Keith Richards, Rolling Stone Alone
“Os tiras estavam armando o cerco, usando todos os recursos possíveis e inimagináveis para pegar um único guitarrista. É claro que o gerente do hotel devia saber, mas ninguém nos avisou nada. A polícia subiu direto até o nosso quarto. Meu filho Marlon normalmente não teria deixado nenhum policial entrar, mas eles estavam vestidos de garçons. Eles não conseguiram me acordar. Por lei, o sujeito tem que estar consciente para ser preso. Eles levaram 45 minutos… A lembrança que tenho é de acordar com eles me dando uns tapas e perguntando: ‘Quem é você? Você sabe onde está e por que estamos aqui?’. Respondi: ‘Meu nome é Keith Richards, estou no Harbour Hotel, mas não tenho a mínima ideia do que vocês estão fazendo aqui’. Antes disso eles tinham encontrado o meu estoque, que tinha aproximadamente 28 gramas (de heroína). Era muita coisa. Não mais do que um homem como eu precisava, quer dizer, não dava para alimentar uma cidade. Me prenderam e, devido a quantidade, fui acusado de tráfico – o que no Canadá resulta em uma longa sentença de cadeia. (…) Fui solto sob uma fiança de muitos dólares, mas tomaram meu passaporte e minha liberdade estava restrita ao hotel. Eu estava aprisionado, e ainda tinha que esperar para ver se iam me prender. Ian Stewart sugeriu que eu usasse aquele tempo de espera para gravar algumas músicas (os Stones tinham deixado Toronto para que a polícia não os envolvesse). Ele alugou um estúdio, um belo piano e um microfone. O resultado vem circulando por ai por algum tempo – KR’s Toronto Bootleg. Nós simplesmente tocamos todas aquelas músicas country, bem parecido com o que faríamos em qualquer outra noite, mas havia certa pungência naquela sessão, já que naquele momento as coisas estavam parecendo um tanto sombrias para mim”.
Trecho de “Vida”, autobiografia de Keith Richards
Nota: as oito faixas dessa sessão em Toronto podem ser encontradas em diversos bootlegs de Keith Richards, incluindo “Rolling Stone Alone” (aqui), e se tratam de versões para canções de George Jones, Hoagy Carmichael, Fats Domino e Merle Haggard. Foi a fase fundo do poço de Keith, que terminou em um acordo do músico com a polícia, após o advogado de defesa declara-lo como viciado e doente, e encaminhava o guitarrista para um período de reabilitação (ele ainda usaria a droga nos anos seguintes, mas cada vez mais estava longe do “veneno”, como ele diz no livro, terminando por abandona-la em 1979). E a saída do fundo do poço começou nesse período em Toronto…
Leia também:
– Keith Richards: “Gostar ás vezes é melhor do que amar” (aqui)
– Gram Parsons por Keith Richards (aqui)
– Quando os Rolling Stones invadiram Matão (aqui)
agosto 22, 2012 1 Comment
BIZZ: Jornalismo, causos e Rock and Roll
Documentário de 25 minutos que conta a trajetória da revista BIZZ com depoimentos de Regis Tadeu, Marcelo Costa, Ayrton Mugnaini Jr., Sonia Maia, Alex Antunes, Andre Fiori, Ricardo Alexandre, Johnny Hansen, Clemente Tadeu Nascimento, Bia Abramo e Elson Barbosa
Direção de Almir Santos e Marcelo Santos Costa (não sou eu!)
Produção: Almir Santos
Edição e trilha: Antonio Basilio
Assistente de edição: Mariana Velozo
agosto 22, 2012 No Comments