cafés de São Paulo (aqui)
– Mostra em SP exibirá 25 filmes de Francis Ford Coppola (aqui)
– Rene Ferri relembra a história da loja Wop Bop (aqui)
– Programa Som do Vinil ganha site com entrevistas e livros (aqui)
junho 19, 2015 No Comments
Download: Revista Outros Críticos
Aproveitando o lançamento do segundo ano da publicação Outros Críticos, projeto de crítica cultural recifense, equipe libera para download gratuito e leitura on-line todas as seis edições da revista lançadas em 2014. Recomendo muito. Quem quiser as versões em papel pode comprar diretamente na lojinha deles. Quem quiser baixar ou ler online é só clicar aqui.
junho 15, 2015 No Comments
Dez links
– No Guardian: “CD reinou, mas agora está morrendo” (aqui)
– “Streaming aumenta consumo, mas diminui fãs (e shows)” (aqui)
– Eduardo Vicente: “Música virou serviço em vez de objeto” (aqui)
– 10 razões para amar Sharon Van Etten (aqui)
– 10 anos de “As Vezes Céu”, do OAEOZ (aqui)
– 11 discos colombianos que completam 20 anos em 2015 (aqui)
– Lisboa, Menina ou Moça: ensaio de Ana Bacalhau (aqui)
– Primavera Sound, em Barcelona, gera catarses sonoras (aqui)
– Bruno Capelas lista os melhores hambúrgueres de SP (aqui)
– “Oliveira vendia cópias piratas de filmes cult, mas…” (aqui)
junho 11, 2015 No Comments
Discutindo a cena musical paulistana
Respostas para Natalia Albertoni (12/2014) para o Guia da Folha
Você ouviu muita coisa nova esse ano? Quais foram os destaques de 2014?
90% do que ouvi este ano é novo, e o fato de rodar vários festivais independentes me apresentou a muitas novidades. Gostei demais do Far From Alaska, de Natal, tanto em disco quanto no palco. E acho que a ficha do Boogarins finalmente caiu pra mim: é preciso vê-los em lugares minúsculos e com bom som, isso valoriza o som deles. O disco solo da Juçara Marçal é algo indescritível. A estreia da Banda do Mar, uma boa surpresa.
Tem apostas para quem vai acontecer em 2015?
Sou péssimo em apostas, mas acredito que a radicalização de bandas como Cérebro Eletrônico, Mombojó e Charme Chulo deverá se ampliar. Essas três bandas, inteligentes que são, descobriram que o mercado é do tamanho de um saco de pipoca, e que se elas fizerem um disco magnificamente pop ou um álbum absurdamente doido, vão alcançar o mesmo público. Isso dá liberdade, e quem souber lidar com a liberdade poderá construir algo especial. De resto, programas de TV vão despejar um monte de artistas ruins no mercado, mas isso acontece todo o ano.
Quais são as melhores casas para conhecer novas bandas?
Estou em um momento de paixão por festivais, então acredito que quem quer conhecer bandas novas tem que ir atrás de festivais como Se Rasgum, de Belém, DoSol, de Natal, Casarão, de Porto Velho, El Mapa de Todos, de Porto Alegre, Transborda, de Belo Horizonte, Coquetel Molotov, de Recife, e Bananada e Noise, de Goiânia. É incrível o nível de qualidade que estes festivais alcançaram, e quem tiver cabeça aberta poderá descobrir coisas especiais.
Porém, não é preciso sair de São Paulo não (a ideia de sair é também conhecer outras cidades, outras pessoas). O Espaço Puxadinho da Praça, na Vila Madalena, já alcançou a marca de mais de 500 shows autorais. 500!!! E a maioria dos paulistanos não conhece sequer 1% destas bandas. A Casa do Mancha é também outro espaço agradável para se conhecer o novo. Um local que entrou no roteiro da agenda de novos artistas é a Sensorial, na Rua Augusta, mas do lado dos Jardins. Tem muita coisa sensacional acontecendo naquele espaço. Mais três lugares para favoritar e ficar atento às agendas: Beco (e o projeto Beco Antes), Da Leoni (e o projeto Noites Café com Leche) e o Centro Cultural Rio Verde. E, acredite, há mais que isso.
Identifica algum problema nessa cena paulistana? Ou vai muito bem, obrigada?
Não vejo problema com a cena, mas com o público: há produção farta (de discos, shows, eventos), mas falta público, falta que as pessoas descubram, que a informação chegue a elas. Será que é dever do artista preparar o almoço, servir, colocar a pessoa na mesa, a colher na boca dela e, de alguma maneira (movimentando sua mandíbula?) ajuda-la a mastigar? Não sei. Há muita música boa sendo produzida em São Paulo e há pouco público. Paralelamente, o show da banda Malta, que é uma porcaria, deve estar cheio. Será possível identificar o problema?
junho 3, 2015 No Comments