Cinco fotos: Praga
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março 21, 2011 No Comments
Três filmes: Naomi, Natalie e Juliette
“Jogo de Poder” (“Fair Game”, 2010)
A história da espiã norte-americana Valerie Plame já havia inspirado uma canção do Decemberists e agora ganha sua versão cinemão com a dupla Naomi Watts (no papel da espiã) e Sean Penn (como o marido Joseph Wilson) esbanjando carisma. O diretor Doug Liman tem mão boa para thrillers políticos, vide “A Identidade Bourne” (2002) e os dois filmes seguintes da franquia produzidos por ele – além do divertido “Sr. e Sra. Smith” (2005), outra história de espiões. Aqui, no entanto, a motivação é real. Joseph Wilson escreveu um editorial para o New York Times em que acusava a administração do presidente Bush de manipular informações (algumas coletadas pelo próprio diplomata) para justificar a invasão ao Iraque. Ou seja, a Casa Branca mentiu visando uma guerra (novidade?). No meio do caminho ferrou a vida de uma espiã que havia dedicado 18 anos de sua vida ao País. Um filmaço sobre manipulação de interesses no mundo moderno.
“Sexo Sem Compromisso” (“No Strings Attached”, 2011)
O ponto de partida desta comédia romântica inofensiva é até bacana: a câmera flagra um menino e uma menina conversando, ele tímido, ela falante: “Você é engraçada e esquisita”, ele diz. “Sim, sou esquisita”, ela concorda cinicamente. Corte: cinco anos depois eles se reencontram, paqueram e nada acontece. Mais quatro anos se passam e, bum, sexo. Natalie Portman interpreta Emma, uma garota louca (redundância, eu sei) que não quer se relacionar com ninguém, mas curte a idéia do sexo. Ashton Kutcher é Adam, o cara do primeiro fora (e de outros futuros). Eles topam encarar o lance de serem fuckbodys e, claro, alguém vai se apaixonar. Até ai, tudo bem, mas a história secundária, o roteiro, a trilha, o filme todo não precisava ser tão superficial. Não há química entre Natalie e o péssimo Ashton (era mais fácil enganar de chapado no “That 70′ Show”), mas Kevin Kline garante bons momentos quando aparece em cena. Pena que ele aparece pouco.
“Cópia Fiel” (“Copie Conforme”, 2010)
Primeira incursão européia do cineasta iraniano Abbas Kiarostami (e um dos melhores filmes do ano passado), “Cópia Fiel” discute o conceito da originalidade em uma obra de arte homenageando (ou seria copiando fielmente?) Rosselini (vale rever “Viagem à Itália”, de 1953, que flagra dois estrangeiros no ocaso do casamento) e Antonioni (e também os dois “Before”, de Richard Linklater) enquanto o casal de protagonistas passeia por uma cidadezinha da Toscana. A fotografia esplendorosa explora reflexos de vidros e espelhos (como em “Os Sonhadores”, de 2003, de Bertolucci) conseguindo resultados arrebatadores enquanto o barítono William Shimell (aqui interpretando o escritor britânico James Miller) e a atriz Juliette Binoche (como a francesa Elle) dão um show (com vários momentos de delicioso improviso) em um romance que não existe, mas que é muito mais belo do que vários que já existiram.
março 21, 2011 No Comments