Histórias de Viagem: D’akujem
Bratislava sempre esteve em nossos planos quando traçamos o roteiro de viagem de 2010 (aqui), mas não tínhamos a mínima ideia do que esperar. Seduzidos pelo Bratislover, um ticket promocional “Viena/Bratislava – Bratislava/Viena” por apenas 14 euros (que ainda lhe permite andar de ônibus gratuitamente na capital eslovaca – infos aqui), partimos em direção a Hlavná Stanica (essa), e fomos caminhando até o centro histórico.
Entramos numa ruela, dobramos uma esquina e ficamos de frente a torre Michalská Brána. No pé da pequena torre, uma mãe pobre tocava uma espécie de sanfona enquanto sua filha, em um carrinho, sorria. Demorou alguns segundos para cair a ficha, mas percebemos um casal com jeitão de turista subindo uma porta ao lado da torre, e decidimos seguir para encontrar a melhor vista da cidade (melhor até que a vista do castelo, que iríamos visitar depois).
Fizemos várias fotos do centro histórico visto lá de cima (as da Lili aqui), olhamos os objetos expostos no pequeno museu e, na saída, encantado com o local, perguntei para uma das senhorinhas (apenas senhorinhas aparentemente tomavam conta do lugar) como se dizia “Thank You” em eslovaco. Sofri algumas vezes para repetir, mas, diante do sinal positivo, sorri, e acho que alcancei uma pronuncia nota 5.
Então a senhorinha toca meu braço, mostra o ticket que estou segurando (esse da foto), e começa a falar empolgadamente em eslovaco algo que não tenho a mínima ideia do que seja. Fico atônito, Lili começa a rir, e a senhorinha, vendo o nosso desentendimento, me puxa até uma janela (a entrada do museu fica no segundo andar da torre) e aponta para algo na esquina, e também para o bilhete. A ficha cai: Farmaceutická Expozícia.
Toda sua empolgação era para que eu entendesse que o ticket de 2,30 euros da entrada do Mestské Múzeum Bratislave (o Museu da Torre) também me dava direito a conhecer o Museu de Farmácia, na esquina. O verso do ticket falava mais sobre ele. Agradeci em eslovaco, para treinar, e até chegamos a olhar a pequena lojinha que abrigava a exposição farmacêutica, mas pela correria do dia (bate e volta Viena/Bratislava) não entramos.
Ainda assim, dentre as coisas que me fazem lembrar Bratislava estão o garçom que serviu cerveja tcheca quando pedi uma “cerveja nacional” (exemplo perfeito de como o sentimento de nação ainda é confuso para eles), os prédios russos enfileirados do outro lado da margem do rio na vista do castelo, e essa senhorinha falando eslovaco animadamente para um brasileiro que tinha acabado de falar a primeira palavra em seu idioma: “D’akujem”.
É uma imagem querida…
Leia também:
– Bratislava, pequena grande cidade (aqui)
– E então, no quinto dia, o sol apareceu em Viena (aqui)
– Aqui o diário completo da viagem de 2010 (aqui)
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