New York, da 32 até a 14
O voo de Washington para Nova York foi em um jatinho bem estiloso da United para umas 40 pessoas. Uma pessoa numa janela, então corredor e mais duas pessoas. Speed (não sei se era o nome do cara, mas foi o que entendi – e foi bem apropriado), o empolgado comissário de bordo, massacrou o meu inglês claudicante falando muito rápido e fazendo muitas piadas. O tempo do voo, de apenas 40 minutos, passou voando.
Desci em Newark, o aeroporto em New Jersey, disposto a não pegar shuttle para chegar ao hotel. Queria fazer o trajeto de trem para logo entrar no clima da viagem, e também enrolar um tempo, já que o check-in estava marcado para às 15h. Peguei o trem para New York Pell Station e desci cinco minutos depois em Newark Pell Station. Errado. Não tinha nem saído de New Jersey ainda. Perdi 5 dólares na brincadeira, mas acertei na segunda tentativa.
O certo, em Nova York, seria pegar uma das linhas de metrô na New York Pensilvania Station, na 32 Street, e descer na 14 Street com a Oitava Avenida. Desencanei e fiz o caminho a pé aproveitando que as mochilas ainda não estão pesadas. A caminhada me aqueceu do frio e permitiu algumas observações de primeira vista: caminhei da Nova York de Scorsese até a Nova York de Woody Allen. É tudo tão… característico, tão reconhecível.
Primeiras impressões: há uma legião de clones do Snoop Dogg falando o “cantadinho” novaiorquino (“ôôô maaaannnnn”). Impressiona a quantidade de idosos pela cidade. No geral, há uma aura de decadência estilosa – ao menos nos 14 quarteirões que andei – que, aliada ao silêncio do trânsito e reforçada pela multidão de fast-foods e carrinhos de hot dogs (que já viveram dias melhores), chama a atenção.
O frio é cortante. Minhas mãos estão doloridas pelo vento. Já já parto atrás de blusa, cachecol e agasalho. Gringo sofre (Marco Tomazzoni sabe). Se ao meio dia parece que o mundo vai congelar, imagina às 22h quando eu estiver deixando algum show. Melhor se preparar. O check-in está feito (o quarto do The Jane é minúsculo, mas bastante aconchegante – dica bacana do Paulo Terron) e agora é hora de ir pra rua.
É bom lembrar: tudo primeira impressão. O que realmente importa: gostei de estar aqui (uma grande notícia para quem passou um bom tempo relutando os EUA e essa viagem). Talvez seja o livro do Paul Auster, “A Invenção da Solidão”, que me acompanhou neste primeiro trajeto, o culpado por um olhar mais… delicado? cuidadoso? paciente? Não sei, e não vou tentar descobrir. Estar aqui por enquanto basta.
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