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EUA 2013: Tom’s Restaurant e Met Museum

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No domingo, último dia da viagem, Nova York amanheceu deliciosamente ensolarada, e saímos para tomar café quase às 10h. Lili queria comer panquecas, e eu queria visitar mais um local de cultura pop, então partimos em direção ao Tom’s Restaurant, que muita gente conhece pela fachada, que foi usada na série Seinfeld (a equipe decidiu construir a parte interna em estúdio), mas também já ilustrou letra de música de Suzanne Vega e recebeu Obama nos tempos em que ele era apenas um estudante da Columbia, ao lado.

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O local é charmoso e parece muito um restaurante universitário, com muita gente jovem ocupando suas mesas para uma refeição rápida (se tivesse wi-fi, fácil que a galera passaria mais tempo lá – eis um dos hits do Starbucks). Claro, uma parte das pessoas que o frequenta, o faz pensando no seriado de Seinfeld, que está pelo ambiente em capas de revistas e pôsteres autografados. Pedi um hambúrguer, razoável, mas recomendo veementemente o milk-shake – provei o de chocolate, ótimo. Lili também aprovou as panquecas de strawberry.

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Devidamente alimentados partimos para o último desafio turístico da viagem: passar rapidamente pelo Metropolitam Museum of Art, “um dos maiores centros de arte do mundo”, segundo o guia de bolso que carrego pra cima e pra baixo. O Met, como é conhecido, é o maior museu de arte dos Estados Unidos, e um dos três maiores do mundo contando com mais de dois milhões de obras, divididas entre dezessete departamentos. Depois de ler isso fica difícil dizer “não gostei tanto assim dele”, mas preciso ser sincero: não gostei tanto não. Ou melhor, gostei, mas não entra na lista dos preferidos.

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Imagino que alguém que nunca tenha entrado num grande museu, e caminhe pelos corredores do Met, irá se apaixonar completamente por ele. No meu caso, porém, entro pela porta da Quinta Avenida carregando outros 20 museus nas costas, e isso acaba colocando uma série de questões em perspectiva, sendo que a principal, para mim, é de que é muito bacana o Met ter salas inteiras com obras de Cezanne, Degas, Manet, Monet, Pissaro, Matisse e outros, embora a obra definitiva de cada um destes mestres esteja em outros museus.

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Longe de ser uma questão “quantidade x qualidade”, afinal estamos falando de um acervo com obras como “Os Músicos” (1595), de Caravaggio; “Os jogadores de cartas” (1890/1892), de Paul Cézanne; “Portrait of Gertrude Stein” (1906), de Picasso; o clássico “Self-Portrait with Straw Hat” (1887), de Van Gogh; “Girl By The Window” (1921), de Matisse; “Le Grenouilerre” (1869), de Monet; ou o belo comparativo dos “Jardins de Tuileries” (1899), em Paris, numa tarde de inverno e numa manhã de primavera, de Camille Pissarro, e muito mais, mas mesmo com dois milhões de peças, falta algo.

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Talvez a desorganização do museu neste domingo, com várias salas fechadas, tenha colaborado com o descontentamento, afinal não há como sair feliz de um museu que tem cinco belas obras de Johannes Vermeer no acervo, e não ter visto nenhuma. Se serve de atenuante, o cachorro quente na frente do museu é um dos melhores de rua de Manhattan, e ainda havia um quinteto mandando num coral vocal acompanhado apenas de baixolão e fazendo bonito em classes da soul music. Deviam estar lá dentro, não na escadaria.

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Observações feitas, hora de fechar as malas. O trajeto até o shuttle para o aeroporto JFK é cansativo, mas em tempos de vacas magras (não são só os Estados Unidos que estão em crise financeira, eu também estou), vale a pena o esforço. O bom é que todo cansaço do translado bate forte assim que a gente senta na poltrona do avião, e não quer pensar em mais nada além de voltar pra casa. O voo sai às 22h50 e acordo quebrado e sonado às 9h, mas feliz por observar São Paulo crescendo pela janela do avião. É sempre bom voltar pra casa, mesmo quando a viagem é repleta de momentos especiais.

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Leia mais: Diário de Viagem Estados Unidos 2013 (aqui)

maio 14, 2013   No Comments

Feira no Brooklyn e Mudhoney ao vivo

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O sábado em Nova York começou chuvoso, mas logo o cinza venceu a água deixando tudo nublado. O plano original consistia de visitar a Brooklyn Flea Market, feirinha no estilo da que acontece na Praça Benedito Calixto, em São Paulo. Segundo o site, com chuva ou sol, a feira acontece todo sábado em Fort Greene e aos domingos em Williamsburg, pertinho do Music Hall – as sextas eles publicam a programação.

A Brooklyn Flea Market do sábado acontece em uma quadra de basquete, e chegamos no momento em que algumas bancas ainda começavam a serem montadas. Feirinhas são iguais em todo o lugar do mundo. Tem a moça que vende variedades malucas de chocolate, a outra que vende sabonetes perfumados (segundo Lili, há uma cota obrigatória para cada feira que obriga a presença de sabonetes), bancas de comida e, claro, vinis.

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Sai feliz com alguns vinis, e recomendo ir atrás da banca do Evan, da Jones Music. Ele deixa três caixas à mostra: uma com vinis de 5 dólares, outra de 8 dólares e uma terceira de 10 a 20 dólares. Foi nesta última que encontrei a versão original de “Sticky Fingers”, dos Stones, com direito a zíper e tudo. Minha conta deu 58 Obamas, e eu já estava feliz, mas Evan se desculpou: “Cara, não posso te dar muito desconto porque, você sabe, o material é bom e não vendo no atacado. Tudo bem 55?”. Eu nem tinha pedido desconto.

Se seguíssemos o plano original, iriamos bater cartão na Brooklyn Brewery, mas minha mala superlotada de cervejas e o cansaço descomunal me fizeram partir para a próxima aventura: levar ou não o box em vinil dos Beatles, US$ 299 na Kim’s da Primeira Avenida? Fiquei lá olhando pra ele uns 15 minutos. Parava, olhava outro vinil, voltava, pensava. No fim, acabei desistindo da compra. Definitivamente (como descobri no dia seguinte), não iria caber na mala – mas vou sonhar com ele…

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O sábado ainda arriscamos uma nova iguaria do Soup Man (para confirmar se a sopa era boa mesmo, e é) e um baita show do Mudhoney no Music Hall of Williamsburg, mesmo lugar que dias atrás tinha recebido o Palma Violets com festa. O site anunciava que ingressos ainda estavam à venda, mas na porta, após encontrar uma amiga, Thaissa, um balde de água fria: sold out. O pânico durou uns três minutos, até um cara aparecer e oferecer um par de ingressos.

Se fosse no Brasil, diante da nossa cara de desesperados (o show começaria em 5 minutos), fácil que o cara enfiaria a faca e cobraria o triplo, no mínimo o dobro, mas a noite de sábado em Nova York (assim como aconteceu na entrada de um show da PJ Harvey em Amsterdã: “Tô vendendo pelo preço que paguei”) estava salva por um preço mais baixo que o que estava sendo praticado na bilheteria na hora do show: 20 doletas cada (estava 25 na porta).

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Deu tempo de entrar, pegar uma cerveja e encontrar um lugar para ver Mark Arm e compania abrirem o show com duas porradas do recém-lançado “Vanishing Point” (“Slipping Away” e “I Like It Small”) e depois seguir intercalando canções novas com clássicos da estirpe de “Suck You Dry”, “Sweet Young Thing (Ain’t Sweet No More)”, “Judgement, Rage, Retribution and Thyme”, “No One Has” e, claro, “Touch Me I’m Sick”. Eu já havia visto o Mudhoney oito vezes antes desse show, e esse foi, possivelmente, um dos melhores sons que já ouvi deles ao vivo.

O mérito vai pro espaço aconchegante e de acústica impecável do Music Hall of Williamsburg, e, claro, para a banda, que enfileirou 22 canções (sete destas, novas) em pouco mais de 70 minutos de show, incluindo o bis que foi aberto com outro hino, “Here Comes Sickness”, e fez a festa da turma do pogo em versões rápidas e sujas de “The Money Will Roll Right In” (Fang) e “Fix Me” (Black Fag). Em certo momento, parecia ter mais gente sobrevoando o público de pernas pra cima em stage diving do que na Times Square. Bonito de ver.

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Show findo, a fila na banquinha da banda estava prestes a esgotar o pôster da noite (20 dólares), e trazia CDs, vinis e o DVD do documentário “Mudhoney I’m Now” (2012) com o mesmo preço, 15 dólares, o que faz observar como o mercado brasileiro de música, que já foi um dos maiores do mundo, está completamente atrasado e perdido. Vinil aqui é artigo de luxo. Na banquinha do Mudhoney, a edição caprichadíssima de “Vanishing Point”, com capa em alto relevo, cartão para download do álbum em MP3 e vinil transparente saia pelo mesmo preço do CD.

Peguei um exemplar do vinil e também do compacto exclusivo da tour (US$ 7) com três faixas: “New World Charm”, “The Swimming in Beer” e “The Swimming in Beer Blues”. Noitada feliz. A volta para Manhattan foi rápida (nada como viver em uma cidade com transporte público disponível 24 horas por dia) e bastante agitada, pois enquanto eu partia para colocar a carcaça para descansar, centenas de pessoas lotavam os corredores do metrô em direção de alguma balada noturna de sábado. Se eu não tivesse tão acabado… Abaixo, a integra do show do Mudhoney no Brooklyn.

Leia mais: Diário de Viagem Estados Unidos 2013 (aqui)

maio 14, 2013   No Comments