Random header image... Refresh for more!

Sábado, Brooklyn e Sebadoh

newyork13.jpg

E o sol saiu, finalmente. Dia claro, lindo, decidimos continuar no tour turístico e esticar até South Ferry, para dar um passeio pelo Hudson e ver aquela mina que segura uma tocha nas mãos. Porém, não rolou. As visitas à Estátua da Liberdade precisam ser agendadas antes e a próxima data livre é só em agosto. Nada de lágrimas, afinal é só uma mina com uma tocha na mão. O tour continuou pela área que, um dia, abrigou o World Trade Center e seguiu por Wall Street, de cabo a rabo.

Ok, pontos turísticos recheados de ligações (juro que fiquei procurando um prédio em Wall Street que se parecesse com o edifício návio de “The Crimson Permanent Assurance”, da abertura de “O Sentido da Vida”, do Monty Python), mas dispensáveis (há um guia bacana chamado “Nova York: Not For Turists”, procure). O dia começou mesmo após uma caminhada pela belíssima Brooklyn Bridge (com direito a noivos e tudo mais) e, finalmente, uma visita ao distrito de mesmo nome, que apadrinha uma cervejaria.

newyork22.jpg

E não é qualquer cervejaria. A Brooklyn Brewery levanta o estandarte das cervejarias indies que lutam contra o império american lager da Ambev/Inbev. Como? Fazendo uma cerveja extremamente personal, saborosa e viciante. A fábrica fica no bairro de Williamsburgh, no Brooklyn, e abre suas portas para a visita do público às sextas, sábados e domingos, sendo que os dois últimos contam com um tour pela casa. Há, ainda, um boliche que merece uma visita.

O tour é concorridíssimo e extremamente low profile. A fila se forma a partir das 13h na rua da cervejaria e os interessados entram no bar improvisado da casa com direito a experimentar oito cervejas diretas do barril. Cada copo de cerveja de 500 ml custa 4 dólares, mas por 20 dolares você tem direito a seis cervejas. Se bater uma fome, as pizzarias da região fazem entregas no local. Ou seja, é melhor ir devagar. A pergunta que não quer se calar é: como?

newyotk3.jpg

Das oito cervejas disponíveis em torneira (as edições especiais e sazonais Local 1, Local 2 e Black Ops podiam ser compradas engarrafadas) optei por experimentar as que não conhecia, abrindo o dia com a mais forte da tarde, a excepcional Blast, uma pale ale leve, cheirosa e com a marca da Brooklyn (um toque de melado que marca todas as cervejas da casa), Na seqüência, arrisquei uma Pennent Ale, maltada e enfraquecida pela força da anterior. Pra fechar a sessão uma Weisen encorpada e deliciosa. Apropriadíssima.

E o tour, questiona o leitor. Bem, o tour da Brooklyn é improvisado numa sala ao lado do boteco improvisado da casa (e esses improvisos dão o tom de despretensão da cervejaria). Um dos caras que serviam o chopp no outro lado é quem comanda o bate papo contando histórias impagáveis da cervejaria. Como, por exemplo, a da criação do logo, assinado pelo mesmo cara que fez o logo “I Love Nova York”.

newyotk4.jpg

Consta que os donos da cervejaria queriam um logo que a aproximasse da cidade, e procuraram o cara que fez o “I Love Nova York” oferecendo 20 mil dólares pelo trabalho. O rapaz, esperto, aceitou o trabalho, mas não a grana. Pediu seu pagamento em um estoque vitalicio de Brooklyn na sua casa. Gênio. São quase meia hora em de bons causos cervejeiros que fazem quem já gostava da cerveja admirar ainda mais a cervejaria. Não tem como sair dali sem uma camiseta.

Alias, cabe aqui uma dica importantíssima. Metros antes da cervejaria há uma loja de discos excelente, a Sound Fix, comandada pelo James, que oferece CDs e vinis, novos e usados a bons preços. Tente passar na loja antes de ir pra cervejaria. Imagine-se bêbado e feliz com um monte de CDs fodas e raros na sua frente. Acontece. Aliás, aconteceu comigo e com o Renato, que deixamos uma boa grana no lugar (mas valeu a pena: peguei três CDs duplos e um triplo fodas).

Da Brooklyn Brewery, bêbados, partimos para o Bowery Ballroom, conferir o Sebadoh ao vivo. O bar do local carrega um climão barra pesada, mas as cervejas são boas (experimente a Sierra Nevada Pale Ale, ótima) e o local do show (que anteriormente abrigava um teatro de vaudeville) é perfeito para abrigar uma banda indie que tem fãs fieis, mas nunca virou mega a ponto do show não caber num lugar assim (falta um local com essa estrutura e tamanho em São Paulo).

De cara chama a atenção a qualidade do som do lugar. Assim que Lou Barlow ataca os primeiros acordes é possível ouvir com clareza absurda todos os detalhes. O show comemora o relançamento dos álbuns “Bakesale” (1994) e “Harmacy” (1996) e o repertório não economiza. De “Too Pure” a “Ocean”, de “On Fire” e “Skull” a “Magnet’s Coil” e “Rebund”. Loewenstein se alterna com Barlow no baixo/guitarra enquanto Bob D’Amico mantém a batida acelerada em um show com a adrenalina fervendo no ponto máximo. Foda.

0 comentário

Nenhum comentário no momento

Faça um comentário