Random header image... Refresh for more!

Cervejas frutadas: Mongozo e Timmermans

tim450.jpg

Os europeus temperam cerveja com frutas há séculos. Na Bélgica, lar do estilo mais antigo do mundo, o Lambic, eles colocam pêssego, cereja ou framboesa em suas lambics desde a antiguidade. Os alemães acrescentam xarope de fruta para aliviar a acidez de sua famosa Berliner Weisse assim como limonada ou soda na Pilsen, criando um gênero conhecido como Radlermass, que, hoje em dia, já vem engarrafado de fábrica, o que não substitui a boa mistura tradicional: na Grécia, onde a Radler é conhecida como Shandy, certa vez um barman misturou na torneira: metade chopp, metade soda. Ficou ótimo.

A popular Cervejaria Hoegaarden, da Bélgica, além de produzir a melhor e mais popular witbier do mundo (temperada com cravo e casca de laranja), tem versões Citrus e Rosée (muito vendidas em festivais como Rock Werchter, em Leuven, e Cactus, em Bruges). Já a Mongozo, que apesar de se apresentar como belga tem sua fábrica nos Países Baixos (mais propriamente na  Holanda), investe em sabores exóticos. O primeiro rótulo da casa, a Mongozo Banana, foi lançado em 2001, e de lá pra cá, o exilado político Henrique Kabia já lançou versões de Coco, Quinua e Nozes Africanas.

A Mongozo Coconut, como é de esperar, leva coco em sua fórmula – além de açúcar e quinua (e, claro, malte, lúpulo e água). Assim que a garrafa é aberta, um aroma forte de coco toma conta do ambiente remetendo a bala de coco, maria mole, sabão de coco e coisas assim. O paladar não engana: você está bebendo um suquinho de coco de 3.6% de graduação alcoólica. Não espere uma cerveja complexa, mas sim um “drink” de coco indicado para pessoas que não gostam de cerveja. Há até um amargor, mas o que fica é o adocicado enjoativo do coco.

Com a Mongozo Banana é tudo diferente. Cerveja tradicional do povo Masapi, do Quênia e da Tanzânia, a Mongozo Banana traz a fruta dominando o aroma artificial (mas remetendo mais a chiclete) com algo de malte acompanhando discretamente. O sabor artificial de banana é perfeitamente identificável no paladar, sem concorrência. O malte de cereal compõe bem o conjunto de uma cerveja bastante adocicada, mas não enjoativa como o Mongozo Coconut. Um boa cerveja pra refrescar e que tem estofo para conquistar apaixonados pelo estilo weiss.

tim451.jpg

Já a Timmermans é uma autentica cervejaria belga. Fundada na vila de Itterbeek, a 20 minutos do centro de Bruxelas, a Timmermans fabrica Lambic deste 1702 seguindo ainda hoje o ritual da fermentação espontânea. Além de produzir versões Gueuze (mistura de barris de lambic novos, bastante ácidos, com envelhecidos, mais suaves) e as populares Kriek (feitas com ginja, uma versão bastante ácida da cereja, fruta popular na região de Bruxelas), a Timmermans ainda faz Lambics com Pêssego, Framboesa, Abobora e Frutas Vermelhas.

A Timmermans Framboise pertence ao gênero das lambics frutadas juntando aromatizantes de framboesa (em muitas outras cervejarias é a própria fruta, o que melhora consideravelmente o resultado) com a lambic para obter o resultado final: no aroma, muita framboesa (mas em versão aritificial de ki-suco), frutas vermelhas e um leve azedo proveniente da mistura de lambics. No paladar, o adocicado artificial surge primeiro, mas logo o amargor, um leve salgado e a forte acidez tentam equilibrar. Parece suco de framboesa com sidra. Fraquinha, mas ainda assim interessante.

Por sua vez, a Timmermans Pêche Lambicus, que segue o mesmo formato de produção da Framboise (adição de aromatizante natural de pêssego na refermentação da lambic), é mais interessante. O aroma, claro, é de pêssego em calda, mas é possível sentir a interessante acidez da lambic já nas narinas. No paladar, o pêssego dá o primeiro bote, mas a lambic mostra sua cara com uma patada de amargor e acidez que transformam o conjunto em algo bem especial. O final é levemente salgado e persistente (com toques de vinagre). Muito boa.

tim452.jpg

Tanto as duas Mongozo (Banana e Coco) assim como as duas Timmermans (Pêssego e Framboesa – também é possível encontrar as versões Kriek e Strawberry) já podem ser encontradas no Brasil, ainda que o preço não seja tão convidativo. As primeiras saem entre R$ 16 e R$ 22 (a garrafa de 330 ml) enquanto os rótulos da Timmermans variam de R$ 17 a R$ 21. São cervejas interessantes para ampliar o paladar de uma bebida que, no Brasil, tem apenas uma cara, mas, na verdade, é extremamente variável adaptando-se a cada momento.

Mongozo Coconut
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: Holanda
– Graduação alcoólica: 3,6%
– Nota: 1,88/5

Mongozo Banana
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: Holanda
– Graduação alcoólica: 3,6%
– Nota: 2,51/5

Timmermans Framboise
– Produto: Lambic Fruit
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 4%
– Nota: 2,50/5

Timmermans Pêche Lambicus
– Produto: Lambic Fruit
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 4%
– Nota: 2,88/5

Leia também:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
– Forest Bacuri, uma cerveja com fruto amazônico (aqui)
– Witbier Taperebá segue a risca o caminho aberto pela Bacuri (aqui)
– Wells Banana Bread: uma cerveja que merece ser provada (aqui)
– Kriek Boon, uma cerveja com cereja. Pode rolar romance (aqui)
– Jabuticaba Beer, destaque da mineira Casa Piacenza (aqui)
– As experimentações curiosas da francesa Bourganel Brewery (aqui)
– Liefmans Fruitesse é um ótimo exemplar do estilo fruit beer (aqui)

0 comentário

Nenhum comentário no momento

Faça um comentário