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Três perguntas: Harmada

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Acompanho o trabalho de Manoel Magalhães desde o começo de 2005, quando ele me procurou para mostrar “A Mesma Pessoa no Mesmo Lugar”, EP da Polar. O disquinho rodou um bom tempo no CD player daqui de casa naquele ano e no ano seguinte, batemos um papo rápido para o site e a banda acabou. Algumas cervejas depois, Manoel passou pelo Columbia, outra boa banda da safra recente carioca, antes de encontrar Juliana Goulart, Filipi Cavalcante e Brynner Buçard e formar o Harmada, que já lançou um ótimo álbum, “Música Vulgar Para Corações Surdos”, participou do tributo ao álbum “Yankee Hotel Foxtrot”, do Wilco, divulga agora o clipe para a canção “Luz Fria”, e já começa a pensar em material para um novo disco (enquanto se prepara para integrar dois novos tributos, um de metal e outro de pagode!). O disco completo do Harmada você pode baixar aqui, o Tributo ao Wilco aqui, e o clipe de “Luz Fria” você assiste abaixo.

Como anda a família Harmada?
Anda bem, crescendo com o tempo. Acabamos de fazer um show pra bastante gente no teatro Sérgio Porto, o clipe de “Luz Fria” já saiu repercutindo bastante, fomos convidados esse mês para mais dois tributos, um homenageando uma banda de metal e o outro uma banda clássica de pagode, chega até a ser engraçado, né? Mas vai ver acharam que a gente pode transitar com cuidado entre esses mundos. No mais, até o fim do ano queremos lançar um projeto de transformar as 14 músicas do disco em vídeos gravados pela cidade, como fizemos com “Sufoco” e “Avenida Dropsie” para o Música de Bolso. A ideia é documentar um pouco desse clima de metrópole que o disco tem, recebendo a influência direta da cidade na execução das músicas. Queremos fazer também um mini-documentário sobre o disco e já começar a pensar no próximo.

Como foi a produção do clipe para a música “Luz Fria”?
O clipe é o nosso segundo trabalho com a produtora Caos e Cinema, nossos amigos e parceiros aqui do Rio. A ideia inicial veio do diretor, Rodrigo Séllos, que pensava em fazer um clipe com a delicadeza do início do cinema, citando Meliés, que tivesse truques de mágica e brincasse com os efeitos especiais dessa época, isso antes mesmo de assistirmos ao filme do Scorsese ou “O Artista”, mas seria uma produção cara e que demandaria um equipe grande. Um pouco depois ganhamos o edital de Promoção de Novos Artistas, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e surgiu a oportunidade de tirar isso do papel. Gravamos na Quinta da Boa Vista, na Praia Vermelha, no camarim do teatro Dulcina e em um pequeno teatro do centro da cidade. A equipe era ótima, recheada de amigos que deram duro pra coisa acontecer, todo mundo dando um jeito de ajudar pro clipe ficar bonito.

O Harmada participa do tributo ao “Yankee Hotel Foxtrot”. O que você achou do tributo como um todo e o que representa o Wilco pra você?
Achei sensacional a ideia do tributo. Ainda mais pelo clima que envolveu a produção, cheia de amigos e feita com cuidado, por fãs apaixonados mesmo. O Wilco é um paradigma pra mim, é o símbolo de uma banda que já vive o nosso tempo e consegue sobreviver fazendo a música que eles querem sinceramente fazer. Acho muito simbólico o lançamento do “Yankee Hotel Foxtrot”, acredito que é o disco da nossa geração. Além de ser contundente no que se refere à estética, com canções pop perfeitas, tudo que envolveu o lançamento (a briga com a gravadora, o vazamento na internet), marcou o começo do que vivemos hoje com os blogs, a força das bandas independentes, todo esse processo, pra mim, tem no “Yankee Hotel Foxtrot” uma espécie de marco zero simbólico, não na questão da falência da indústria, que já é um processo anterior, mas como referência de como as coisas seriam dali pra frente.

Leia também:
– Scream & Yell entrevista Harmada, por Jorge Wagner (aqui)
– O Clube dos Corações Surdos, por Bruno Capelas (aqui)
– “Nós queremos uma vida boa”, por Marcelo Costa (aqui)
– “Yankee Hotel Foxtrot Tribute – A box full of versions” (aqui)
– Doc “I am Trying To Break Your Heart, Wilco”, por Mac (aqui)
– Baixe: “Música Vulgar Para Corações Surdos”, Harmada (aqui)

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