De Campos do Jordão, Baden Baden (1)
Posso até estar errado, mas acredito que a primeira cerveja brasileira independente, com rótulos diferentes das tradicionais, a circular com força no mercado, foi a Baden Baden. A cervejaria foi criada por quatro amigos em 1999, na cidade de Campos de Jordão, inspirados no restaurante de um deles na cidade, datado de 1985, que servia chopp artesanal de excelente qualidade. Este chopp acabou se tornando a primeira cerveja da casa, em 2000.
De lá pra cá, a Baden Baden cresceu muito até serem adquiridos pela Schincariol em 2007 pela pequena fortuna de R$ 30 milhões. Muita gente temia que os novos donos mexessem na boa receita original, mas vários relatos apontam, inclusive, melhoras em alguns rótulos, que hoje em dia são oito: Pilsen Cristal, Lager Bock, Golden Ale, Red Ale, 1999, Dark Stout e Weiss além da sazonal Celebration Inverno. Vou dividir em dois posts de quatro cervejas.
O passeio pela Baden Baden começa pela Weiss, que traz as notas frutadas com acentuação de banana características de uma cerveja do estilo além de um pouco de cravo e fermento (tudo aquilo que você já sabe e que é obrigatório). O paladar, um bocadinho sem corpo, segue a risca o que o aroma adianta: notas persistentes de banana, mínimo de malte e lúpulo comportado (mas presente) numa cerveja que impressiona (e merece crédito) pela sua leveza.
A 1999, por sua vez, é inspirada nas bitter ale inglesas, o que o aroma extremamente maltado corrobora assim que o freguês abre a garrafa. Há, ainda, sugestões de ameixa, melaço, cereja e malte tostado. É no paladar, porém, que a 1999 decepciona um pouco (ou, vendo por outro lado, conquista aqueles que não são atraídos pelas inglesas): o amargor é suave demais (embora deixe um rastro no final) em um conjunto adocicado que deixa o lúpulo na retaguarda. Mas tem bala pra conquistar muitos corações.
Seguimos com a Stout da casa. O malte torrado não deixa dúvidas em relação ao estilo desta negra intensa que nasceu em Campos do Jordão, mas tem descendência irlandesa. O aroma ainda traz sugestão de café, chocolate amargo e madeira, tudo replicado com louvor no paladar, cujo amargor é muito mais arte do malte torrado do que do lúpulo – o que também a torna levemente adocicada (mas muuuuito longe de uma Malzbier, por favor). Gostosa e bem interessante.
Já a Red Ale é a Barley Wine da casa, uma das preferidas dos fãs da cervejaria, não indicada para quem está começando no paraíso das cervejas especiais, porque sua intensidade pode inibir o bebedor acostumado às cervejas de balcão. E bota intensidade: são 9,2% de álcool muito bem distribuídos num conjunto cujo aroma maltado de caramelo (levemente tostado) e a sugestão de frutas vermelhas bailam com o álcool numa dança convidativa de dulçor e amargor. Não só uma das melhores da Baden Baden, mas na elite das cervejas brasileiras.
Com boa distribuição da Schincariol, a Baden Baden pode ser encontrada com facilidade em diversos supermercados entre R$ 10 e 12 (a garrafa de 600 ml), e valem o investimento. Há um tour – que não fiz ainda, mas já estou planejando – pela microcervejaria em Campos de Jordão, que parece cuidadoso e interessante. É preciso agendar via telefone, e as informações estão todas no site oficial. Enquanto isso, vou preparando as próximas quatro garrafas…
Baden Baden Weiss
– Produto: Weiss
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,2%
– Nota: 2,89/5
Baden Baden 1999
– Produto: Bitter Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6%
– Nota: 3,03/5
Baden Baden Stout
– Produto: Stout
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 2,95/5
Baden Baden Red Ale
– Produto: Barley Wine
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 9,2%
– Nota: 3,08/5
Leia também:
– Top 700 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
0 comentário
Faça um comentário