Três canções memoráveis
Uma amiga, a Letícia, me marcou numa corrente no Facebook pedindo para que eu publicasse durante três dias seguidos uma canção memorável. Ok, a primeira que escolhi foi “A Design For Life”, do Manic Street Preachers, mas não na versão do álbum (homônimo de 1996) e sim o remix maravilhoso do Apollo 440, que com o nome de Stealth Sonic Orchestra assinou diversos remixes orquestrais para o Manics (destacando ainda “Everlasting”, “Motorcycle Emptiness” e “Everything Must Go”).
“A Design For Life” foi o primeira canção escrita após o desaparecimento de Richey Edwards e destaca uma letra fortíssima. O título foi inspirado no nome do primeiro EP lançado pelo Joy Division, “An Ideal For Living” (1978) e a letra abre com duas importantes citações: “As bibliotecas nos deram poder” é uma frase escrita no topo da antiga biblioteca de Pillgwenlly, em Newport, na Inglaterra; “Então o trabalho veio e nos fez livres” é um slogan alemão que decorava a entrada dos campos de concentração.
Segunda da lista, “So Broken” foi escrita por Björk em 1996 durante as sessões para o que viria a ser o álbum “Homogenic” (1997), um busca pessoa por algo menos eletrônico. A inspiração para a canção foi a morte de seu stalker, Ricardo López, que após enviar uma carta-bomba para a casa da cantora (interceptada pela polícia metropolitana de Londres), filmou seu próprio suicídio. Abalada em sua casa, Björk imaginou-se como protagonista em uma novela espanhola e compôs “So Broken”…
A versão original foi gravada em Málaga, na Espanha, e acabou ficando de fora do álbum “Homogenic”, posteriormente sendo inclusa na versão japonesa do disco (surgiu também como lado b do single e EP “Jóga”, lançado em setembro de 1997). Essa versão ao vivo no Jools Holland (com o violonista espanhol Raimundo Amador, que gravou a original, acompanhado de João Luiz Rodriguez) é grandiosa e impactante por ter o componente visual, mas ainda assim não alcança o brilho da memorável versão original.
Pra fechar o trio de canções memoráveis em três dias, escolhi o provável melhor momento que vivi como espectador diante de um artista executando uma canção. Aconteceu em 2005, quando Elvis Costello baixou em São Paulo (como uma data extra de sua escalação para o Tim Festival, no Rio) para um show único e, pouco se fodendo pro público que estava nas mesas (algumas pessoas, de costas para o palco), chamou a galera das laterais pro gargarejo e fez um daqueles shows que vão ficar na memória.
A grande estrela da apresentação foi “I Want You”, música lançada no álbum “Blood & Chocolate”, de 1986, e ao vivo se transforma em um poderoso blues metalizado, com longos solos e algumas citações. Naquela noite, Costello citou U2 (”Ever Better The Real Thing”) e Beatles (”Happiness Is A Warm Gun”). Dá para se ter uma ideia pela versão estraçalhante que ele tocou no Rio (vídeo abaixo). Uns bons pares de anos depois tive o prazer de reouvir a execução no Royal Albert Hall e espero poder esbarrar com ela mais algumas vezes na vida…
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