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Festivais: Øya, em Oslo (Dia 2)

Texto: Marcelo Costa
Fotos: Liliane Callegari (veja galeria)

O segundo dia do Øya Festival começou bem cedo: às 10h, a produção do festival colocou toda a imprensa estrangeira em um barco e os enviou para uma casa comunitária próxima de um pequeno fiorde. Ali, em meio a churrasco (de salsicha), cerveja e frutas, o pessoal do Øya promoveu jogos e debates interessantes além de liberar a galera para pular na água. A comitiva francesa não decepcionou, os ingleses se divertiram (e divertiram a galera), os japoneses ficaram olhando, os suecos não pensaram duas vezes, os norte-americanos fizeram que não era com eles e apenas metade da equipe brasileira (a fotógrafa) encarou a água fria.

Enquanto isso, dentro da casa, uma mesa formada por quatro franceses (dois bookings, um representante de selo e uma representante de major) e mediada por uma norueguesa discutia os rumos futuros da nova música escandinava. O ponto de partida era o sucesso da música local na França, um país cuja lei determina que 40% do que toca em rádio tem que ser cantado na língua francesa. Muito se discutiu, e algumas coisas valem para o mercado brasileiro: o pessoal ressaltou a importância das majors francesas investirem em novos talentos e, principalmente, das bandas encontrarem “sua família”, o seu verdadeiro público.

Já na área do festival, Bill Callahan (que começava aqui sua nova turnê europeia) surpreendia a todos ao abrir seu show com “The Wheel”, faixa de sua ótima estreia solo, “Woke on a Whaleheart”, de 2007, e emendar, para felicidade geral, com “Let Me See the Colts”, do último álbum do Smog, “A River Ain’t Too Much to Love” (2004). “Spring”, do ótimo “Dream River” (2013) apareceu em versão mais encorpada (Callahan surgiu acompanhado de uma segunda guitarra, bateria e baixo) e o set list caprichado ainda trouxe “Javelin Unlanding”, “Seagull”, “Winter Road” e “One Fine Morning” num belo show que lotou a grande tenda Sirkus.

No palco principal, uma multidão aguardava Janelle Monáe, e quando um MC de sua banda a trouxe amarrada para o palco (todo decorado nas cores branco e preto), a galera foi ao delírio. A menina é um estouro em cena: ela dança (muito), canta (bastante) e ainda faz alguns raps. Com o público nas mãos, distribui hits colados um nos outros, mantendo a adrenalina do público (muito maior neste horário do que no dia anterior) em alta. Uma pena que a guitarra estivesse inaudível (o baixo, por sua vez, parecia duas vezes mais alto do que o normal), mas ainda assim Janelle deixou o festival aplaudidíssima.

Um giro pelo festival permitiu descobrir o local em que as boas cervejas são vendidas: se o copo da Ringnes, a cerveja oficial do Øya (uma pilsen tradicional meio sem graça, mas que cai muito bem neste dia de sol de verão escandinavo), custa cerca de R$ 29, uma long neck de Brooklyn, Leffe ou Guinness sai por R$ 35. Melhor se hidratar com água, né mesmo. No quesito comida, hambúrgueres, fish & chips, tortilhas mexicanas, jambalaya e outros quitutes eram vendidos entre R$30 e R$ 40. Enquanto isso, o Little Dragon mostrava seu som genérico no palco Vindfruen e o Thulsa Doom fazia muito barulho por nada no palco Hagen.

Grande atração do dia, e um dos principais nomes do line-up 2014 do Øya Festival (e uma das principais turnês do ano), o Outkast causou uma catarse coletiva no Tøyen Park, com a lourada escandinava (de crianças até senhoras) cantando e dançando hip hop como se tivesse nascido no Bronx. Ninguém reclamou dos 25 minutos de atraso. Assim que o DJ (o palco ainda trazia uma baixista e duas backings) soltou a base de “B.O.B.”, Big Boi (de bermuda e camisa colorida) e Andre 3000 (de peruca cinza, todo de preto com uma camiseta onde se lia: “Loners Get Lonely Too”) adentraram o recinto e tomaram conta da festa.

Com a maior parte das canções na ponta da língua, o público escandinavo não decepcionou acompanhando no gogo “Gasoline Dreams” quase inteira e arremessando copos de cerveja (de R$ 30 – para nós, brasileiros) para o alto. O clima seguiu quente música a música (o set list é exatamente o mesmo em toda a turnê) culminando no já tradicional momento de “Hey Ya”, em que dezenas de pessoas retiradas da plateia sobem ao palco para dançar com a dupla. O alto astral da apresentação fez a arena do Øya Festival viver um momento especial, um daqueles shows com pinta de inesquecível para o público local. Bonito de ver.

O festival segue nesta sexta-feira com mais de 20 shows. Bora!

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Europa 2014: Diário de Viagem

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