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Em Los Angeles, Paul McCartney

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Chegamos a Los Angeles. A primeira impressão foi estranha, uma cidade de prédios baixos, meio detonada e que parece ter vivido dias melhores. O nosso hotel fica em West Hollywood, paralelo ao trecho da Sunset Boulevard conhecido como Sunset Strip. Caminhamos bastante por ali ontem apenas observando a cidade, tentando entender a Califórnia, que, como disse um nova-iorquino durante o show do Rush no Garden, eles mesmos não entendem.

Há uma linha circular de ônibus chamada Metrô. Vi vários por aqui contrastando a informação de que o transporte na cidade é exclusivo de carro. Mesmo assim, decidimos andar alguns quilômetros da Sunset Strip observando pontos históricos (os lendários Whiskey a Go-Go, Viper Room e The House of Blues, o Château Marmont, “casa” de Leonardo Di Caprio e Jude Law na cidade – e também do personagem do filme “Um Lugar Qualquer”, de Sofia Coppola) até a Amoeba Music.

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Se você ficou impressionado com a foto da matriz de São Francisco (essa), saiba que a de Los Angeles é ainda maior (ou praticamente igual). Um universo finito de CDs que necessita de dias e dias e dias de muita atenção para ser vasculhado. E dinheiro também. Tempo não é problema, mas “money, que é good nóis não have”, então pensamos em uma passada rápida só procurando itens raríssimos que só poderiam ser encontrados aqui. Quando vimos, as duas cestinhas de supermercado estavam lotadas de itens.

E foi então que aconteceu. Eu ali, querendo sair do lugar o mais rápido possível (desistindo de comprar um toca-discos por 50 doletas e um box da coleção completa do Miles Davis – bem mais caro, mas encontrando os EPs “Eldorado”, de Neil Young, e “Avalanche”, do Echo and The Bunnymen, dois sonhos de consumo), e o Renato toca no meu ombro, não fala nada, só aponta: Sir Paul McCartney está no ambiente com três crianças (netos ou filhos da namorada, também presente, não sei ao certo).

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Ele passa por nós agitado tentado conter o impeto infantil da molecada, que quer mexer em tudo. Eles sobem em um palco, no qual Paul tocou em 2007 num pocket show dentro da loja – vídeo abaixo, e os meninos começam a brincar com um toca-discos. Paul observa o pequeno público que o fita, embasbacado, e brinca com os garotos: “Olha, vocês já tem público”. Ele desce do palco, e algumas pessoas o cumprimentam enquanto ele caminha pela loja, para em uma caixa, conversa rapidamente com o atendente, e some na calçada da Sunset Boulevard.

Nas ruas de Los Angeles, em vários lugares existem máquinas que vendem mapas com o local da casa de vários artistas. Sazonalmente há um update que inclui a casa do astro do momento, ou uma mudança de endereço de alguma estrela de Hollywood, algo meio assustador (embora muitos artistas vivam dessa idolatria) e desolador (qual a graça em observar a casa de outra pessoa, desde que ela não seja uma obra de arte arquitetônica?), símbolo de uma era em que o que outro faz parece muito mais importante que o que nós fazemos.

No entanto, cá estamos nós com Paul McCartney. Ele caminha ao meu lado, e um rapaz que vem na direção contrária estica a mão e diz “Hi, Paul”. Ele aperta a mão (cumprimentar desconhecidos deve ser algo surrealíssimo que você aprende a lidar com o tempo e com a fama) e segue loja a dentro mostrando coisas aos meninos. Minha câmera está na mochila, no locker da loja, e Renato está tão catatônico que não consegue sequer unir o ato de levantar a máquina e apertar o botão. Dá vontade de dizer um “See in Rio, Paul”, mas a voz não sai. No caixa, um atendente comenta: “Essa é uma das coisas legais de trabalhar na Amoeba”. Não tem como não concordar.

À noite, refeitos do choque, escolhemos um pub ao lado do hotel para beber uns tragos antes de dormir. Há três ou quatro pubs num raio de 200 metros, e escolhemos o Barney’s Beanery porque está passando um jogo de beisebol nos telões (hoje vamos ao estádio ver um jogo do Dodgers). Mais de 200 cervejas no cardápio. Peço uma Monty Python Holy Grail (que estava em falta hoje). 60 das cervejas da casa são nacionais, e apostei em uma ótima White Ale do Alaska! O bar está lotado de locais, e não parece de forma alguma um ponto turístico. Tem tão cara de pub que esperamos, a qualquer momento, alguém quebrar a cadeira na cabeça de outra pessoa.

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No hotel, depois, descobrimos que o Barney’s Beanery era um dos locais prediletos de Marilyn Monroe e que o pessoal do Doors bebeu muito aqui (pela barriga do Jim Morrison no fim da carreira, muito não é a toa). Tarantino escreveu trechos do roteiro de “Pulp Fiction” nas mesas do Barney’s, que entre fregueses icônicos ainda podem ser citados Janis Joplin, Clark Gable, WC Fields, Mae West, Jack Nicholson, Bruce Springsteen, Demi Moore e Adam Sandler. Caros, isso é Los Angeles. Como ficar imune?

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