Primeiro Beer Experience, em São Paulo
Texto por Marcelo Costa (http://twitter.com/screamyell)
Fotos por Liliane Callegari (http://lilianecallegari.com.br)
Com aproximadamente 25 estandes montados em uma grande área do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, mais de 130 cervejas na carta, um total de 20 pratos combinados com a estrela do dia e, ainda, shows e áreas para alimentação e diversão (incluindo mesas de bilhar e pebolim), a 1ª Edição do Beer Experience, em São Paulo, confirmou o status de vedete do momento das cervejas especiais no Brasil.
Estrela de um mercado antes restrito aos admiradores, as cervejas especiais vem conquistando um espaço cada vez maior no paladar cervejeiro brasileiro ampliando seu alcance com cervejarias artesanais localizadas em dezenas de estados brasileiros e a importação de rótulos transformando-se em negócio lucrativo – embora o preço final para o consumidor ainda esteja em um patamar elevado.
No Beer Experience, no entanto, havia cerveja – literalmente – para todos os gostos e bolsos. De R$ 5 (da Colorado Cauim, a Klein Tchec e Pilsen, Estrella e Weiss Damn, a Backer Pilsen) até R$ 200 (uma Falke Monasterium de 750 ml) e R$ 400 (uma Brewdog Sink the Bismarck com 41% de álcool) além de exemplares especiais apenas para sorteio como o da Brooklyn Black Ops (de produção de apenas mil garrafas/ano).
O preço da entrada intimidou vários consumidores (R$ 60 na hora ou R$ 40 com 1kg de alimento não perecível), que ainda teriam que pagar à parte para comer e beber no evento. Mesmo assim, um ótimo público (que aumentou consideravelmente na parte da tarde) marcou presença. Entre os destaques, velhas conhecidas do público, vários lançamentos e pequenas aulas de cultura cervejeira.
Ok. Então você está ali em um paraíso de cervejas buscando experimentar algumas das melhores cervejas do mundo (sim, as cervejas de abadia belgas também marcaram presença), por onde começar? Decidi ir atrás de cervejas que não conhecia abrindo os trabalhos com a exótica Bacuri, cerveja docinha e leve (apenas 3,8% de álcool) de Belém do Pará feita com o fruto amazônico de mesmo nome. Aprovada.
Antes de encarar o segundo rótulo, uma parada no estande do Empório Alto dos Pinheiros para forrar o estômago. A pedida: um Guiness Pie simplesmente delicioso (que a fotógrafa achou muito melhor do que o provado em Londres). Após arriscar um rótulo novo, hora de jogar em território conhecido com a mineiríssima Wals Quadruppel, a melhor cerveja nacional (ao menos para este que bebe).
A terceira do dia foi uma inenarrável Sauber Beer de… abóbora. Produzida em Mogi Mirim, interior de São Paulo, a Sauber Pumpkin Ale (4,7%) impressionou com um paladar que alternou com categoria malte, lúpulo e doce de abóbora. O cara do estande garantiu que a Sauber Honey Beer era ainda melhor (eles ainda tem uma de gengibre além dos rótulos tradicionais), mas achei prudente deixar para a próxima.
A coisa começa a ficar meio turva, mas o bonde não para. O quarto título da noite, uma francesa Bourganel Myrtilles (5%) de cor azul (leva suco de Mirtilo na receita) decepcionou. Apesar de o teor alcoólico ser o de uma pilsen tradicional nacional, o paladar – bastante aguado – lembrava suco. Não bastasse ter experimentado ela, ainda levei outros quatro rótulos da Bourganel pra casa (todos frutados). Ahhh, bêbados…
A quinta cerveja da noite foi dividida em partes iguais com os companheiros Leonardo Dias e Bruno Dias, do Urbanaque: uma linda Local 1, Belgian Strong Golden Ale altamente personal da sensacional Brooklyn Brewery. Do mesmo modo dividimos outra excelente Belgian Strong Golden Ale, uma italiana Baladin Elixir (10%). Para terminar, uma Strong Scotch Ale escocesa Traquair House Ale (7,2%).
Além das cinco Bourganel, consegui levar para casa as quatro cervejas dos Mestres das Poções (cada uma delas produzida em uma fase da lua), dois rótulos da paraense Amazon Beer e três da Antares, a maior menor cervejaria argentina. E nem falei da ótima Backer 3 Lobos Bravo – uma American Imperial Porter mineira envelhecida em barril de umburana (que o Leonardo dividiu conosco) – e da coxa de pernil que salvou o fim da noite.
O saldo foi extremamente positivo e demonstra que o mercado de cervejas artesanais e especiais no Brasil está em amplo crescimento. A organização do evento já planeja uma 2ª Edição do Beer Experience em São Paulo para 2012, mas provoca no twitter @beer_experience: “Nesse meio tempo para onde vamos? Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Porto Alegre?” Fique atento ao próximo brinde.
Informações
As argentinas Antares são distribuídas no Brasil pelo Clube do Malte, de Curitiba, que ainda comercializa molho e geleia feitos à base de cerveja (41) 8818-4038
A Bacuri, da Amazon Beer – (11) 3092-2337 – de Belém do Pará, e as Baladin italianas chegam ao resto do país com distribuição da Tarantino. (11) 3092-2337
A Bourganel, a Traquair e a St. Peters (que não provei, mas queria muito) foram destaques da cervejaria Melograno, de São Paulo. O cardápio deles é extenso e vale muito a visita, (11) 3031-2921
A Wals já pode ser encontrada facilmente em vários locais do país, mas quem ainda tiver dificuldade, vale entrar em contato com os mineiros: (31) 3443-2811
Tanto as cervejas esotéricas dos Mestres das Poções quanto a Sauber de abóbora (de mel e de gengibre) foram compradas no estande da Cervejoteca, de São Paulo (11) 5084-6047
A Brooklyn é importada pelo pessoal do Beer Maniacs (41) 3022-0740.
A Backer é uma estilosa micro-cervejaria mineira que começa a ganhar cada vez mais espaço no país (11) 2268-4203 ou 2268-3154
Vale ainda conhecer o trabalho do pessoal da Bierboxx (que entrega cervejas especiais em casa) e também da confraria Have a Nice Beer, esta última um clube que mediante uma taxa mensal envia cervejas especiais aos associados todo o mês.
Leia também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Cinco pubs de cervejarias nos EUA, por Marcelo Costa (aqui)
– Sábado em Nova York: Brooklyn Brewery e Sebadoh (aqui)
– Um ogro bebendo o champagne mais caro do mundo (aqui)
– As cervejas da Wals (aqui), da Backer (aqui) e da Brooklyn (aqui)
1 comentário
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