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Posts from — janeiro 2014

David Bowie está entre nós

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David Bowie está entre nós. Bem, quase. O Museu da Imagem e do Som de São Paulo abre nesta sexta-feira, 31 de janeiro (e segue até 20 de abril), a exposição David Bowie, retrospectiva imperdível sobre a intensa carreira do artista britânico, que lançou seu primeiro disco, “Space Oddity”, em 1967, e continua na ativa – “Next Day”, seu álbum de 2013, foi eleito o Melhor Disco do Ano pelo júri convidado pelo Scream & Yell (veja aqui) –, embora esteja longe dos palcos.

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A mostra reúne cerca de 300 itens relacionados ao artista, sendo que se destacam os 47 figurinos usados por David Bowie em diversos momentos de sua carreira, como o conjunto em matelassê desenhado por Freddie Burreti em 1972 para a turnê do álbum “Ziggy Stardust” e usado por Bowie na apresentação de “Starman” no Top of The Pops em julho de 1972, ou o impressionante traje de vinil desenhado por Kansai Yamamoto em 1973 para a turnê “Alladin Sane” – que decora o material de apoio da mostra.

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Bastante focada em moda, mas abrindo espaço também para observações sobre o processo criativo do artista, a mostra é montada de forma peculiar: assim que adentra o espaço da retrospectiva no MIS, o visitante recebe um fone de ouvido, que irá acompanha-lo por todo o percurso, interagindo com os vídeos presentes na mostra conforme o espectador entrar na área de alcance do objeto. Assim, trechos de filmes, entrevistas ou mesmo videoclipes clamam por atenção nos fones.

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Particularmente chamam a atenção os diversos rascunhos de letras escritos por Bowie, e presentes na mostra, registros iniciantes de canções como “Ziggy Stardust”, “Heroes”, “Rebel Rebel”, “Ashes To Ashes” (e um programa de computador que exercita a técnica de cut-ups, na qual um texto é cortado e reorganizado para criar um novo texto – além de um vídeo com Bowie explicando como usou isso em letras) ou mesmo esboços da arte que seria usada em algumas das capas famosas do compositor.

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Aberta para a imprensa na véspera da abertura oficial, a montagem ainda mostrava falhas: a baixa luz nas salas dificulta (principalmente em uma que traz diversos trajes postados logo abaixo dos vídeos em que foram usados), as etiquetas que identificam objetos colocadas no canto baixo da obra não ajudam (havia gente ajoelhando para ler as placas na escuridão) e, principalmente, falta de nome nas salas, o que pode confundir o espectador (haverá gente que irá embora acreditando ter visto todas as salas, mas deixando para trás uma ou outra).

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Para complementar a exposição, o MIS preparou uma divertida brincadeira para a edição brasileira. Durante o período em que a mostra estará em cartaz, o Museu convida os visitantes a participarem do Estúdio MIS, um karaokê exclusivo que o Museu montou para você cantar com seus amigos os grandes sucessos do cantor. A performance será gravada e disponibilizada no site http://estudio.mis-sp.org.br/– o estúdio funcionará das 16h às 20h, sendo que cada ingresso vale para até três pessoas por música.

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Para os fãs, vale o investimento no enorme livro da mostra, à venda na loja do MIS, por R$ 119. Com 320 páginas, capa dura e reprodução dos figurinos, rascunhos de letras e fotos icônicas, o livro é um bom resumo do passeio. Os ingressos para a exposição “David Bowie” podem ser comprados antecipadamente pelo site www.ingressorapido.com.br, com valor único de R$ 25 (reserva de data e horário para o espectador). A partir de hoje, 31/01, às 13h, os ingressos também podem ser comprados na Recepção MIS por R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

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Leia também:
– “Next Day”, de David Bowie, o melhor disco de 2013 (aqui)
– A mesma música: Três vezes David Bowie (aqui)
– As várias sonoridades diferentes de “The Next Day” (aqui)
– Mais sobre a exposição David Bowie em São Paulo (aqui)

janeiro 31, 2014   No Comments

Pete Townshend fala de Jimi Hendrix

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“Durante uma das sessões de ‘A Quick One’, em outubro de 1966, conheci Jimi Hendrix pela primeira vez. Ele vestia uma jaqueta militar imunda, com botões de latão e dragonas vermelhas. Chas Chandler, seu empresário, me pediu para ajudar o jovem tímido a encontrar amplificadores adequados. Sugeri o Marshall ou o Hiwatt (então chamado ‘Sound City’) e expliquei as diferenças entre eles. Jimi comprou os dois, e, mais tarde, me recriminei por ter recomendado armas tão poderosas. Quando o vi pela primeira vez, não tinha a menor ideia de seu talento nem noção de seu carisma no palco. Agora, claro, sinto orgulho por ter desempenhado um pequeno papel na história de Jimi. (…)

Durante o inverno de 1966/7 ouvi ‘Forest Flower’, do saxofonista de jazz Charles Lloyd, em uma gravação de sua extraordinária apresentação no Festival de Jazz de Monterey, em setembro de 1966. ‘Forest Flower’, como a obra-prima dos Beach Boys, ‘Pet Sounds’, parecia perfeitamente ajustada aos novos tempos. Keith Jarrett era o pianista de Lloyd, e em dado momento do disco, começa a esmurrar o piano e a percutir as cordas. Senti que ali estava um músico totalmente de meu gosto, que tocava todo instrumento de maneiras despropositadas.

Keith Jarett e eu nascemos no mesmo mês, e suas interpretações geralmente me levam às lágrimas do tipo reservado para a solidão embriagada. Venderia minha alma para tocar como ele – e não faço essa declaração de modo superficial. Como muitos compositores, eu também ouvia jazz em busca de inspiração e ideias. Uma curta faixa de Cannonball Adderley chamada ‘Tengo Tango’ me deixou entusiasmado com seu poder dançante. (…)

Minha amizade com Eric Clapton havia se aprofundado graças às nossas saídas juntos para prestar homenagem a Jimi Hendrix, que naquela primavera vinha fazendo seus primeiros shows sensacionais em Londres. Jimi testava algumas de suas primeiras ideias de letra nos shows. Um amigo de Eric, o pintor e designer Martin Sharp, o ajudava a compor as canções, e suas letras eram muito ambiciosas e poéticas. Surpreendido entre dois grandes talentos emergentes da composição, senti-me desafiado a evoluir.

Ver Jimi tocar também foi desafiador para mim como guitarrista. Jimi tinha os dedos ágeis e experientes de violinista de concerto; era um verdadeiro virtuose. Eu me lembrava de papai e sua prática incansável, o tempo que ele levou para chegar a um nível em que podia tocar tão rápido que as notas formavam um som único. Mas com Jimi havia algo mais: ele casava o blues com a alegria transcendente da psicodelia. Era como se tivesse descoberto um novo instrumento em um novo mundo de impressionismo musical. Ele se superava no palco e parecia poderoso e másculo sem agressividade.

Era um artista hipnotizante, e hesito em descrever o quanto era fantástico vê-lo tocar, porque realmente não quero levar sua legião de fãs mais jovens a sentir que perdeu a grande chance de testemunhar aquele talento. Eu perdi a chance de ver Charlie Parker, Duke Ellington e Louis Armstrong. E se você perdeu a chance de ver Jimi ao vivo, saiba que perdeu algo muito especial. Vê-lo em carne e osso deixava claro que se tratava mais do que um grande músico. Ele era um xamã, e parecia que uma luz colorida cintilante emanava das pontas de seus longos e elegantes dedos enquanto tocava. Quando fui ver Jimi tocar, não tomei ácido, não fumei maconha e não bebi, por isso posso relatar com precisão que ele operava milagres com a Fender Stratocaster para destros, que ele tocava virada de cabeça pra baixo (Jimi era canhoto).

A chegada de Jimi Hendrix em meu mundo aguçou minha necessidade musical de estabelecer algum território legitimo. Em alguns sentidos, a interpretação de Jimi tomou empréstimos da minha – o feedback, a distorção, a guitarra teatral –, mas seu gênio artístico reside em como ele criou um som todo próprio: soul psicodélico ou o que chamarei de “blues impressionismo”. Eric Clapton estava fazendo algo parecido com o Cream e, em 1967, a banda Traffic, de Stevie Winwood, lançaria ‘Mr. Fantasy’, levantando outro desafio incrível. Os músicos à minha volta estavam realmente decolando em uma nave espacial colorida, ascendente, abastecida pelas novas criações de Jimi, Eric e Stevie – e, no entanto, as canções psicodélicas de Jimi, Eric e Stevie ainda se mostravam profundamente enraizadas no blues e no R&B. (…)

Lembro-me de ter ido a um almoço encontrar Barry e Sue Miles. Barry era fundador da Indica Bookshop, um estabelecimento radical que vendia livros e revistas relacionados a tudo que era psicodélico e revolucionário. Ali conheci devidamente Paul McCartney, com sua então namorada, Jane Asher. Paul tinha ajudado a financiar a Indica e parecia muito mais politizado que qualquer outro músico de minhas relações. Era lúcido e perspicaz, bem como charmoso e essencialmente gentil. Jane era bem-nascida, muito educada e de uma beleza estonteante; por trás de seu recato exterior ardia uma personalidade forte, o que a equiparava a seu famoso namorado.

George Harrison chegou um pouco mais tarde com sua namorada, Pattie Boyd, que era franca e simpática. Tinha o tipo de rosto que a gente só via em sonhos, animado por uma vontade evidente de que todos gostassem dela. Karen (minha namorada) estava comigo e, pela primeira vez, me senti parte da nova elite da música pop londrina. Ela, curiosamente, parecia mais à vontade que eu.

Vi Paul novamente no Bag O’Nails, no Soho, onde Jimi Hendrix fazia um show comemorativo de retorno à cidade. Mick Jagger chegou, ficou um pouco e depois se foi, imprudentemente deixando Marianne Faithfull, sua namorada na época. Jimi se aproximou dela de mansinho após sua apresentação impactante e ficou claro, pelo modo como os dois dançavam juntos, que Marianne tinha as estrelas do xamã em seus olhos. Quando Mick voltou para buscar Marianne, deve ter se perguntado a razão de tantos risinhos abafados. No final, o próprio Jimi dissolveu a tensão, tomando a mão de Marianne, beijando-a e pedindo licença para vir falar comigo e com Paul. Mal Evans, o adorável roadie e ajudante dos Beatles, virou-se para mim e deu um grande e irônico sorriso ‘liverpooliano’: “Isso é o que chama trocar cartões de visita, Pete”.

Trecho de “A Autobiografia”, de Pete Townshend

Leia também:
– Pete Townshend: uma batalha entre o velho e o novo (aqui)
– Keith Richards: Gostar ás vezes é melhor do que amar (aqui)
– Marianne Faithfull: Drogas, Sexo e Mick Jagger (aqui)
– Alex Ross: “O minimalismo e o rock and roll” (aqui)
– Keith Richards, Rolling Stone Alone (aqui)
– Gram Parsons por Keith Richards no livro “Vida” (aqui)

janeiro 30, 2014   No Comments

Visitando o Brewdog Bar São Paulo

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Todas as fotos: Instagram ScreamYell

Na terça-feira, 21/01, a Brewdog Bar São Paulo abriu as portas em uma festa para convidados, e contrariando o conselho de amigos, que diziam existir filas para entrar no bar nos dias seguintes, decidi ir conhecer a nova casa cervejeira paulistana no começo da tarde de sábado, 25/01, por volta das 17h. Primeiro ponto positivo: nada de filas. Rapidamente peguei meu cartão e fui para o balcão conferir a oferta de cervejas da casa. E gostei do que vi.

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A rigor, a casa tem 15 torneiras disponíveis e no quadro negro eram ofertadas 8 cervejas da Brewdog e 3 convidadas. Entre as oito da Brewdog estão Dead Pony Club (American Pale Ale, 3,8%), Fake Lager (Pilsner, 4,7%) 5 a.m. Saint (American Amber Ale, 5%), Punk IPA (India Pale Ale, 5,6%), Electric India (Saison, 7,2%), Hoppy Christmas (India Pale Ale, 7,2%), Jack Hammer (India Pale Ale, 7,4%) e Hardcore IPA (Double India Pale, 9,2%).

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Entre as convidadas estavam (neste sábado) a WayDog, uma Session Pale Ale de 3,8% feita exclusivamente pela cervejaria curitibana Way para o Brewdog Bar São Paulo (e fixa no cardápio da casa), a Double Viena da Morada e a nova Wäls, Niobium, uma Double IPA com 9% de teor alcoólico, que esgotou antes mesmo das 19h, sendo substituída por outra brasileira. Isso sem contar a oferta de garrafas, que além de rótulos da casa ainda destaca uma boa variedade de Mikellers.

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Quanto aos preços, eles vão de R$ 16 (Dead Pony Club e Fake Lager) até R$ 22 (Hardcore IPA) o meio pint (268 ml), o que mantém as cervejas da casa no padrão das ofertadas em garrafa no país. Complicado comparar os preços praticados na Europa (veja a tabela de preços da Brewdog Pub Camden, em Londres), onde um bar da Brewdog vende um pint de Dead Pony Club por R$ 17 e o meio pint de Hardcore IPA por R$ 15, mas, como saída, há a boa oferta do pint da WayDog, que sai por R$ 17.

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Ou seja, houve a preocupação da casa paulistana em ter uma cerveja com preço igual ao rótulo mais em conta das filiais europeias. Já em garrafa existem preços para todos os gostos e bolsos (veja algumas aqui). Antes de entrar no bar eu já havia bebido 22 Brewdogs diferentes, mas das oito em torneira ali, três ainda eram inéditas para mim! Hora de resolver a contenda.

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Quando sai do bar, às 21h, tinha bebido seis cervejas (e dividido mais uma com uma amiga): comecei pelo pint da WayDog, e fiquei felizmente surpreso pela bela Session Pale Ale dos curitibanos. Passei então por outra nacional, a excelente Double Viena da Morada (apostando na economia: R$ 12 o meio pint) e encarei na sequencia a primeira das Brewdog no dia: Electric India, uma belíssima Saison que recebe casca de laranja fresca, mel de urze, grãos de pimenta preta esmagados e lúpulos Amarillo e Nelson Sauvin. A melhor da noite.

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Ainda encarei a novíssima Wäls Niobium, levemente amanteigada, mas sem contudo prejudicar o bom conjunto, e a boa Brewdog Fake Lager além de duas garrafas de Mikeller: uma sensacional Monks Brew (Quadrupel de 10%) e uma Milk Stout (uma Sweet Stout de 6%) – cada uma delas, R$ 24. Saldo final da noite, incluindo os 10% (e sem comida): R$ 107, 50. Ou seja, não é para ir todo dia – no meu caso, nem toda semana: uma vez por quinzena, e olhe lá. A experiência, no entanto, foi bastante válida.

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janeiro 29, 2014   No Comments

Uma batalha entre o velho e o novo

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“Em exibição nos corredores da Academia de Arte de Ealing havia colagens interativas de madeira criadas por nosso monitor de curso, Roy Ascott, das quais o espectador podia rearranjar diversas partes. Devíamos passar um ano nos livrando de nossos preconceitos sobre arte, escolas de arte, ensino de arte e todas as formas de design. Descobri que as lacunas em minha educação eram imensas.

A escola incluía tanto a jovem como a velha guarda. Esta última eram composta pelos refinados que vestiam tweed: desenhistas, calígrafos, encadernadores e afins – que tendiam a ser muito exigentes. A primeira era formada pelos boêmios que vestiam jeans em seus vinte, trinta anos de idade. Em nossa primeira aula de desenho, o encarregado vinha da velha guarda. Ele nos instruía sobre como apontar o lápis, qual nível de dureza escolher para cada tarefa, como prender o papel na prancheta, como sentar, segurar o lápis e medir um conjunto de escalas relativas de distância.

“Desenhem uma linha.”

Cada um de nós desenhou uma linha e se submeteu à mais dura crítica do professor, que salientava que a primeira linha deveria ser de cima para baixo, ter 15 centímetros de comprimento, espessura uniforme e desenhada com um lápis 3B sem régua; qualquer variação representava um excesso indigno dos alunos da Academia de Arte de Ealing.

A segunda aula foi conduzida por um dos membros da jovem guarda. Uma aula bem simples, um teste para avaliar o grau de nossa base.

“Desenhem uma linha.”

Sem problema. Como se coreografados, cada um de nós desenhou uma linha, de cima para baixo, 15 centímetros de comprimento, espessura uniforme, etc. Nosso professor, o jovem Anthony Benjamin, saiu da sala e regressou com o escultor Brian Wall. Começaram a esbravejar pela sala, gritando conosco. A certa altura, Benjamin apanhou um pequeno canivete e espetou seu dedo, arrastando sangue em uma folha branca de papel. ‘Isto é uma linha. Vocês entendem?’. Claro que entendemos. Éramos uma vitima inocente de uma batalha entre o velho e o novo”.

Trecho de “A Autobiografia”, de Pete Townshend

Leia também:
– Sobre Scorsese e filmes que salvam almas, por Mac (aqui)
– Keith Richards: Gostar ás vezes é melhor do que amar (aqui)
– Marianne Faithfull: Drogas, Sexo e Mick Jagger (aqui)
– “O minimalismo e o rock and roll”, trecho de “O Resto é Ruído” (aqui)
– Neil Young propõe passeio por seus vícios, paixões e medos (aqui)
– “Disparos do Front da Cultura Pop” é aula de jornalismo cultural (aqui)
– Keith Richards, Rolling Stone Alone (aqui)
– Gram Parsons por Keith Richards no livro “Vida” (aqui)

janeiro 23, 2014   No Comments

Bora conhecer vinícolas na Argentina

O júri convidado pelo pessoal da Wines of Argentina anunciou ontem à noite (no vídeo acima) os vencedores do desafio de harmonizar vinho e música, e uma das minhas harmonizações foi escolhida. O prêmio será visitar vinícolas argentinas ainda este ano. As explicações do júri para as escolhas estão acima em vídeo. A minha harmonização está aqui. \o/

janeiro 17, 2014   No Comments

A volta do podcast Qualquer Coisa

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Gravado no último domingo, 11/01, a edição 145 do grande podcast Qualquer Coisa, de Paulo Terron e José Flávio Júnior, foi ao ar nesta semana quebrando um silêncio de quase dois anos. Os convidados desta edição do Qualquer Coisa foram eu e Nevilton, que tocou “Porcelana”, uma das grandes músicas de 2013, no violão, além de trechos de outras faixas do álbum “Sacode”. A metódica desta edição foi repassar destaques do ano e cada um escolheu músicas e debateu, ainda, cinema além de degustar a sidra neozelandesa 8 Wired, cortesia do Zé Flávio. Ouça abaixo (e baixe em MP3 aqui).

janeiro 16, 2014   No Comments

O Resto é Ruído: Melhores de 2013

O primeiro Resto É Ruído de 2014 ainda é olhando para 2013. Fizemos uma retrospectiva geral relembrando os grandes discos, criticando os médios e ruins e não concordando com quase nada – se existe um consenso sobre 2013 é que não existe consenso nenhum. No set list, cada apresentador escolheu duas faixas favoritas do ano: Amanda foi de Purling Hiss e Charles Bradley, Elson de Tera Melos e Girls Against Boys, Fernando de Hookworms e FireFriend, Filipe de Triángulo De Amor Bizarro e My Bloody Valentine, e Marcelo fechando com Apanhador Só e Suede. Divirta´se.


Saiba mais sobre O Resto é Ruído na nossa página no Facebook

Leia também:
– Os Melhores de 2013 da Superinteressante (aqui)
– Os Melhores de 2013 da Revista Bizz (aqui)
– Os Melhores de 2013 do Guia da Folha (aqui)
– Os Melhores de 2013 do Omelete e da Red Bull (aqui)
– Uma playlist especial de canções de 2013 (aqui)
– APCA elege os Melhores de 2013 (aqui)

janeiro 15, 2014   No Comments

Desafio: Harmonizando vinho e música

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Fotos de Liliane Callegari

Sempre fui um admirador de vinhos, mas nunca um profundo conhecedor. Não sei, por exemplo, que vinho combina com determinada comida muito menos ocasião, e quando o pessoal da Wines of Argentina me propôs uma harmonização de vinhos com músicas, achei que seria o momento perfeito para corrigir alguns erros no meu currículo de bebedor, afinal meu olfato evoluiu bastante desde que me formei Beer Sommelier no primeiro semestre de 2013, e passei a estudar a bebida fermentada com afinco. Talvez eu esteja pronto para aproveitar mais do vinho na taça do que há alguns anos atrás. A Wines of Argentina me mandou duas garrafas de vinho: um Kaiken Torrontés 2012, branco, da cidade de Salta, e um Reserve Pinot Noir 2011 da Bodega Salentein, de Mendoza. Se cada vinho precisasse ser harmonizado com apenas uma canção, eu iria de “What’d I Say”, de Ray Charles, para o Kaiken Torrontés 2012 (uma canção sedutora e atrevida para um vinho idem), e “Chelsea Hotel #2”, de Leonard Cohen, para o Reserve Pinot Noir 2011 da Bodega Salentein (uma canção de saudade e memórias, suave e profunda que combina com este vinho), mas optei por criar uma pequena trilha sonora (com canções retiradas da playlist que me foi disponibilizada aqui) que me acompanhasse no tempo em que eu bebesse o vinho.

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A primeira garrafa aberta foi a de Kaiken Torrontés, numa terça-feira calorenta de São Paulo, que tornou o vinho branco, gelado (calculei mais ou menos 10 ºC), ainda mais aconchegante. Na taça, a percepção do Torrontés é de um vinho com um intenso bouquet floral, remetendo a um jardim primaveril. A uva é bastante perceptível no aroma, mas há mais notas frutadas (como, por exemplo, abacaxi), que se traduzem de forma mais clara no paladar, remetendo a pêssego (principalmente em calda) no final.

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No quesito harmonização, a sensação que o Torrontés passa é de um vinho perfeito para abrir um início de noite a dois, ainda com o dia claro e com um clima de sedução que valoriza o feminino, por isso abri com a versão de Brad Mehldau para “Dear Prudence”, dos Beatles, cuja letra original convida a menina para brincar ao sol, algo que o Torrontés parece reafirmar. “What’d I Say”, de Ray Charles, é ótima para fazer a ponte da metade da garrafa, um pouco mais atrevida, mas nem tanto, enquanto os ânimos aquecem. “Eu Sou do Tempo Que a Gente Se Telefona”, de Blubell, com seu arranjo, que começa nos anos 40, e lá pelo meio cresce e preenche o ambiente, parece perfeita para o calor que o vinho e a conversa trazem nesse estágio, e quando a alegria parece querer pular para fora da taça, “Tuve Sol”, do Bajofondo. Uma harmonização de encontro a dois, ao mesmo tempo sedutor e respeitoso, que os aproxima conforme a garrafa esvazia.

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No dia seguinte foi a vez do Reserve Pinot Noir 2011 da Bodega Salentein, um vinho tinto de coloração avermelhada, puxada para o rubi. A recomendação era para bebê-lo em torno dos 17 ºC, mas dado o calor intenso deste começo de janeiro, deixei-o aproximar-se dos 20 ºC e, ao tirar da geladeira, deixei-o a garrafa sobre a mesa alguns minutos, para que o vinho se acostumasse com a temperatura ambiente do meu apartamento. Na taça, o Salentein Pinot Noir me pareceu bastante frutado (frutas vermelhas, mas puxado para amora e cereja), com um leve toque de amadeirado, que também traz baunilha. O paladar, por sua vez, começa doce e frutado, e se abre, como um leque, oferecendo uma paleta variada de tons (leve acidez, frutado, amadeirado, uma pitada de álcool, um toque de baunilha).

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Para este vinho, no quesito harmonização, minha percepção foi direcionada para um conjunto de canções suaves, mas, ao mesmo tempo, profundas. Desta forma, imaginei abrir a garrafa ao som de “Chelsea Hotel #2”, de Leonard Cohen, uma canção de saudade, de memórias, suave e profunda (impressão que o arranjo delicado amplifica). Imagino o vinho descendo aconchegante e nos trazendo memórias e sonhos. Mantendo o clima, “Todas Las Hojas Son Den VIento”, do Pescado Rabioso, grupo que o saudoso Luis Alberto Spinetta manteve entre 1971 e 1973, e, na sequencia, outro de El Flaco, desta vez solo com “Era de Tontos”, as duas canções cumprindo a função de acompanhar o vinho na passagem do estágio da contemplação para o da excitação, com a memória atiçada pelo líquido e pela letra (“No puedo evitar que mi memoria esté recompilando los viejos tempos”, canta El Flaco). Para o final da garrafa, nada acelerado (ao contrário do Torrontés), mas mais reflexão: “Off You”, do Breeders, conduzindo o ouvinte, de mãos dadas com o vinho, por um mundo que muda a todo momento – o que valoriza todo o percurso de memórias feito até aqui.

Vamos começar de novo?

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janeiro 10, 2014   No Comments

Anos 70: Led, Deep Purple e Who ao vivo


Led Zeppelin, Londres, 1975


The Who nos Estados Unidos, 1970


Deep Purple em Copenhagen, 1972

janeiro 6, 2014   No Comments

Anos 70: Três shows históricos no Brasil

Phono 73 foi um festival de música realizado no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, de 11 a 13 de Maio de 1973, com participação de Jorge Ben, Elis Regina, Raul Seixas, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e outros.

Show de inauguração do Teatro Bandeirantes, em São Paulo, realizado no dia 12 de agosto de 1974, com apresentações de Rita Lee, Tim Maia, Elis Regina, Chico Buarque e Maria Bethânia.

Hollywood Rock I, realizado em 11 de janeiro de 1975 no campo do Botafogo, no Rio de Janeiro, com shows de Rita Lee e Tutti Frutti, Vimana, O Peso, Erasmo Carlos, Celly e Tony Campelo e Raul Seixas

janeiro 6, 2014   No Comments