Random header image... Refresh for more!

007, Frankenweenie e Aqui é o Meu Lugar

007.jpg

“007 – Operação Skyfall” (Skyfall, 2012)
Saudado pela crítica estrangeira com tiros de escopeta e adjetivos elogiosos, a 23ª encarnação de James Bond não é essa coca-cola toda que estão tentando vender, mas tem lá seus muitos méritos. Terceiro e melhor “episódio” da série com Daniel Craig no papel de 007 (relembrando, os anteriores foram o ótimo “Casino Royale”, de 2006, e o ok “Quantum of Solace”, de 2008), “Skyfall” é aquilo tudo que o fã da série idolatra: perseguições sensacionais de tirar o fôlego, beldades de deixar homens e mulheres apaixonados e o cinismo inabalável do personagem. O ponto alto de “Skyfall”, porém, é seu vilão, não um maluquete qualquer que deseja “conquistar o mundo” (ufa, ainda bem), mas sim um ex-agente motivado por vingança, que ganha um colorido digno de indicação de Oscar na interpretação hilária de Javier Bardem (a cena de introdução do personagem é, fácil, Top 3 do ano). Mesmo com toda adrenalina e diversão (e com Adele), “Skyfall” continua sendo excessivamente entretenimento para ser esquecido assim que se sai da sala de projeção, como uma Montanha Russa em um parque de diversões. Neste ponto, a saga Bourne entrega mais (do capítulo “Quando a cópia supera o original”).

frank.jpg

“Frankenweenie” (2012)
Nova investida de Tim Burton no formato de animação em stop-motion, “Frankenweenie” é uma declaração de amor em forma de cinema. Primeiramente ao cinema b preto e branco dos anos 30 e 40 (citações de “Frankenstein”, “Drácula”, “Lobisomem”, “Godzilla” e “Múmia” – entre outros – se acumulam durante a projeção); depois ao próprio universo Burton: “Frankenweenie”, cuja ideia original surgiu do curta-metragem homônimo – e com pessoas reais – que o cineasta realizou em 1984, também soa como uma releitura de “Edward Mãos-de-Tesoura” (1990) – e a participação de Winona Ryder reforça a premissa. Um universo de personagens infantilmente sinistros volta à ativa em “Frankenweenie”, provocando a nostalgia que invade o espectador e o faz buscar, em suas memórias, seu primeiro bichinho de estimação e seu provável primeiro contato com a perda e a morte – assim como seu primeiro filme de terror. Burton questiona instituições como Escola, Família e Estado (o discurso do professor de ciências é corrosivo) num filme (bonito, mas excessivamente) reverente, sonhador e leve, que não tenta podar o sonho infantil – o final feliz atesta.

lugar.jpg

“Aqui é o Meu Lugar” (“This Must Be The Place”, 2012)
Paolo Sorrentino integra a nova safra de cineastas italianos e surpreende nesta sua boa estreia em língua inglesa. Com titulo retirado de uma canção do Talking Heads (David Byrne, inclusive, participa de um momento chave da trama), “Aqui é o Meu Lugar” tem como personagem principal Sean Penn, em excelente atuação, como um roqueiro norte-americano, gótico e decadente, que sofre com fantasmas de suicidas, o envelhecimento e o custo do abuso do uso de drogas. Ele vive num exilio voluntário em Dublin, na Irlanda, casado com uma bombeira (Frances McDormand), e sua fala é arrastada e frágil – assim como sua postura, que só se acomoda perante o espectador com cerca de meia hora de filme –, embora as palavras sejam, geralmente, diretas. A MTV planeja um comeback, mas ele decide ir ao encontro do pai – e, bingo, de si mesmo – numa road trip pelos Estados Unidos que acaba se transformando numa caça a um nazista. Sorrentino trata a passagem da adolescência (adultescência) para a maturidade com didatismo visual, o que corrobora uma visão moralista: o que é estranho e diferente é imaturo. Uma pena: “Aqui é o Meu Lugar” é um bom filme até o minuto final, quando escorrega e põe quase tudo a perder. Ainda assim, tem seus méritos (como a boa trilha).

novembro 19, 2012   No Comments

Três cervejas: Rameé, Baladin, Way

baladin.jpg

A Baladin – através de seu mestre cervejeiro Teo Musso – é a precursora do renascimento das cervejas artesanais na Itália. Teo inaugurou a cervejaria em 1986 em Piozzo, uma cidadezinha de mil habitantes. De lá pra cá, a Baladin acumula dezenas de prêmios e um catálogo de cervejas de dar água na boca: são 12 rótulos divididos em quatro categorias – Birre Speziate (Picante), Birre Puro Malto (Puro Malte), Birre Luppolate (Lupulada) e Birre Stagionali (Sazonal) – e geralmente apresentadas em belas garrafas de 750 ml.

Esta beleza da foto é a Baladin Open Noir, versão especial de um dos hits da casa italiana, a Open. Nesta versão Noir, Teo Musso acrescenta alcaçuz Calábria na receita, buscando acalmar uma IPA bastante rebelde. No aroma deslumbrante, notas nítidas e ricas de frutas cítricas (abacaxi, maracujá) bailam com lúpulo. No paladar, o alcaçuz tenta combater com doçura o amargo da alta dosagem de lúpulo. O resultado é uma cerveja adocicada que valoriza o alcaçuz e o malte de caramelo sem desmerecer o amargor do lúpulo. Uma cerveja bela e corajosa.

ramee.jpg

Localizada no coração da Bélgica, no Brabante Valão, cerca de 50 minutos de Bruxelas, a Abadia de La Ramée (de monges cistercienses) produz, desde o século 13, queijos suaves, patês de carne de porco e, claro, cerveja. Como várias outras abadias francesas e belgas, La Ramée sofreu com as guerras territoriais e religiosas da Europa. Foi incendiada e reconstruída. Durante a Revolução Francesa foi fechada e parcialmente demolida para ser reaberta no século 20, e tombada pelo Patrimônio Histórico em 1980.

A Rameé Blond é tudo aquilo que se espera de uma cerveja belga de abadia. O aroma, cítrico e frutadíssimo, remete a baunilha, abacaxi e flores. No paladar, o álcool (8%) pede passagem sem constranger o freguês. O toque na língua é bastante suave e as notas frutadas não chegam a entregar aquilo que os aromas anunciam alcançando um resultado equilibrado, mas pouco complexo. É uma boa cerveja cuja acidez desce riscando a garganta e deixa pelo caminho um rastro de malte de caramelo e álcool.

amburana.jpg

Já a Way, de Curitiba, continua em uma ascendente impressionante. Logo depois que a American Pale Ale da casa foi premiada como melhor do país no 1º Prêmio Maxim de Cervejas Brasileiras, os curitibanos investiram no projeto de cerveja colaborativa, que rendeu a Way 8 Secrets num primeiro momento, e a maravilhosa Way Double APA na sequencia. Agora, a Way surge com a Amburana Lager, uma receita inspirada nas Lagers escuras e mais alcoólicas da região da Áustria, maturada em barris de madeira Amburana Cearensis.

Lançada em setembro de 2012, a Amburana Lager traz um aroma suave com notas de malte defumado, madeira, frutas escuras (uvas e, intensamente, ameixas), toffee, café e álcool (são 8,4% de graduação alcoólica). O paladar licoroso renova as notas do aroma com o álcool saltando à frente e os tons de madeira, ameixa e caramelo bailando com o lúpulo, que se arrasta deixando marcas amargas pelo caminho até o final denso e saboroso – que remete à café. O pessoal de Curitiba está de parabéns. Eles acertaram de novo.

Apresentada no Beer Experience 2012, a Way Amburana Lager já está sendo engarrafada e pode ser encontrada em alguns empórios (em São Paulo precisa procurar bem) entre R$ 15 e R$ 17 a garrafa de 310 ml. As garrafas de 750 ml da Baladin saem por cerca de R$ 50 (estavam sendo vendidas por R$ 20 no Beer Experience) enquanto as Rameé Blond podem ser encontradas entre R$ 16 e R$ 22 (garrafa de 330 ml) – as deste post foram compradas no Clube Flamingo, novo boteco de cervejas especiais na Rua Antonio Carlos, esquina com a Augusta. Recomendo.

Baladin Open Noir
– Produto: IPA
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 3,84/5

Rameé Blond
– Produto: Belgian Golden Strong Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 3,82/5

Way Amburana Lager
– Produto: Wood Aged Beer
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8,4%
– Nota: 3,84/5

amburana1.jpg

Leia também:
– Uma das melhores do país: Way Double American Pale Ale (aqui)
– Cinco rótulos da cervejaria curitibana Way Beer (aqui)
– Ranking Pessoal -> Top 200 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

novembro 19, 2012   No Comments