Três filmes que eu tinha receio de ver
“360” (360, 2011)
Minha expectativa em relação ao novo filme de Fernando Meirelles não era das melhores. Vários amigos e conhecidos de redes sociais haviam criticado duramente o filme, mas eis que “360” surge como uma bela surpresa. A assinatura principal, no entanto, é do roteirista Peter Morgan (“A Rainha” e “Frost/Nixon”), que costurou várias histórias que poderiam ter o subtítulo de “O Mundo é um Ovo”. “360” começa em Viena, com uma jovem garota eslovaca (Lucia Siposová) posando para um cafetão sob o olhar reprovador de sua jovem irmã (Gabriela Marcinkova). O primeiro cliente de Blanka é Michael (Jude Law), um empresário britânico casado com uma diretora de galeria de arte, Rose (Rachel Weisz), que tem um caso com o fotógrafo brasileiro Rui (Juliano Cazarré), que namora Laura (Maria Flor), que descobre a traição e foge para o Brasil encontrando pelo caminho o pai alcoólatra de uma garota que desapareceu (Anthony Hopkins) e um recém liberto ex-criminoso por abuso sexual (Ben Foster). A trama não para por ai, e Peter Morgan pula de uma história para outra com leveza, abandonando personagens e focando apenas no acaso. A vida, como sabemos, segue. Eis um filme que não soa pretensioso – apesar de ser. Recomendo.
“A Viagem” (Cloud Atlas, 2012)
Um dos filmes indies mais caros de todos os tempos tornou-se um dos grandes fracassos da temporada (custou 100 milhões de dólares e arrecadou 27 milhões) muito pela dificuldade do trio de diretores, os irmãos Andy e Lana Wachowski (“Matrix”) e o alemão Tom Tykwer (“Corra, Lola, Corra”) em adaptar a contento o complicado romance “Cloud Atlas”, de David Mitchell (lançado em 2004). E era realmente difícil. “Cloud Atlas” compila seis histórias paralelas em períodos diferentes de tempo – que começam em um navio no Pacifico em 1850 e seguem até um período futurista pós-apocalíptico. A reencarnação une cada um dos personagens, e, por isso, vários atores tiveram que se dividir em diversos papeis. Tom Hanks, por exemplo, é um senhor no mundo futurista, um gerente de hotel no período pré-Segunda Guerra Mundial, um médico leviano no final do século 19, um péssimo escritor em 2012 (numa das cenas impactantes do filme – principalmente se você for um crítico – risos) e por ai vai. O texto utópico e sonhador aliado a critica forte ao capitalismo comovem em vários bons momentos, mas maquiagens terríveis, um demônio verde ridículo e trechos piegas fazem de “Cloud Atlas” uma montanha russa de altos e baixos. Não desista. É ruim, mas é bom (e tem Halle Berry!)
“Jogos Vorazes” (The Hunger Games, 2012)
Dos três filmes deste post é bem provável que este tenha sido o que tenha me causado mais receio em ver. Aliás, muitos amigos deixaram passar, e perderam uma boa história que desperdiça passagens (e personagens) com bobagens futuristas (tal qual como “Cloud Atlas”, embora até este tenha bons momentos neste quesito), mas cujo saldo final é positivo. Inspirado no primeiro livro da trilogia lançada pela escritora norte-americana Suzanne Collins a partir de 2008 (ou seja, vêm mais adaptações pela frente), “Jogos Vorazes” flagra uma nação pós-apocalíptica chamada Panem constituída por 12 distritos que são governados por uma Capital, que para mostrar seu poder, realiza anualmente um “jogo” onde são escolhidos um menino e uma menina de cada distrito, e estes 24 jovens entre 12 e 18 anos precisam lutar pela sobrevivência – e matar seus adversários. A adaptação correta de Gary Ross valoriza a crítica de Suzanne Collins (que assina o roteiro junto com o diretor e Billy Ray) ao mundo Big Brother que vivemos. Em uma das grandes cenas do filme, o canal que transmite os jogos (semelhante a um BBB) manipula imagens (e os próprios personagens do jogo) para conseguir mais audiência. Jennifer Lawrence está ok e a trilha sonora, com músicas inéditas de Decemberists e Arcade Fire, merece atenção em um filme correto (e piegas) para ver e pensar.
0 comentário
Faça um comentário