Londres: Jubilee Line x The Zombies
Textos e fotos: Marcelo Costa
Londres não quis deixar São Paulo solitária em dia de greve de metroviários: problemas na Jubilee Line fecharam a linha cinza desde às 16h, e o caos se fez. O bordão aqui (devido aos problemas recorrentes do metrô) é: #querovernaolimpiada (e é sério! Risos). Esse atraso fez com que quase eu perdesse o show do The Zombies, mas no fim das contas deu tudo certo. Do começo então.
Voo Amsterdã / Londres sossegado, e passagem pela temida imigração do Reino Unido mais #sussa ainda: “É a primeira vez que você vem para cá?”, pergunta a moça e antes que eu responda “Quarta ou quinta, não me lembro”, ela vê os carimbos no passaporte e começa a “brincar” (“Luton, 2008, Heathrow, 2011, Glasgow, 2009…”) e me libera na sequencia dizendo “welcome”. Como a Jubilee Line estava um caos, me senti realmente em casa (viu #kassab).
Depois de bater cabeça em várias combinações para chegar ao B&B, desisti e, pela primeira vez, peguei um taxi em Londres – a melhor coisa que eu poderia ter feito após quase um dia viajando (São Paulo -> Rio de Janeiro -> Amsterdã -> Londres). Saiu por 16 libras (uns R$ 45), o que em comparação é caro demais (afinal, se o metrô tivesse ok eu não estaria pagando nada), mas me deixou na porta do B&B, pronto para deixar as malas e correr para o show.
Banho de perfume tomado, cheguei ao Jazz Café para encontrar uma comitiva de brasileiros, entornar três pint de Guiness que desceram parecendo água (bastante potável) e ver um show beeeem bonito do Zombies. A sensação é a de um show perfeito para terceira idade, se nossos pais e avós tivessem bom gosto (e/ou tivessem sido drogados). É tudo correto, de extremo bom gosto, uma execução perfeita, uma sonoridade que muitas vezes é tão doce quanto um sonho de creme.
A qualidade da voz de Colin Blunstone (do alto de seus 66 anos) impressiona e quando o tecladista e chefão Rod Argent assume o primeiro vocal, faz muito bonito (mas seu show particular é mesmo no orgão Hammond). Alguns momentos são de fazer fãs do Beach Boys (e Brian Wilson) chorarem como criancinha, principalmente as pérolas do clássico “Odessey and Oracle” (1968): “Care of Cell 44”, “This Will Be Our Year”, “I Want Her, She Wants Me”, “Beechwood Park” e, a mais celebrada da primeira parte do show, “Time of the Season”.
A primeira parte do show traz 15 músicas, muitas delas novas (eles lançaram um álbum de inéditas em 2011, “Breathe Out, Breathe In”), e os tiozinhos (no caso do baixista Jim Rodford, que tocou uns 20 anos com o Kinks, vovô) não desapontam. O instrumental é impecável e a acústica do Jazz Café valoriza cada detalhe da canção. Em alguns momentos basta fechar os olhos para se sentir no final dos anos 60. Queria eu estar mais inteiro para apreciar ainda mais a apresentação.
Então eles anunciam uma pausa de 20 minutos, e prometem um segundo set caprichado. O corpo detonado após mais de 24 horas de voos e entorpecido por três pints de Guiness pede cama, e não resisto. Antes de deixar o Jazz Café vou dar uma bisbilhotada no set list da segunda parte: mais 10 canções e várias coisas bacanas (como “God Gave Rock And Roll To You”, da carreira solo do Argent, que ganhou cover do Kiss, e “Summertime”, famosa com Janis Joplin). Cogito ficar, mas a alma já tinha partido – bêbada. Melhor segui-la.
Set list apenas da primeira parte do show
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