Uma noite inesquecível na Irlanda
Semanas atrás estive na Irlanda. Engraçado, nunca pensei na Irlanda como um destino de viagem. Depois que fiz o básico (Londres, Paris, Berlim, Roma, Barcelona e Madri) com alguns bônus (Bruxelas, Bruges, Glasgow, Viena) troquei a Escandinávia (ainda vou) por parte do Leste Europeu (Budapeste, Praga, Bratislava) e acabei descendo para a Grécia (Atenas e Santorini) chegando até a Turquia (apenas Istambul) – cometendo sempre o pecado de deixar Lisboa de fora. Mas nunca tinha pensado em Dublin ou Cork…
Então, de repente, me encontro dentro de um pequeno pub e, em um dos cantos, sentados, um senhor com um banjo, outro com um contrabaixo, um rapaz mais novo com um violão e outro rapaz com outro banjo começam a tocar uma versão dilacerante de “Out on The Weekend”, de Neil Young, em ritmo de folk irlandês de boteco com todo mundo falando alto, erguendo pints de cerveja e cantando uma letra que fala sobre abandonar tudo e começar um novo dia. Olhei aquilo e parte de mim se quebrou em pedacinhos. Que coisa linda. Havia mais. o refrão forte de “Big River”, de Jimmy Nail, emocionante:
A sessão estava apenas começando e muita coisa boa viria pela frente. A ligação foi imediata. O country e o folk norte-americanos devem muito de sua formação aos imigrantes irlandeses que baixaram nos Estados Unidos no começo do século passado. Gangues de Nova York. Martin Scorsese entende. Bob Dylan, que aprendeu boa parte do que sabe ouvindo (e roubando e se inspirando n)a expressiva coletânea sextupla “Anthology of American Music”, também. “Anthology” é um importante fruto de uma ilegalidade. E é histórico (falei mais aqui).
O movimento cíclico: os irlandeses influenciaram os norte-americanos e hoje tocam músicas norte-americanas (com um pouco de sotaque irlandês) e chega a ser impressionante como os Estados Unidos conseguiram fazer essa inversão de valores com tanto êxito (através de guerras, manipulação de interesses e outras coisas, mas independente da “ferramenta”, conseguiram – o mérito é inegável). Porém, a Irlanda herdeira dos celtas e que fala gaélico ainda é o Velho Mundo pré-Cristovão Colombo, pré-América. Fui muito inocente: era óbvio que eu iria me apaixonar por essas cidades, por esse país…
Leia também: Diário Europa 2008 (aqui), 2009 (aqui) e 2010 (aqui)
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