Top 5 do Festival LAB 2012
Fotos por Liliane Callegari
Maceió, no último fim de semana de outubro, rendeu muita praia, sol, camarão e cerveja, e uma sequencia rara de shows de alto nível em um mesmo evento. Em sua quarta edição, o Festival LAB dividiu-se em três datas buscando exibir ao público alagoano apostas e novas referências da música brasileira e latino-americana destacando um line-up cuidadoso e muito bem selecionado. Entre os nomes, gente como Momo, Franny Glass, ruído/mm, Holger e Mellotrons além do Top 5 pessoal abaixo apenas do último fim de semana (que contou com uma noite em parceria com o Coletivo Popfuzz).
01) Jair Naves
Jair Naves sempre foi um cara que se entrega no palco de uma maneira sem volta. Isso desde os tempos do Ludovic, quando cada show parecia ser o último. Em Maceió, sozinho com seu violão no palco do Teatro de Arena, um espaço minúsculo, aconchegante e perfeito – anexo ao imponente Teatro Deodoro –, Jair Naves se emocionou chegando as lágrimas, fez gente chorar e mostrou um repertório que, além de incluir canções do EP “Araguari” e do recém-lançado (e bastante elogiado) “E você se sente numa cela escura, planejando a sua fuga, cavando o chão com as próprias unhas”, ainda trouxe versões improvisadas de uma canção do Bright Eyes e de “Que Sera, Sera (Whatever Will Be, Will Be)”, famosa na voz de Doris Day. Um show para guardar na memória.
02) Coutto Orchestra de Cabeça
À primeira vista, prostrados no palco, esse combo que vem do Sergipe lembra o Móveis Coloniais de Acajú. Um pouco pela formação extensa (neste caso, um sexteto que se multiplica no palco) e outro tanto pela metaleira (trombone e trompete, muito bem usados). Mas, felizmente (Móveis é muito legal, mas não precisa de cópias), os sergipanos apostam num instrumental que une beats com sertanismo, que eles mesmos apelidaram de eletrofanfarra (que será o nome do álbum que eles lançam no começo de 2013), e que convida à dança mesmo quem nunca os tinha ouvido – um mérito e tanto. No LAB não foi diferente. O público do festival caiu no forró, gesticulou o tango só faltando a rosa nos lábios, valsou, cumbiou, bailou, pulou e aplaudiu muito um grupo que merece animar muitas cidades Brasil (e, principalmente, mundo) afora. Fique de olho neles. Vale a pena.
03) Tratak
Ali pelo finalzinho de seu show de estreia (abrindo para Jair Naves), Matheus Barsotti resumiu a apresentação (e o próprio álbum “Agora Eu Sou Silêncio”) como uma terapia pessoal. O show em Maceió marcava o lançamento de seu álbum de estreia (após anos de serviços prestados como baterista de bandas como Margot, Alfajor, Labirinto e Stella-Viva), e, enquanto contava histórias nos intervalos das canções, fazia o público rir, mas assim que começava a dedilhar o violão (eventualmente acompanhado por Heitor Dantas), levava os presentes para seu mundo pessoal, uma casa pintada com tintas depressivas e delicadamente sombrias. O resultado foi uma daqueles raros momentos em que o desnudamento artístico não só comove como se transforma em admiração. Um belo show.
04) Gato Zarolho
Jogando em casa, o Gato Zarolho deu uma pausa na produção do segundo disco para ser recebido com louvação no Festival LAB. As músicas do primeiro álbum, “Olho Nu Fitando Átomo” (2010), foram cantadas em coro pela plateia, e Marcelo Marques, vocalista e violonista, aproveitou para mostrar várias canções do vindouro segundo álbum. A sonoridade é, perdoe a simplificação grosseira, MPB de faculdade: bem escrita, bem tocada (e cada vez mais musicalmente ampla) e com um q de intelligentsia que anda fazendo falta não só no mainstream nacional como também no cenário independente. Em homenagem aos Guarani-Kaiowás, o grupo sacou do baú uma composição grandiosa de Caetano para fechar a noite: “Um Índio”. Extremamente oportuno.
05) Lise + Barulhista
Ainda no caminho para o festival, Daniel Nunes (o “Lise”, e também baterista da elogiada Constantina) falava sobre seu desapego com o formato canção propondo-se a compor trilhas-sonoras. Ao vivo, neste encontro com Davidson Soares (o “Barulhista”), o som que saia dos dois laptops, teclados e eventualmente da bateria (alternada pelos dois músicos) era algo em constante desenvolvimento, e poderia ser descrito como trilha sonora para provocar e ampliar os horizontes musicais de um público cada vez mais apegado a banalismos. Perfeitamente adequados ao LAB (e a seu público), Lise + Barulhista fizeram um show contemplativo, mesmo com as porradas de Daniel nos pratos da bateria, e serviram como uma excelente introdução para uma noite de música variada de alta qualidade.
Veja também:
– Download: baixe o CD do Festival LAB 2012 (aqui)
– Download: baixe “Agora Eu Sou o Silêncio”, do Tratak (aqui)
– Download: baixe o CD do Jair Naves (aqui)
– Ouça o EP “Aratu Milonga”, do Coutto Orchestra de Cabeça (aqui)
– Download: baixe os CDs do Lise (aqui) e do Barulhista (aqui)
0 comentário
Faça um comentário