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Posts from — abril 2013

EUA 2013: Em Memphis, Tennessee

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Olhando o por-do-sol no Mississipi…

abril 30, 2013   No Comments

EUA 2013: Quatro refrigerantes em Nashville

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The Wizard of Oz Cherry Cola

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Zombie Brain Juice

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Bacon Soda

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Cream My People

Leia mais: Diário de Viagem Estados Unidos 2013 (aqui)

abril 29, 2013   No Comments

EUA 2013: Algumas coisas sobre Nashville

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– Fiquei no Nashville Downtown Hostel, dica especialíssima do Tiago Agostini. É um hostel bom, sem luxo, mas ok. Tem quartos para casal, mas os banheiros são compartilhados. No entanto, o melhor: na esquina há um pub (Riverfront Tavern) com cerveja boa e comida enlatada (pizza Sadia e suco de caixinha), do lado há outro pub com mais de 150 cervejas e, do lado, na esquina da Second Avenue com a Church Street, um Hooters. Quase do lado do Hooters há uma churrascaria brasileira…

– Ainda assim, o melhor local ao lado do hostel foi, disparado, a filial do Rocket Fizz Soda Pop and Candy Shops (201 2nd Ave N, Nashville). Centenas de refrigerantes sensacionais, incluindo esse Bacon Soda (que tem gosto de baunilha com… areia. Aprovado)…

– Se você for ao Country Music Hall of Fame Museum não esqueça de pegar o passeio pelo Studio B. Vale.

– Se você fazer o Tour Ryman, não esqueça de agendar o tour pelos camarins.

– Antes de ir a Third Man Records, de uma passada na Grimey’s New & Preloved Music (1604 8th Ave S Nashville), dica imperdível do Paulo Terron. Muita coisa da TMR está mais em conta aqui. Além das oooutras coisas da loja. Ela é, muito provavelmente, a melhor loja de vinis e CDs deste lado cá da América.

– Vá ao Blackstone Restaurant & Brewery. Ótima comida (falo pelo Fish & Chips e pelo Cajun Pasta, mas você pode conferir os cardápios aqui e aqui) e ótima cerveja. Peça o sampler com as seis cervejas da casa. E entra na fila para paquerar a hostess.

– Sorvete no Mike’s, na Broadway.

– Café da manhã 417 Union Street. O nome é esse mesmo. Decorado com fotos de combatentes, o café traz um cardápio de café da manhã excelente.

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abril 29, 2013   No Comments

Três vídeos: Band of Horses no Ryman

abril 29, 2013   No Comments

EUA 2013: Ryman, Blackstone e Grimey’s

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Tudo indicava que o domingão em Nashville seria mais um dia nublado e com pancadas ocasionais de chuva, mas logo de manhã fizemos um pedido encarecido à Obama, e ele nos atendeu: o sol saiu lindo e quente nos fazendo carregar os casacos pelas longas caminhadas. E coloca longa nisso, mas tudo bem, estamos queimando as calorias do episódio Super Size Me que estamos encenando. Vale tudo (até pedalar por cerveja!).

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Após um café básico no Starbucks com bolo de abóbora (ótimo), ainda na parte fria do dia, descemos para o tour pelo Ryman Auditorium (anteriormente conhecido como Grand Ole Opry House e Union Gospel Tabernacle, e hoje apelidado de The Mother Church of Country Music), que tinha tudo para se tornar um dos melhores lugares em que já assisti a um show na vida. E, curioso, os dois melhores lugares, Ryman e Paradiso, em Amsterdã, eram duas ex-igrejas…

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O tour pelo Ryman Auditorium é básico, mas muito interessante. Neste dia, pela presença do Band of Horses na casa, a visita aos camarins estava proibida (“Vem amanhã”, orientou um dos diversos senhores grisalhos que trabalha na casa), mas só o tour pelo espaço frontal já fez sentir a força do lugar. Inaugurado como casa de sermões gospel em 1891, o Ryman foi utilizado entre 1943 e 1974 para gravação do programa Grand Ole Opry, que disseminou a música country pelo país.

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Após a Grand Ole Opry criar um parque temático fora da área central de Nashville e deixar o Ryman, o prédio passou 18 anos abandonado. Em 1994, após uma série de shows de Emmylou Harris, o local começou a ser recuperado até ser restaurando e aberto ao público como museu e casa de shows. Foi aqui que Neil Young gravou seu DVD “Heart of Gold”, em 2005, e a lista de cartazes serigrafados e autografados pelos artistas no saguão superior faz o queixo cair várias vezes (confira alguns aqui).

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Após o tour, uma visita ao ótimo Blackstone Restaurant & Brewery para almoçar e experimentar as seis cervejas da casa (minha preferida foi a American Pale Ale, mas as premiadas Nut Brown Ale e Chaser Pale entram no páreo pela briga do primeiro lugar) e, depois, uma esticada até o Grimey’s New & Preloved Music, lojinha bacana (grande dica do Paulo Terron) repleta de vinis em bons preços e lançamentos de deixar as mãos coçando e a conta no vermelho. Peguei alguns vinis lá.

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Curiosidades: na ida, caminhando sozinho pela 8ª avenida debaixo de um sol de meu Deus, um senhor parou o carro e me ofereceu carona. Estávamos no 1100 e a loja ficava no 1604. Papo básico de desconhecidos em qualquer lugar do mundo: “Vem chuva ai”, ele disse. Na volta, com uma penca de vinis debaixo do braço, decidi esperar um ônibus, que passou cerca de 50 minutos depois. Coloquei um dólar, completei com 60 cents de uma ficha que eu tinha e, na falta de 10 cents, a própria motorista sacou sua carteirinha de moedas, e completou minha viagem. : D

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Após uma passada rápida no hotel para um descanso, bora pro show do Band of Horses. Cambistas superlotavam a porta, e pela muvuca dentro da casa ninguém morreu com ingressos na mão. Mais de 2.200 pessoas lotaram o Ryman para ver a segunda noite dos caipiras na casa. O show começo bonito, acústico, com Ben Bridwell sozinho ao violão tocando (e errando) uma canção, mas “No One’s Gonna Love You”, na sequencia, colocou as coisas no lugar. A banda foi entrando aos poucos, mas se reduziu a um trio vocal e piano na emocional versão de “Neighbor”, faixa que encerra “Infinite Arms”, de 2010.

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Após cerca de nove músicas acústicas e 15 minutos de intervalo, aquela banda calminha agora estava deixando todo mundo surdo no Ryman com um som potente e cristalino berrando nas caixas de som. Tanto que bastou a primeira pancada na bateria para toda audiência se levantar, e permanecer em pé durante todo o restante da apresentação. “Funeral”, que surgiu no set acústico, retornou elétrica para encerrar um grande show que teve números como “The First Song” e “Knock Knock” cantadas em coro. No bis, o ponto final foi uma versão de “Am I a Good Man”, do Them.

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Após o show, com a fome pedindo atenção, ainda deu tempo de conhecer o Hooters (pub com meninas de blusinhas decotadas e shorts) a título de experiência. Não tinha como não se lembrar de Jerry Seinfeld explicando que olhar diretamente para um decote de uma mulher é como olhar para o sol: você precisa virar o rosto na hora. É estranho (assim como o topless é estranho), mas não é ruim. É só… infantil. Mas a ruivinha Red Hook Audible Ale, de Seattle, desceu tinindo e trincando. Hora de dormir. Amanhã (ou melhor, hoje!), Memphis.

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Ps. O grande show do dia, na verdade, foi esse abaixo. Na esquina da Broadway com a Second Avenue, o bando de caipiras do Free Dirt mandava ver um hillbilly de altíssima qualidade em instrumentos improvisados (olha só o “baixo”). Preste atenção também na moça bancando castanholas com garfo e colher! Foda!

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abril 29, 2013   No Comments

Nashville está em débito com Dylan

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Sábado em Nashville. Você vai, faz planos, se arruma direitinho, pega sua câmera e quando chega à porta do hostel está ventando muito e despencando um tremendo toró. Mas poderia ser pior: imagine se você estivesse participando da maratona que aconteceu neste sábado de manhã na cidade… O máximo que conseguimos fazer foi chegar ao Riverfront Tavern, pub do lado do hostel, onde pretendíamos tomar café da manhã, que foi trocado por tacos apimentados para Lili e uma pizza (estilo Sadia) de peperoni para mim. Ainda assim, valeu: o pint de Turtle Anarcky Rye IPA, de Franklin, Tennessee, é sensacional.

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Após comprarmos um guarda-chuva e alguns posters de época numa lojinha bacana da Broadway, nos encaminhamos para o Country Music Hall of Fame Museum. O passeio normal sai por US$ 24, mas recomendo o de US$ 35, que inclui um tour especial pelo Studio B, da RCA, que é fora do complexo do museu. Responsável por criar o “som de Nashville”, o Studio B registrou mais de 35 mil canções, sendo que mil delas foram grandes hits nos Estados Unidos, e muitas delas, sucessos mundiais. Elvis Presley gravou 200 canções neste estúdio, que hoje é utilizado por alunos em aprendizagem de técnicas básicas de gravação analógica.

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Debbie, a senhora simpática que foi nossa guia, contou animadamente dúzias de histórias sobre o Studio – e, em conseguinte, sobre Nashville. Já na antessala do estúdio, ao lado de posters de artistas que gravaram na casa, Debbie mostra alguns hits produzidos no Studio B, e a voz emocional de Roy Orbinson rompe o silêncio cantando “Crying”. Seguem-se Don Gilson (“Oh Lonesome Me”), Dolly Parton (“I Will Always Love You”, mas poderia ter sido “Jolene”, também gravada aqui) e The Everly Brother (“All I Have to Do Is Dream”), com o grupo de turistas acompanhando o vocal da canção. Bonito.

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Na sequencia entramos no estúdio, que ainda mantém a mesma configuração de época, e exibindo o piano preferido de Elvis Presley (que gravou muitas canções gospel aqui). Mais uma sessão de canções em alto e bom som, com Debbie fechando os olhos e acompanhando emocionada o registro feito na metade do século passado neste mesmo estúdio. Quem teme fantasmas pode até se assustar, afinal, soa estranho ouvir pessoas cantando canções no mesmo lugar em que elas foram gravadas pela primeira vez, mas 40 e tantos anos atrás, mas o momento traz certa dose de lirismo, e o passeio, apesar de simples, vale a pena.

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De volta ao Country Music Hall of Fame Museum, um passeio pelo desconhecido. Criado em 2001, o museu é uma aula que nos coloca frente a frente com centenas de artistas que nunca ouvimos falar – no Brasil. Claro, os mais famosos estão lá, gente como Hank Williams, Dolly Parton, Johnny Cash, Patsy Cline, Merle Haggard e Willie Nelson marcam presença em trajes doados, violões e imagens de época. Elvis Presley também marca presença com seu imenso Cadillac e seu piano de ouro, mas gostei mesmo de ver os sapatos de camurça azuis, de Carl Perkins, e a roupa bordada de Gram Parsons.

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O que nos deixou encucados, no entanto, é a forma como o museu em particular, e a cidade como um todo, ignora Bob Dylan, o maior artista norte-americano vivo (grifo meu). Ok, Dylan sempre foi mais folk que country (embora podemos discutir sobre Elvis), mas tem lá seus flertes com o estilo além de ter gravado na cidade um álbum fundamental, “Blonde on Blonde” (1966), e os outros dois seguintes: “John Wesley Harding” (1967) e “Nashville Skyline” (1969), este último o único disco de Dylan encontrado nas lojas da cidade (em CD e vinil). Talvez seja difícil lutar contra a força dos mortos, mas Nashville está em grande débito com Bob.

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Já é domingo no Tennessee, e esse é nosso último dia em Nashville. Inicialmente eu iria tentar esticar até Lynchburg para conhecer a velha destilaria de Jack Daniels, há cerca de uma hora e meia daqui, mas vai ficar para a próxima. Nos planos atuais estão uma visita a um brewpub muito bem recomendado pelo Ratebeer além de uma conferida numa loja de discos recomendada por amigos. Isso sem contar o tour pelo mítico Ryman Auditorium, e o show do Band of Horses que iremos assistir lá mesmo no começo da noite. Isso tudo, claro, se não estiver ventando e chovendo muito…

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abril 27, 2013   1 Comment

EUA 2013: Quatro cervejas em Nashville

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1) Turtle Anarcky Rye IPA, de Franklin, Tennessee

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2) Rock Bottom Speacility Dark, de Nashville, Tennessee *

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3) Shock Top Belgian White, de St Louis, Missouri

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4) May Day ‘Boro Blond, de Murfreesboro, Tennessee

Ps. A Rock Bottom tem mais de 30 pubs espalhados pelo país, e cada um produz a cerveja que é consumida na casa.

abril 27, 2013   No Comments

Dia 1: na capital da música country

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“Parece uma cidade cenográfica”, diz Lili assim que descemos a Second Avenue em direção a Broadway. São pouco mais de 10h de sexta-feira, acabamos de chegar de viagem e nosso check-in só será liberado às 13h. A arquitetura com resquícios de Velho Oeste, mas muito bem cuidada, e a praticamente não existência de pessoas na rua faz com Nashville pareça uma cidade fantasma, mas ali pelas 11 e pouco da manhã já começam a soar, em alguns dos diversos pubs do centro, a batida country que é marca registrada  da cidade (e movimenta seu turismo), deixando a certeza: Nashville é uma cidade noturna, e acorda tarde.

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Fundada em 1779, Nashville mudou seu rumo na história quando, em 1927, uma emissora de rádio tirou o programa diário que tinha sobre ópera colocando no lugar algo mais popular, uma música então chamada de Barn Dance, que nada mais é do que a música country, estilo facilmente identificável na cidade, seja na voz das garotas que lotam as calçadas sonhando em ser a próxima Taylor Swift, seja nas dezenas de lojas de botas de couro ou nas imagens de velhos ícones como Elvis Presley e Johnny Cash.

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Impressionantemente bem cuidado, o centro da cidade reflete a renovação urbana e econômica proposta nos anos 90 pelo então prefeito (e depois governador) Phil Bredesen. É ele o responsável pela construção do Country Music Hall of Fame and Museum (de desenho piegas em forma de piano, cujo “anexo”, em forma de violão, é quase três vezes maior que ele e deve ser inaugurado em 2014), da Nashville Public Library e da enorme Bridgestone Arena (que no próximo dia 03 de maio receberá Black Keys e Flaming Lips em show conjunto).

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Após nos entregarmos aos prazeres das sodas (há uma loja sensacional de refrigerantes na esquina do hostel), decidimos enrolar no Hard Rock Café (“Eu devo isso para aquela Lili de 13 anos”, justifica ela). Logo em frente há um Rock Bottom, uns dos pubs mais bacanas que conheci na viagem anterior (e que irei bater ponto novamente logo logo), e a movimentada Broadway Avenue ainda traz, em suas esquinas, um Johnny Cash Museum (esqueceram do museu e só trouxeram o gift shop) e uma sensacional loja de doces especializada em… maçã caramelada.

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Após fazer o check in e tentar colocar o sono levemente em dia por cerca de duas horas, partimos para o primeiro destino turistico da cidade: a Third Man Records, a loja que Jack White abriu em Nashville em 2009, e vende compactos e vinis de sua gravadora além de farto material de badulaques. Menos de 20 minutos caminhando e cá estamos em frente a um prédio nas cores preta, vermelha e amarela. É preciso tocar a campainha para que Jenna, uma ruiva de meias arrastão e muita simpatia, abra a porta. A loja é pequena, mas seus dois ambientes são impecavelmente decorados, e é possível deixar uma boa grana aqui!

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Consigo resistir a comprar a vitrolinha portátil do selo (US$ 160 dólares – acho que encontro uma melhor e mais em conta em Nova York), e fico frustrado ao saber que a cabine individual para gravar compactos não está disponível, mas enquanto rola o vinil branco de “Elephant”, do White Stripes, no som, separo camisetas, um vinil de uma session do Cold War Kids nos estúdios da Third Man (US$ 15), um single do Raconteurs e namoro o exemplar em vinil azul transparente do disco ao vivo recente que Jack White prensou para os sócios do fã clube da loja, que não está à venda.

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Num corredor todo vermelho há discos de ouro do White Stripes na parede (namoro também o box “Under Great White Northern Lights”, que está US$ 175 enquanto tento entender um “revolucionário” novo toca discos da casa – veja aqui). O registro de um show de Jerry Lee Lewis na frente da loja custa US$ 16 em CD e US$ 15 em vinil, e uma estampa de camiseta à venda no mostruário avisa: “Vinyl Is Killing the MP3 Industry”. Cerca de seis pessoas superlotam a lojinha, e duas mulheres conversam com Jenna: “Como é o Jack White?”, elas querem saber. “Amazing”, responde a vendedora.

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É fim de tarde e começa a garoar insistentemente. Decidimos nos recolher para aguardar o horário do show que Cory Chisel and the Wandering Sons. O local é o Mercy Lounge, um prédio com dois palcos e vários bares temáticos. Quem toca hoje no palco maior, The Cannery Ballroom, com ingressos sold out é o The Weeks, banda de southern rock de Jackson, Mississipi. Cory Chisel irá se apresentar no palco menor, The High Watt, e pouco mais de 100 pessoas (com média de idade de 30 anos) estão no local bebendo Brooklyn Lager e Fatwire Amber Ale (US$ 4,50 a lata, preço de balada). O local lembra o Studio SP, apesar do palco estar (corretamente) no fundo da casa, e não no meio, e da infra e som serem muito melhores.

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Um trio comandado por Derek Hoke abre a noite repetindo de forma competente algo que Elvis fez em 1957 (ainda assim, a boa cover de “Houses of The Holy”, do Led, merece registro). Cory Chisel é figurinha fácil por ali. Conversa com todo mundo, fica na lojinha (que, na verdade, é uma mala com vinis, CDs e camisetas – US$ 15 os vinis, US$ 10 os CDs) e bebe as três primeiras doses de uísque Jameson da noite. De repente, Brendan Benson aparece e se porta como “gente como a gente”. Conversa a animadamente com amigos, abraça Cory Chisel e assiste ao show sossegadamente do nosso lado.

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No palco, as canções de “Old Believers” causam alvoroço (antes deste há outros cinco álbuns – desde 2004), e o suporte da loirinha Adriel Harris (a Laura Lavieri dele) se destaca. No momento mais inusitado da noite, Cory diz que irá tocar uma canção em homenagem ao cara que estampa a porta do banheiro masculino da casa (no feminino está Debbie Harry), o que parece deixar uma interrogação na testa de alguns, que por fim pedem um cover de Bruce Springsteen. Cory bate o pé e manda uma boa versão de “Guns of Brixton”, do Clash. “I’ve Been Accused”, “Born Again” e um reggae safado (“Brendan me disse que eu nunca mais voltaria o mesmo de lá: não sei se ele estava dizendo da Jamaica ou de Nashville”, brincou) renderam alguns dos grandes momentos da noite.

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Na saída, a chuva aperta, mas o Mercy Lounge fica numa bocadinha e de difícil aceso. Decidimos arriscar até a avenida, e conseguimos arranjar um taxi. O motorista nos pergunta de onde somos e assim que digo que somos do Brasil, ele emenda: “Nas últimas três horas peguei um cara de Israel e depois um da Finlândia. E agora vocês do Brasil. Neste taxi!”, se surpreende. Não há melhor maneira de dizer que Nashville é uma cidade turística, não é mesmo.

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abril 27, 2013   1 Comment

EUA 2013: Em Nashville…

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Cá estamos na capital do country. Viagem muito boa de São Paulo para Atlanta, e serviço de imigração super rápido (Castillo, o policial tatuado e com cara de poucos amigos, só perguntou destino, quanto dinheiro tínhamos em cash e quando voltaríamos, e bye bye). O voo de Atlanta para Nashville também foi numa paz e a vida segue. Já demos uma boa volta no centro da cidade (a Broadway Street é muito legal), e era quase 11 da manhã quando os violões começaram a ecoar nos pubs. O fim de semana promete…

abril 26, 2013   No Comments

Trilogia das Cores, de Kieslowski

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Escrevi este texto em 1998, e deve ter sido um dos primeiros textos sobre cinema que publiquei, ainda na terceira edição da versão on paper do fanzine Scream & Yell. Eu havia rabiscado algumas coisas antes, e publicado aqui e ali (havia um site em Taubaté na segunda metade dos anos 90 que aceitava colaborações, mas guardei pouca coisa do que publiquei lá). Logo que o Scream & Yell veio para a internet, em 2000, puxei ele do jeito que estava na versão em papel, e republiquei. Ontem à noite, vasculhando vídeos do Youtube, encontrei os três filmes na integra e legendados (assista abaixo), e resolvi recuperar o texto (do jeito que escrevi 15 anos atrás – com direito a erros, vícios, inocência, desconhecimento e utopias).

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Importante dizer: a “Trilogia das Cores”, de Krzystof Kieslowski, é bastante acessível em DVD. Primeiramente saiu uma edição caprichadíssima da Versátil em 2006, com um box contendo os três filmes e extras interessantíssimos (como o quarto vídeo deste post). Questão de dois ou três anos depois, os três filmes apareceram em edições mais simples (e mais em conta) via Spectra Nova, e você pode encontrar as duas edições em sites como Submarino e Mercado Livre (com preços entre R$ 10 e R$ 15 cada DVD no relançamento da Spectra, e R$ 30 e R$ 40 no da Versátil). Ainda que você opte por vê-los nos links abaixo, recomendo fortemente ter os DVDs em casa, pois estes três filmes são obras primas que merecem serem vistas e revistas. Sempre.

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Trilogia das Cores, de Krzystof Kieslowski
por Marcelo Costa
1998/1999

Talvez você, assim como muita gente, não goste do cinema europeu por achá-lo chato demais. E, na maioria das vezes, é chato mesmo. Mas, se toda regra tem uma exceção, Krzystof Kieslowski, cineasta polonês, é a exceção desse caso. Kieslowski filmou um total de 23 filmes, dentre os quais se destacam “Amator” (1979) – que conta a história de um cineasta abandonado pela mulher – e o “Decálogo” (1988 – feito para tv), dividido em dez partes contando cada uma, um mandamento bíblico. O destaque é o sexto mandamento, “Não Amarás”, que conta a história de um jovem (”Entre o amor platônico e a violência do desejo”, conforme anuncia o cartaz) que corta os pulsos ao ser rejeitado por uma mulher mais velha.

Mas sua obra-prima ainda estava por vir. Morando em Paris e desiludido com a política, Krzystof resolveu filmar as dores do mundo. A Trilogia das Cores, inspirada nas cores da bandeira francesa, e em seus significados, é um dos momentos mais poéticos do cinema nessa década.

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“Bleu, A Liberdade é Azul” (1993) é o primeiro e é um drama. Julie (a bela Juliette Binoche de “O Paciente Inglês”) perde o marido (famoso compositor) e a filha pequena em um acidente de carro. Tenta se matar, mas não consegue, pois se acha fraca até para fazer isso. Fica só. Livre. E ser livre é, muitas vezes, difícil. Um flautista de rua lhe diz que é preciso se agarrar a algo, mas ela já não quer mais nada, pois bens, recordações, amigos, vínculos são tudo armadilha. Gostaria mesmo é de pular no espaço, no céu azul, mas no fundo sabe que não se pode renunciar a tudo. Kieslowski transforma dor em sublimação. “Bleu” é um filme silencioso, mas todos os sentimentos são para qualquer um tocar. Cada um é livre para fazer o que quiser embora a liberdade maior seja estar vivo. A fotografia é linda e a trilha sonora, do inseparável Zbigniew Preisner, sinfônica e imponente.

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“Blanc, A Igualdade é Branca” (1993) é o segundo e o mais perto que Kieslowski chega de uma comédia. Para Karol Karol (Zbigniew Zamachowski), estar vivo não é nada fácil. Polonês de Varsóvia, ela vai à Paris e é humilhado. Sua mulher, Dominique (a linda Julie Delpy de “Antes do Amanhecer”), pede o divorcio, pois diz que Karol Karol não “consumou” o casamento – o que já é comédia demais, afinal, imagina ser impotente com uma mulher linda como Julie, que, diz em francês algo tipo “Se digo que te amo, você não entende”. Em Paris, tudo dá errado, desde seu cartão de crédito ser cancelado até ser alvo de um tiro certeiro de um pombo. Acaba sem dinheiro, sem passaporte e sem esposa. Consegue voltar para a Polônia dentro de uma mala, mas, ao chegar lá, a mala é roubada (sujeito de sorte). Quando, enfim, consegue chegar a sua casa, está todo arrebentado. Volta a trabalhar normalmente e com o tempo arquiteta um plano para montar uma fortuna que o possibilite aplicar as mesmas peças na ex-esposa, afinal, a igualdade é branca, como um véu de noiva, como a neve, como pombos voando e como um orgasmo. “Blanc” é cômico, mas não chega a ser uma comédia. Kieslowski fez um belo filme que, se não fica a altura de “Bleu” e “Rouge”, com certeza alegra coração e alma. A trilha de Preisner é pontuada por tons melancólicos extraídos de clarinete com suavidade e, ás vezes, silêncios. Ah, já ia me esquecendo. A profissão de Karol Karol no inicio do filme era cabelereiro…

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“Rouge, A Fraternidade é Vermelha” (1994) é o terceiro e último e é simplesmente sublime. Parece mais uma poesia sem palavras amparada em uma fotografia magistral e no rosto de Irene Jacob (musa de Kieslowski que havia feito com ele, dois anos antes, o misterioso “A Dupla Vida de Verónique”) flutuando em tons vermelhos de carros, sinais fechados, bolas de boliche, outdoors, cerejas e sangue. Irene é Valentine, modelo suíça vivendo em Paris, longe do namorado ciumento. Sua história é interligada a de um jovem que estuda para ser juiz. Certa noite, Valentine atropela uma cadela e ao leva-la ao endereço da coleira, conhece um estranho senhor que passa seus dias ouvindo ligações telefônicas dos vizinhos. Desse encontro surge uma amizade iniciada em repulsa, mas que, aos poucos, modifica a vida dos dois personagens. Kieslowski brinca e se diverte com os acasos, com destinos marcados para se cruzar, pois a inevitabilidade existe, embora cada um tenha que viver a sua própria vida. Para ele não é difícil adivinhar os caminhos da vida. Basta se comunicar. Olhar nos olhos. “Rouge” é arrepiante e sua cena final, uma pequena surpresa, mas só para quem assistiu aos outros dois. Ravel passeia com seu Bolero em várias cenas e é a base da excelente trilha sonora de Preisner. “Rouge” transborda poesia e possibilidades, em silêncios comoventes, mesmo quando caí um cinzeiro, mesmo quando vidraças se quebram, mesmo quando um alarme de carro dispara. É tudo como se incendiássemos gelo. Água que escorre entre os dedos e deixa, por fim, as mãos molhadas…

Consagrado internacionalmente após a trilogia, em 1995, Kieslowski abandonou as câmeras dizendo que estava achando tudo muito chato e preferia viver ao invés de fazer cinema. E não fez mesmo. Não teve mais tempo. Morreu de enfarto, aos 55 anos, em março de 1996. “A Liberdade é Azul” ganhou o Leão de Ouro em Veneza como melhor filme e melhor fotografia, tendo ainda Juliette Binoche como melhor atriz. Binoche também ganhou o Cesar que também foi concedido ao filme nas categorias melhor montagem e melhor som. Para fechar, três indicações ao Globo de Ouro: Melhor filme estrangeiro, melhor música e melhor atriz. “A Igualdade é Branca” deu o Urso de Prata em Berlim para Kieslowski como melhor diretor. “A Fraternidade é Vermelha” ganhou Cannes como melhor filme, o Cesar por melhor trilha sonora e foi indicado ao Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro e ao Oscar como melhor direção, melhor roteiro e melhor fotografia.

abril 24, 2013   No Comments