Europa 2014: Paris e o Chateau Versailles
Ao contrário da correria da ida, a saída de Saint Malo para Paris foi a mais sossegada possível. Trem para Rennes, dali para a Gare Du Nord, hotel e bora bater pernas na capital parisiense porque temos pouco mais de um dia e meio em uma das cidades mais lindas do mundo (sendo que praticamente o dia todo seguinte será gasto no Chateau Versailles). Decidi então dar uma olhada na FNAC do Forum Les Des Halles, uma loja de três andares subterrâneos com muita coisa bacana nas gôndolas.
Ainda assim, essa foi a primeira vez que a mala voltou com mais cervejas pra casa do que CDs/Discos. E olha que a seção de vinis desta FNAC s é um sonho enlouquecedor (e empobrecedor). E tem quase tudo. Os três primeiros CDs remasterizados do Led Zeppelin, que estão custando entre R$ 100 e R$ 110 no Brasil, em Paris custam R$ 50. Na verdade, o vinil triplo do “Led 1? custa R$ 110, o vinil duplo do “Led II” tá saindo por R$ 50 e o duplo do “Led 3?, R$ 70. Ou seja, é mais barato comprar vinil na Europa do que CD no Brasil…
Paris é uma das cidades que nunca se esgotam no mundo: você pode ter ido x vezes, e sempre terá coisas novas a fazer. No meu caso, essa foi a quinta passagem pela cidade, e além de fazer ficar em um novo bairro e fazer coisas novas, há a vontade de repetir alguns passeios, o que os imensos cartazes do L’Orangerie, meu museu preferido na cidade, dentro dos metrôs atiçam ainda mais o desejo. Mas o tempo é curto e é preciso se resguardar porque Versailles, dizem, exige bastante das pernas, e estamos no fim da viagem. Melhor descansar.
Acordamos cedo no domingo e partimos para o Chateau Versailles e em um dos blogs que peguei dicas o aviso era claro: no verão não há como fugir dos turistas (e você é um), então relaxe porque Versailles lota… todos os dias. Isso já ficou claro no trem para o subúrbio (o Chateau fica a 9 quilômetros do centro), lotado. E se repete nos portões na chegada aos portões, um formigueiro de gente de todos os cantos do mundo que, de tudo que já visitei até hoje, só se compara ao Vaticano.
Uma das vantagens do Chateau Versailles é que a extensão da área, com cerca de 700 hectares de jardins, dispersa bem a galera, embora nas primeiras horas do dia, a entrada no Chateau seja um desafio que exige paciência. O guia do setor de turismos nos aconselhou: “Deixe para visitar o castelo na parte da tarde. Conheça os jardins e os domínios de Maria Antonieta antes”. E foi o que fizemos. Há tíquetes separados para todas as áreas, mas escolhemos um que nos dava acesso às três áreas, e lá fomos nos “viver um dia de rei”.
Construído pelo rei Luís XIV a partir de 1664, o Chateau Versailles foi residência real de 1682 a 1789, quando a família real foi expulsa pelos cidadãos no auge da Revolução Francesa – parte da mobília foi tomada pelo povo enquanto quadros, como a “Mona Lisa”, foram enviados para o Museu do Louvre. Símbolo da opulência de um sistema que tinha os dias contados na França, o Chateau Versailles é uma daquelas obras marcantes (há tanto dourado nos quartos que a visão se embaralha) que exemplificam a distância entre a burguesia e o povo.
Os jardins são um deslumbre. Criados por André Le Nôtre, o jardim se divide em várias alas, cada uma delas com uma obra de arte e diversas fontes. O centro do parque é tomado por um impressionante Grande Canal de 1670 metros de extensão, criado para regatas, jogos e diversões da corte. É possível (e recomendável) alugar um barco (por 16 euros a hora) e remar no canal num dos passeios divertidos do chateau. Há também trens dentro do parque que fazem um percurso rápido entre as obras, bicicletas e pequenos carros (todos pagos).
Há tanta coisa para se fazer em Versailles que recomendo uma lida no Conexão Paris, mas, sem dúvida, o castelo é o obrigatório (se você ficou o dia todo lá, andou, almoçou, cansou as pernas e pensou: “Vou dar cano no castelo”, desista. Vale a pena). A Galeria dos Espelhos é o grande momento, mas há nas outras salas dezenas de obras de arte e do cotidiano real que ajudam a entender (e questionar) a monarquia (incluindo um quarto em que a rainha fazia o processo de parto diante do público, para que eles se certificassem do filho real!).
Fim de passeio, fim de viagem. Uma botecagem à noite para se despedir de Paris (e de toda viagem), arrumar as malas (que se multiplicaram e devem chegar, juntas, a 100 quilos) e descansar porque a segunda prometia ser cansativa. Decidimos reservar um translado do hotel (38 euros por cabeça) para o aeroporto, e essa foi uma das decisões mais sabias que já tive em um final de viagem: não arrastar as malas pelo metrô até o aeroporto Charles de Gaule foi um alívio. Dessa vez foi rápido, mas volto com calma, podexa Paris.
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