Posts from — abril 2014
Europa 2014: 1º rascunho de viagem
Lá vamos nós de novo: eis o primeiro rascunho da viagem europeia 2014, que conta com duas cidades pelas quais passei em 2013, mas a ideia dessa viagem é levar Lili a lugares que ela ainda não conhece (Amsterdam inclusa). No meio do caminho estão dois baita festivais bacanas, com atrações especialíssimas. Quem sabe…
31/07 – Estocolmo
01/08 – Estocolmo
02/08 – Estocolmo
03/08 – Estocolmo
04/08 – Estocolmo
05/08 – Oslo
06/08 – Oslo – Oya Festival
07/08 – Oslo – Oya Festival
08/08 – Oslo – Oya Festival
09/08 – Oslo – Oya Festival
10/08 – Amsterdã
11/08 – Amsterdã
12/08 – Amsterdã
13/08 – Amsterdã
14/08 – Hasslet – Pukkelpop
15/08 – Hasselt – Pukkelpop
16/08 – Hasselt – Pukkelpop
17/08 – Paris
abril 28, 2014 No Comments
A exposição da Lili na Sensorial Discos
Em janeiro deste ano, Renata Simões me procurou querendo bater um papo sobre a lista de melhores do ano do Scream & Yell para seu programa, o GPS, na Oi FM. Sugeri que a conversa fosse na Sensorial Discos, na Augusta, porque eu ainda não tinha conhecido a nova casa da loja, que durante anos funcionou na Galeria Presidente, no centro de São Paulo. Em sua nova versão, a Sensorial trabalha com vinis novos (apenas novos), CDs, revistas, livros e ainda mantém uma geladeira repleta de cerveja boa e um agradável café. Parecia o lugar perfeito para um bate papo sobre música.
Após conversar com a Renata encontrei o Carlos, um dos donos da loja (e baixista da Continental Combo), e começamos a conversar sobre o ambiente. Lembro que elogiei uma exposição de cartazes que estava no local, e Carlos comentou que ela já estava chegando ao fim, e que eles não tinham nada na agenda para o próximo mês. A ideia veio fácil e rápida: por que não fazermos uma exposição com as fotos da Lili aqui? Carlos topou na hora, e só pedi um tempo porque tinha que conversar com ela, além de que montar uma exposição não é da noite para o dia (como descobriríamos).
Como uma adorável taurina, Lili é docemente insegura em relação a várias coisas, mas não sobre suas fotos. Animou-se na hora em que falei da exposição, e começou a planejar. Lili fotografa shows para o Scream & Yell desde 2006, quando começou a clicar com uma Canon Power Shot portátil, que seria trocada ano a ano até ela encontrar sua fiel companheira, uma Canon 5D, que também serviu para acalmar as necessidades que afloraram após os vários cursos que ela fez nesse meio tempo, e que permitiram que ela conseguisse traduzir o que queria em imagens (houve momentos em que ela queria mais do que a câmera que ela tinha podia).
O primeiro passo foi escolher as fotos e ela separou um lote de cerca de 60 imagens, das quais sobraram 11 – mais quatro do Lollapalooza 2014. No processo ficaram para trás várias imagens de que eu, particularmente, gosto muito. De Fernanda Takai a Ben Harper, de Chuck Berry a The National, de Spoon a Los Piratas, de Pato Fu a Vaselines, e Autoramas, Black Mountain, Matt & Kim, Jens Lekman, Franz Ferdinand, Charme Chulo, Romulo Fróes, Clã, Nando Reis, Jair Naves, Mallu, RATM, Cérebro Eletrônico, Josh Rouse, Pixies, Otto, Vampire Weekend, Lulina, Rogério Skylab, Jorge Ben, Public Enemy, Cee Lo Green, TV on The Radio, Wander Wildner, Band of Horses, Suede, Bonde do Rolê, QOTSA, Flaming Lips, Alabama Shakes, Planet Hemp, Black Keys, Apanhador Só, Julian Casablancas…
Na hora de imprimir, Lili optou por uma Impressão Fine Art em papel 100% algodão Photo Rag da Hahnemühle, um papel com certificado de autenticidade e garantia de até 200 anos. E lá fomos enquadrar e pendurar os quadros na Sensorial. O resultado final nos agradou muito. E na noite de abertura, sexta (25/04), vários amigos bateram ponto na Sensorial criando um clima especialíssimo: as fotos expostas (a do Criolo foi a mais elogiada, enquanto as fotos de Tulipa e Lorde foram vendidas), boas cervejas, o primeiro show da Wahgee, novo projeto do amigo Will Prestes, e eu arriscando discotecar em vinis. Tudo perfeito.
O resultado: acordamos sorrindo no sábado, felicidade estampada no rosto. É boa a sensação de fazer algo bacana e ter os amigos por perto, e ter boas conversas rolando nas mesas, e ter um bom show para se ver, e ter boas imagens para se olhar, e ter bons discos para se admirar. Indescritível, uma das noites mais especiais em muito, muito tempo. Agora as fotos ficam expostas na Sensorial Discos até a primeira semana de junho, e ainda estamos em dúvida se vamos reimprimir as vendidas (neste primeiro momento, duas já foram, e a do Garbage e do Gossip estão no mesmo caminho), então pode acontecer de você visitar a exposição e alguma das imagens deste post não estarem lá. Mesmo assim, vá. Vale a pena.
Ps. Fica o agradecimento ao Carlos e ao Lúcio, da Sensorial, não só por abrigarem a exposição, mas por ajudarem a tornar a noite tão especial quanto foi. E também a Will Prestes, por topar fazer o primeiro show da Wahgee nessa noite especialíssima. A todo mundo que foi, um imenso obrigado. E Lili, parabéns!
Exposição: Shows, de Liliane Callegari
De 25 de março até 05 de junho
Sensorial Discos, Rua Augusta, 2389, Jardins, São Paulo
De segunda a quinta, das 11h às 20h30
De sexta e sábado, das 11h às 00h
Informações: https://www.facebook.com/lojasensorialdiscos
abril 27, 2014 No Comments
Na curadoria do Prata da Casa
Clique na imagem para ver a linha do tempo do projeto
O Prata da Casa é um projeto especialíssimo do Sesc Pompeia que existe desde 1999 e se caracteriza por abrir “espaço para que cantores e instrumentistas iniciantes (…) mostrem seus talentos.” Todas as terças-feiras do mês, o Sesc Pompeia reserva a Choperia ou o Teatro para a apresentação gratuita de um novo artista, aposta da equipe do Sesc em conjunto com o curador do projeto, cargo que durante este 2014 fica na responsabilidade deste que vos escreve.
Muitas pessoas que admiro já passaram por essa função no Prata da Casa (é só clicar na imagem acima para ver a linha do tempo do projeto) e dentro os mais de 500 shows realizados pelo projeto constam nomes como Fabiana Cozza, Ludov, Barbatuques, Apanhador Só, Karina Buhr, Fernanda Porto, Rashid, Silva, Cícero, Lucas Santtana, Romulo Fróes, Céu, Vanguart e Tulipa Ruiz, entre muitos outros que encontraram na Choperia do Sesc Pompeia seu primeiro grande palco (vale conferir o CD de 10 anos do projeto).
Minha curadoria já começa com três shows em maio, sempre às terças-feiras, sempre gratuito, e meu desejo é ampliar o leque do projeto tanto quanto possível focando na qualidade do trabalho autoral de cada artista selecionado e buscando criar um retrato daquela que, para mim, é uma das melhores cenas musicais do mundo. Por isso, a seleção busca nomes bacanas da cena brasileira de todo esse imenso Brasil, sem se ater a estilos ou pré-conceitos. Focar em música boa, focar em bons trabalhos.
Por isso convido você, desde já, a deixar algumas terças-feiras reservadas a partir de maio para dar uma passadinha no Sesc Pompeia e conhecer um fragmento do que está sendo feito de bom na música nacional. O Prata da Casa acontece sempre as terças, às 21h. Ou seja, dá pra sair do trabalho, chegar ao Sesc Pompeia, tomar uma cervejinha, papear com os amigos, assistir ao show e voltar pra casa até umas 23h revigorado para a labuta semanal. Vem coisa boa por ai, e espero que você possa estar comigo.
Para aqueles que desejam participar do projeto é preciso entrar em contato com a equipe do Prata da Casa e solicitar dados para o envio de material. A equipe do Sesc seleciona os trabalhos recebidos, repassa ao curador que analisa cada material e desenha uma sugestão de programação, que é debatida em reunião. Para mais informações sobre o projeto Prata da Casa e sobre envio de material vale ler esse texto aqui. No mais, a gente se encontra às terças-feiras a partir de maio. Que venham bons shows.
abril 17, 2014 No Comments
The Queen is Dead, Boys
Partindo para as “últimas” 200 páginas de “The Smiths – A Light That Never Goes Out, A Biografia”, de Tony Fletcher, o trecho que mais gostei até agora tinha que ser sobre uma das canções (e, principalmente, letras) que mais gosto da banda, “The Queen Is Dead”, que, segundo o biografo (e eu concordo), “passou a ser reverenciada como a melhor performance de estúdio dos Smiths”.
Como acontece com várias canções da banda no livro, Fletcher decupa a produção da faixa acrescentando detalhes interessantíssimos (como o fato do produtor Stephen Street ter cortado um minuto da canção – que pode ser ouvida na versão “original” no vídeo acima no post – às vésperas de entregar as masters para os advogados na pendenga Morrissey x Rough Trade, e isso ter ampliado o impacto da música, que, ainda assim, tem 6h24 de duração, e abre o disco).
Sempre lembro de um texto do José Augusto Lemos em alguma Bizz falando sobre “Rank”, o então álbum póstumo ao vivo dos Smiths: “Engrossado pela guitarra de Craig Gannon, o quarteto original decola com The Queen Is Dead, na fina fronteira entre o hard e o heavy… mas qual desses dois territórios já ostentou uma letra assim… “letrada” ?
E a letra de “The Queen Is Dead” (esmiuçada no livro) é talvez um dos pontos altos da carreira de Morrissey, aquele momento em que você saca que o cara não era “apenas” um letrista vocalista, mas estava acima, bem acima dos outros que o circundavam. Cortando para 2014 e olhando para os lados, é triste perceber que ninguém (seja no Brasil, seja fora) consegue falar de política e pobreza e família e tudo o mais como Morrissey fala nessa letra (se pegarmos as letras de todas as músicas lançadas em 2013, tirando um ou outro – Apanhador Só e Deolinda, por exemplo – parece que vivemos em um paraíso, mas não é bem assim que as coisas estão).
No livro, Tony cita um ensaio em que um cara compara, de forma brilhante, Morrissey com Thatcher, e depois conclui que, enquanto Thatcher era “notoriamente quase desumanamente desprovida de humor”, Morrissey estava “entre as estrelas mais espirituosas que o pop produziu”. E, novamente, “The Queen is Dead” surge como exemplo, como quando Morrissey imagina o Príncipe Charles vestido de mulher na capa do Daily Mail ou se imagina invadindo o palácio e confrontando a rainha, que diz:
“Ei, eu te conheço, e você não sabe cantar”
E eu disse: “Isso não é nada. Você devia me ouvir tocando piano”
Duas frases definitivas:
“Has the world changed, or have I changed?”
E “a narrativa visual que progredia retratando uma Grã-Bretanha varrida pela chuva, entorpecida pela sua subserviência à realeza, à religião ao álcool e às drogas, um local onde uma companhia é convidada a dar um passeio para conversar sobre coisas preciosas como ‘amor e lei’ e não poesia, mas ‘pobreza’ – um local onde, no fim, “Life is very long, when you’re lonely”.
Foda. Sinto falta de letras assim… (e de letristas que percebam o mundo além do eu e do ele/ela).
abril 9, 2014 No Comments