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Três cervejas: Gülmen, 77, Valentins

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 A cervejaria Gülmen é de uma cidadezinha de 50 mil habitantes chamada Viedma, às margens do Rio Negro, na Argentina, cerca de 11 horas distante de Buenos Aires. Eles fabricam artesanalmente seis estilos de cerveja (a Barley Wine da casa é muito bem cotada) e este exemplar da Gülmen Dorada Patagonica chegou a minhas mãos como um presente do amigo Nevilton, que em algum de seus roteiros de shows (quem conhece a banda sabe que eles tocam muito e em todo o lugar) a viu na prateleira e me trouxe de presente.

A Gülmen Dorada Patagonica é uma belíssima surpresa. Da família das Pale Ale, a Dorada mistura lúpulos colhidos na região patagônica do El Bolsón com os famosos Säaz da República Tcheca. Não à toa, o aroma é caprichadamente lupulado, mas traz sugestão de trigo, guaraná e melaço. O paladar reforça o que o aroma adianta: bastante lúpulo, mas com um amargor comportado, que deixa um rastro interessante de caramelo. Bem gostosa, o que faz planejar uma busca pelas demais cervejas da Gülmen.

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 A Parkbrauerei (Cervejaria Park) surgiu em Pirmasens, uma cidadezinha alemã de pouco mais de 40 mil habitantes, em 1888, e sua especialidade, desde sempre, foi a cerveja dos namorados, a Valentins Hefeweissbier. Isso continuou mesmo após a Parkbrauerei fundir-se com a Bellheimer (que nasceu em 1865) mais de um século depois, em 1995, criando um poderoso conglomerado cervejeiro que, hoje, conta com mais de 50 rótulos no cardápio (de Bellheimer a Frankenthaler, de Germania a Goldhand e muitas outras).

As famosas cervejas de trigo alemãs são típicas da Bavária, no sul do país, por isso surpreende esta bela representante do estilo sair do sudoeste, quase na fronteira com a França. Tudo aquilo que faz brilharem os olhos dos apaixonados por cervejas de trigo está aqui: o aroma traz notas de banana, trigo e cravo. O paladar não complica e cumpre o que o aroma propõe em uma cerveja bem gostosa, mas inferior às campeãs do estilo – leia-se Weihenstephaner. Ainda assim, é uma substituta de respeito e o bom preço (R$ 7 a latinha de 500 ml) ajuda.

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A BrewDog é uma cervejaria escocesa que tem apenas seis anos de vida, mas já garantiu um lugar no lado esquerdo do peito cervejeiro devido a rótulos disputados (e caríssimos) como a Paradox (uma stout de 10% de graduação alcoólica envelhecida em velhos barris de uísque escocês), a Tokyo (uma Imperial Stout de… 18,2%), a Tactical Nuclear Penguin (32% de álcool), a Sink The Bismarck, uma IPA Quadrupel de 41%, e, a exótica The End of History, cerveja de 55% de álcool embalada em esquilos de pelúcia (?). Isso fora as tradicionais. São muitas…

Desta forma, aproveitando uma promoção no meu empório predileto, trouxe duas latinhas da Brew Dog 77 Lager pra casa. Pra amigos, a apresentei (após a primeira latinha) como o que as cervejas brasileiras de balcão deveriam ser, se fossem cervejas de verdade (das “nossas”, a que mais aproxima aqui é a Serra Malte). O aroma da 77 traz o lúpulo em primeiro plano, mas o malte marca presença. O paladar segue a risca a tradição: o malte carameliza até onde deve caramelizar e o lúpulo amarga até onde tem que amargar. Linha clássica caprichada.

Gülmen Dorada Patagonica
– Produto: Pale Ale
– Nacionalidade: Argentina
– Graduação alcoólica: 5,3%
– Nota: 3,35/5

Valentins Hefeweissbier
– Produto: Weiss
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 5,2%
– Nota: 3,01/5

Brew Dog 77 Lager
– Produto: German Pilsner
– Nacionalidade: Escócia
– Graduação alcoólica: 4,9%
– Nota: 3,47/5

Leia também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

agosto 7, 2012   No Comments

Três perguntas: Continental Combo

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O trabalho de Sandro Garcia foi um dos primeiros que me aproximei quando me mudei para São Paulo no final dos anos 90. A gente já trocava correspondência ainda quando o Scream & Yell era fanzine de papel, e os dois primeiros EPs do Momento 68 (“Onde Estão Suas Canções”, de 1999, com a grudenta e impagável “1-3-4 o’Clock”, inédita de Frank Jorge; e “Ziggy”, EP de covers lançado em 2000 com canções do Yardbirds, The Who, Wilson Pickett, Syd Barrett e Love, entre outros) rodaram bastante no som de casa na virada do século (escrevi sobre “Ziggy” para a London Burning, do amigo Luciano Viana). O Momento 68 ainda lançou um bom álbum via Monstro Discos na sequencia, “Tecnologia”, mudou o nome para Continental Combo, e segue lançando discos sem se apegar a velocidade da web ao mesmo tempo em que as canções de Sandro soam como uma trilha sonora urbana. Os três discos do Continental Combo estão liberados para download no Bandcamp da banda, mas você pode encontra-los também em formato físico (junto a vários outros trabalhos de Sandro) no site da Question Mark Records. Abaixo, três perguntas para Sandro Garcia:

Como anda o processo de gravação do novo EP? Quando sai?
Este novo material, assim como toda discografia do Continental Combo (EPs e álbuns), está sendo registrado no estúdio Quadrophenia. O plano é finaliza-lo neste segundo semestre, depois vamos disponibiliza-lo para free download no bandcamp e também produzir uma pequena tiragem em formato físico, para distribuir nos shows. As gravações (são) feitas dentro das possibilidades de cada um, podem até ter adiado o resultado final, por outro lado estes espaços estão abrindo caminhos para experimentar arranjos, instrumentos diferentes e ideias que vão surgindo sem a pressa de finalizar prematuramente uma composição.

É possível encontrar os discos anteriores para comprar ou baixar? E do Momento 68?
O álbum do Momento 68 (“Tecnologia”) assim como os três discos do Continental Combo podem ser adquiridos no meu pequeno catálogo chamado de Question Mark Records. Os dois primeiros álbuns do Continental Combo estão também disponíveis para venda no site da Monstro Discos e o terceiro disco (“Conveniências na Cidade”) no site da gravadora Voiceprint. Os discos podem ser encontrados em algumas lojas como: Velvet Discos, Locomotiva, Pops, Big Papa, no Gusta Café, Sensorial Discos (loja virtual). A banda também disponibilizou seus 3 álbuns para free download e venda física no bandcamp.

http://questionmark.zip.net/
http://continentalcombo.bandcamp.com/
http://www.monstrodiscos.com.br/
http://www.voiceprint.com.br/

Você começou com o Faces & Fases e depois com o Charts, no final dos anos 80 começo dos 90. Como você vê o cenário musical hoje em dia em comparação com os anos 90?
Cada período e cada banda teve seu momento de vicio e virtude. Tento sempre olhar o lado bacana de tudo isso e desse modo continuar fazendo música. Hoje é importante um certo equilíbrio entre ter foco no que a banda quer produzir e também ter uma sintonia com a velocidade do mundo digital, que possibilitou uma grande quantidade de artistas e músicos divulgarem seus trabalhos. Estamos lidando com esses dilemas e outros como, por exemplo, acreditar na evolução do nosso trabalho autoral sem deixar de lado o prazer de dividir gostos em comum tocando com amigos em uma banda.

Próximos shows do Continental Combo:
-> 12.08 (domingo) no Espaço Cultural Walden (aqui)
-> 01.09 (sábado) no Gusta Café (aqui)
-> 16.09 (domingo) na Feira de Artes da Pça Omaguá (aqui)

agosto 7, 2012   No Comments