Posts from — janeiro 2011
Primeiro rascunho: Estados Unidos 2011
Coachella ou FiB + Ill Be Your Mirror? Na verdade, a escolha não depende de mim. Tem entrevista de visto pela frente, e se tudo rolar bem, é Coachella na compania de Renato Moikano (@Renato_Moikano). Se, de repente, por algum motivo, não rolar (não dá para contar com o ovo, né), bora ajeitar tudo para a Europa. Mais uns 15 dias e isso já estará definido.
Esse cartaz acima é o primeiro dos fakes famosos sobre a escalação do Coachella 2011. Não tem nada confirmando, mas rolam boatos de Stones. Acho que Arcade Fire é bola dentro, e também vejo com bons olhos a possibilidade dos caras trazerem o Pulp das ilhas. Mas tudo é especulação – ainda (para o festival e para mim).
De fato, as férias estão previamente marcadas entre 02/04 e 24/04. O Coachella de 15 a 17/04. Começando a rascunhar… 18/04 a 24/04, Nova York (e torcendo para o Decemberists abrir datas em abril… nos Estados Unidos – em março eles estão na Europa). Então, só pra começar a visualizar.:
02/04 São Paulo – ? (Memphis?)
03/04 – ?
04/04 – ?
05/04 – ?
06/04 – São Francisco
07/04 – São Francisco
08/04 – São Francisco
09/04 – São Francisco
10/04 – Los Angeles
11/04 – Los Angeles (Renato chega)
12/04 – Los Angeles
13/04 – Los Angeles
14/04 – Los Angeles – Índio
15/04 – Índio
16/04 – Índio
17/04 – Índio
18/04 – Índio / Nova York
19/04 – Nova York
20/04 – Nova York
21/04 – Nova York
22/04 – Nova York
23/04 – Nova York
24/04 – Nova York / São Paulo
janeiro 6, 2011 No Comments
Serge Gainsbourg, 1928-1991
Questão de três ou quatro meses que eu estava carregando para cima e para baixo “Um Punhado de Gitanes”, biografia de Serge Gainsbourg assinada por Sylvie Simmons (essa). Lia todos os dias três ou quatro páginas numa rotina de horário comercial: abria o livro quando entrava no ônibus de manhã para ir ao trabalho, leia duas páginas e fechava (antes do enjôo), e voltava a abri-lo na volta para casa, no fim da tarde.
O modo carinhoso com que Sylvie trata seu biografado (sem poupá-lo dos escândalos – Serge amava escândalos) fez com que eu transformasse Serge em um quase amigo, e a cada página virada fosse descobrindo histórias interessantes que me fizessem admira-lo. Hoje, por volta das 7h50, entre a Alameda Santos e a Lorena, Serge morreu. E, para minha enorme surpresa, lágrimas inevitáveis surgiram dos meus olhos – como se alguém estivesse me contando naquele momento que um grande amigo morrera.
Acho que, talvez assim como Gainsbourg (um suicida otimista), eu acreditasse que ele fosse passar por todos os problemas de saúde (decorridos de décadas exagerando no álcool e no tabaco), mas não, ele morreu deitado em sua cama após um ataque cardíaco. “Para alguém tão acostumado à fama e ao escândalo, foi uma morte bastante prosaica, quase pudique. Não havia nenhuma menor em sua cama, não havia vômito de bêbado, nada de incêndio no colchão provocado por um Gitane descuidado”, escreve Sylvie.
O presidente Miterrand fez um pronunciamento. “Gainsbourg elevou à canção ao nível da arte”. A autora tenta defini-lo: “Ele era tão famoso na França quanto Elvis Presley, mas era um Elvis que escrevia suas próprias músicas; tão mutante quanto David Bowie, embora não tivesse mudado desde The Ballad of Melody Nelson, seu disco clássico; tão provocativo quanto Johnny Rotten, mas os policiais adoravam Serge, e ele continuou a provocar durante muito mais tempo; e tão culto musicalmente quanto Burt Bacharah, mas com canções sobre repolhos e excrementos”.
Um cara foda. Foda demais.
“Qual a essência do rock and roll, senão o sexo e a bebida? E o que é um poeta do rock and roll (como Verlaine certa vez descreveu Baudelaire) senão um homem moderno, de sentidos apurados e vibrantes, com sua percepção dolorosamente sensível, com seu cérebro saturado de tabaco, com seu sangue queimando com álcool”.
“Um Punhado de Gitanes”
Trecho do filme “Gainsbourg – Vida Heróica”
janeiro 6, 2011 No Comments
Riffs, Grooves e Beats no CCBB SP
O teatro do CCBB, em São Paulo, é um dos melhores lugares para se assistir a um show em São Paulo. E a partir desta terça, 04 de janeiro, semanalmente (com shows às 13h e às 19h30 ao preço de R$ 6 – meia entrada a R$ 3), o projeto Riffs, Grooves e Beats promete abrir o calendário de shows nacionais com o pé direito.
Na primeira apresentação, o Cidadão Instigado divide o palco com Karina Buhr. Dia 11, será a vez de Edgard Scandurra e Tigre Dente Sabre. No dia 18, quem sobe ao palco são Maquinado e Retrofoguetes e, para encerrar, Nação Zumbi e Ava Rocha tocam no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade. Coloca na agenda que vale a pena.
Serviço:
Riffs, Grooves E Beats
Terças-Feiras – 13h E 19h30
04/01/11 Cidadão Instigado e Karina Buhr
11/01/11 Edgard Scandurra e Tigre Dente De Sabre
18/01/11 Maquinado e Retrofoguetes
25/01/ 11 Nação Zumbi e Ava Rocha
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo
Informações: (11) 3113-3651 / 3113-3652
www.twitter.com/ccbb_sp
Teatro: 125 lugares
Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia-entrada)
Aceita cartões de crédito Visa ou Mastercard, cheque ou dinheiro
Horário de funcionamento da bilheteria: das 10h às 20h
Classificação indicativa: livre.
janeiro 3, 2011 No Comments
Três dias e meio em Salvador
23 de dezembro, 18h. A folga de fim de ano se aproximava (plantão no natal, folga no reveillon) e o plano inicial era ficar em casa os sete dias (entre 27/12 e 02/01), mas daí caiu a ficha: se ficarmos em casa vamos inevitavelmente trabalhar. A vontade era descansar e desestressar, esquecer emprego e o caos paulistano por alguns dias. Mas ir para onde oito dias antes do ano terminar?
A busca começou de modo simples. Com as páginas do Decolar e do Submarino Viagens abertas em duas janelas, e a do mapa do Brasil no Google Maps na outra comecei a buscar destinos. Primeiro tentei Montevidéu e Buenos Aires (mais caras do que pensávamos gastar) e depois fui pra Belém e, de lá, comecei a descer capital a capital procurando um vôo ok. A cidade escolhida acabou sendo Salvador.
Na mesma hora, corri para o Twitter pedindo dicas aos amigos de hotéis na cidade. A Maira (@MGoldschmidt) indicou este aqui (além de repassar dicas bacanas em seu blog), que me pareceu ótimo, e só não fechei porque o Luciano (@lubmatos), do ótimo El Cabong, fez o convite para ficarmos em sua casa garantindo dicas da cidade e muita hospitalidade soteropolitana. Primeira vez na cidade, viagem curtíssima, bora correr para os amigos. Valeu demais a pena.
Bem, um dos motivos do voo ser barato era que ele saia na terça (28/12) às 9h de Campinas e retornava de Salvador às 8h do dia 01/01 (quem voa na manhã do primeiro dia do ano? Dos 118 lugares do avião só os quatro últimos estavam vagos). Traduzindo tudo isso: teríamos apenas a tarde de terça, mais três dias inteiros (quarta, quinta e sexta) e a madrugada de réveillon para curtir Salvador. E foi bastante especial.
Encontramos com facilidade a casa do Luciano, na Vila Laura, e dicas repassadas (ele não poderia nos acompanhar porque tinha ferrado o joelho batendo baba – jogando futebol no dicionário local) lá fomos nós camelar pela primeira capital do Brasil. O dia parece começar com 30 graus logo às 8h da manhã. Sabe a frase “o sol que arde em Itapuã”? Não é apenas lá. Mas venta bastante, o que deixa a cidade bastante agradável (quando o sol se esconde atrás do mormaço espere sufoco: esquenta muito e não venta).
Roteiro básico de turista: descemos do ônibus na Baixa do Sapateiro e seguimos Pelourinho adentro até chegar ao Terreiro de Jesus e esticar ao Elevador Lacerda. Local de prostituição e drogas nos anos 60, o Pelourinho (que possui um conjunto arquitetônico colonial) foi revitalizado nos anos 80 pela administração ACM, que transformou as casas dos moradores (que foram obrigados a migrar para as extremidades do Centro Histórico) em lojas, centros culturais e restaurantes, o que deu ao local uma característica turística.
Porém, impossível não parar na frente da Fundação Casa de Jorge Amado (o imóvel azul que mais se destaca na praça principal) e relembrar Caetano e Gil cantando: “Pense no Haiti, reze pelo Haiti”. Ele também é aqui. Mas o clima é leve. Totalmente preservado, o Centro Histórico tem uma aura turística, mas suas ladeiras (e tudo que deve ter acontecido nelas durante cinco séculos) têm muita história para contar (a maioria triste) e emocionam.
O Terreiro de Jesus vem logo depois do Largo do Pelô, e é uma praça belíssima e extensa que se estende da Igreja de São Francisco em uma ponta (uma das igrejas mais ornamentadas com ouro do País) até a Basílica de São Salvador, na outra extremidade. Entre as duas há desde rodas de capoeira, barracas de acarajé, bares (Cravinho fica por ali) e algumas lojas além do prédio da primeira Faculdade de Medicina do País.
Um dos destaques da praça é a maravilhosa fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, toda trabalhada com pedra de cantaria, solução arquitetônica pouco usada no Brasil, que remete ao barroco espanhol. Encoberta com argamassa por mais de um século (visando esconder as imagens pagãs), a fachada original foi descoberta no início do século XX. E é deslumbrante – lembra algumas igrejas góticas de Londres e Paris. A visita ao interior ainda vale a pena porque é uma das poucas igrejas no País que permite visitar os andares superiores.
O Elevador Lacerda, por sua vez, é só um elevador (sem visão panorâmica nem nada). Um dos principais cartões postais da cidade, o Elevador foi inaugurado em 1873 visando ligar a Cidade Baixa à Cidade Alta, e é muito mais bonito visto por fora. Se o caso é descer, vale mais ir atrás dos três Planos Inclinados que ligam o Centro Histórico à Cidade Baixa (com a mesma tarifa de R$ 0,15 e a vantagem da vista). O Plano Gonçalves (semelhante aos Ascensores de Valparaiso, no Chile, denominados Patrimônio da Humanidade) fica exatamente atrás da Basílica – e é menos concorrido que o Lacerda.
Na Cidade Baixa, uma olhada de fora no Mercado Modelo (só fiquei sabendo depois que o Sepultura gravou o clipe que “Roots Bloody Roots” ali – relembre o vídeo aqui) e uma caminhada ao primeiro grande ponto apaixonante da cidade, o Solar do Unhão, um prédio do século XVI às margens da Baía de Todos os Santos que, desde 1969 (com trabalho de restauração com projeto assinado pela arquiteta Lina Bo Bardi), virou a casa do Museu de Arte Moderna da Bahia.
A construção e a adaptação proposta por Lina (que também assina o belíssimo projeto do Sesc Pompéia, em São Paulo) fizeram do local um charme, desde a elegante escada lateral com uma bela rampa de madeira sobre o mar até a transformação do ambiente em museu (são oito salas de exposição, um teatro/cinema, uma biblioteca, um café – e uma famosa escada helicoidal, essa aqui) com uma vista esplendorosa do pôr-do-sol na Baía. Um local para se visitar todas as vezes que eu for a Salvador daqui em diante.
Já que o assunto é museu vale encaixar o bonito Museu Rodin, instalado em um belíssimo casarão de 1912 (vale olhar as esculturas em gesso do mestre francês e o teto detalhado da casa), que ganhou um anexo respeitoso – assinado pelos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci – que se integra ao casarão e dá lugar a uma bela galeria e um aconchegante café (Lili namorou o prato de camarão ao molho de jabuticabas oferecido pelo cardápio, mas havíamos acabado de almoçar quando chegamos).
E se falamos em comida, eu provei o Acarajé da Cira (do Rio Vermelho e de Itapuã)… e não gostei. Lili curtiu, mas achei o lance todo meio sem gosto (e eu nem gosto tanto de camarão assim). Fugimos dos pratos quentes (apimentados), e me encontrei numa das melhores dicas do Luciano, a carne de fumeiro, carne de porco defumada na fumaça (e que lembra muito um pedaço suculento e delicioso de… bacon). Muito popular na Espanha e em Portugal, a carne de fumeiro é quase desconhecida no Brasil. Mas não na Bahia. Aleluia. Só uma coisa: pra que tanto coentro na comida????
No quesito sabores valeu demais a visita a Sorveteria da Ribeira, na compania do chapa André Mendes (@andre__mendes) (lembra da ótima banda Maria Bacana?). Provei os sabores de Cajá e, por engano, Tapioca (eu pedi Caipiroska). Ainda bem. Fiquei completamente viciado no sorvete de Tapioca, uma delicia de dar água na boca. Lili apostou (e se deu muito bem) no destaque da casa, o também maravilhoso sorvete de Coco Verde (lembra água de coco). André, que nasceu e cresceu no Bonfim, nos levou por um tour pela região, com direito a pôr-do-sol na Ponta do Humaitá e muitas histórias.
Ainda teve banho de mar no Porto da Barra (eu ficava o dia inteiro lá se me deixassem, mas mesmo com protetor sai queimado ficando só de 8h às 11h), almoço na barraca Buraco da Velha (uma ótima pescada amarela) aos pés da praia (completamente lotada) e também na Pedra Furada (recomendo, recomendo) e réveillon na casa da Lilla (parceira de cerveja e bom humor e papo constante) com muita gente legal e várias histórias do rock baiano (conheci Ronei Jorge, grande cara).
Teve muito mais coisas (e só foram três dias e meio!), mas acho que o principal é isso. Então você me pergunta: o que você achou de Salvador? A resposta é difícil de se condensar em poucas palavras por tão pouco tempo, mas a impressão foi ótima. No começo, um certo descuido com a cidade chamou a atenção e lançou uma dúvida: isso é fruto de descaso político (prefeito, governador) ou o jeito de ser soteropolitano? Ou uma mescla dos dois? Por que as praias (belíssimas e limpas) sugerem imponência e as casas, boa parte, parecem desgastadas?
Uma frase de Lina Bo Bardi (de uma exposição no Solar Ferrão, no Pelourinho, analisando sua passagem pelo Nordeste) saltou aos olhos: “A não importância da beleza”. Entendi essa frase não como um descaso com o que é belo, mas sim uma leveza em relação a ele. A liberdade é bela (Lina faz questão de frisar: “Aí eu vi a liberdade”), e tudo mais funciona como amarras de certa condição do que se convencionou dizer que é bonito e feio. E Salvador, mesmo desgastada, é bonita. Pois a beleza é ser livre (e ser feliz).
Ainda assim, um projeto assinado pelo escritório paulista Brasil Arquitetura (que trabalhou no Museu Rodin – e recheou de móveis da Lina o café do local) pretende recuperar a Cidade Baixa, sufocada pelo trânsito de veículos e com dezenas de imóveis condenados nas encostas. A reportagem (de abril de 2010) publicada na Folha levanta questões de ordem política (penso no social: para onde vão os moradores pobres da região?), mas o projeto parece interessante (veja aqui). Talvez seja a cidade se dedicando ao turismo (o grande gancho econômico do novo século), querendo ficar bela para o olhar (soteropolitano ou não). Desde que a liberdade se preserve, tudo bem.
Terceira maior cidade com habitantes do País (oitava da América Latina), São Salvador da Bahia de Todos os Santos já foi a cidade de maior desigualdade social do Brasil, em ranking da ONU de 2007 (o posto em 2010 é de Goiânia.) Têm bairros que parecem cidadezinhas de interior (como Santo Antônio, com coreto na praça e tudo), uma pressa no trânsito que joga pelo ralo o estigma da preguiça e um jeito para o batuque (no axé e no candomblé) que contagia e parece correr no sangue. É uma cidade com o poder de encantar (e fazer pensar) em três dias e meio. Ainda volto com mais tempo.
Fotos: Liliane Callegari (mais aqui) e Marcelo Costa (mais aqui)
Ps. Obrigado Luciano, Lilla e André por tudo!
janeiro 3, 2011 No Comments
As demos caseiras de Lennon e McCartney
Circa 1959/1960. Paul e John emprestam um gravador caseiro para registrar um ensaio da dupla, algumas vezes escudada por Stu Sutcliffe (já assistiu “Backbeat – Os Cinco Garotos de Liverpool”?) e outras por George Harrison. O registro traz coisas como “Wild Cat” (Gene Vincent), “One After 909” (música de Lennon composta em 1957 que só foi lançada no álbum “Let It Be”, 1970), “That’s When Your Heartaches Begin” (Elvis Presley), “I Don’t Need No Cigarette, Boy” (inédita de Lennon e McCartney) e “That’s When Your Heartaches Begin” (muito conhecida nos anos 50 com Les Paul e Mary Ford) e muito mais.
Algumas canções destas sessões caseiras apareceram no “Anthology 1”, como “Hallelujah, I Love Her So”, de Ray Charles, aqui em uma versão um pouco mais extensa, “You’ll Be Mine” e “Cayenne”, tema instrumental escrito por Paul McCartney, mas a maioria das canções do CD bootleg lançado em 1996 pelo selo Madman Records é inédita comercialmente. As canções, liberadas pelo colecionador Philip Cohen, podem ser baixadas aqui. E se você quiser vasculhar o acervo de Cohen, respire fundo e vá de coração aberto. Clique aqui e divirta-se.
janeiro 2, 2011 No Comments
A última canção do Terminal Guadalupe?
e a primeira do BrancaleoneZ…
“Olá. Como você já ter ouvido por aí, o Terminal Guadalupe vai encerrar suas atividades em definitivo. O show de despedida ficou para 06/02, às 15 horas, na Arena Mundo RIC, em Guaratuba (PR) – um domingo de verão à beira-mar. “Força” (baixe aqui) é a última canção da banda. Eu fiz a letra e a musiquei com ajuda de Fábio Serpe e Cláudio Farinhaque. Tem um quê de Big Star, de Teenage Fanclub, de… Cascadura! Espero que gostem. Apesar de gravada ao vivo, em 27 de maio de 2010, na Livraria Saraiva, em São Paulo, só foi mixada agora, em um belíssimo trabalho de Matheus Duarte (Match). A faixa estará na coletânea do programa Loaded. Daqui por diante, vou me dedicar ao projeto brancaleoneZ (tem um demo crua da primeira música, “Noite Branca”, sem mixagem e sem edição, aqui), mas de leve.
Obrigado pelo apoio ao longo dos anos – e, eventualmente, por ter falado mal, o que também chamou atenção para a banda.
Um grande abraço.
Feliz 2011.
Dary Jr. “
janeiro 2, 2011 No Comments
Adeus ano velho, Feliz ano novo
2010 se foi. Ainda bem. Não que o ano tenha sido ruim, muito pelo contrário. 2010 foi o ano em que o Scream & Yell foi mais comentado, falado e repercutido, e, por isso, o ano em que mais acumulei trabalho. Chegou uma hora em que eu não mais sabia se era noite, dia, se estava ouvindo um disco novo ou antigo, se estava escrevendo para uma revista, fazendo pauta para o podcast, editando textos para o site ou me preparando para as oito horas de trabalho no iG. Ou indo a shows.
Comecei 2010 trabalhando, discotecando na casa de um amigo na virada do ano e depois na Funhouse, e foi bom demais tocar “Milez iz Ded”, “Be My Baby” e “Smells Like a Teen Spirit” em alto volume no segundo dia do ano. Será que começar o ano trabalhando me fez trabalhar mais? (risos). Na seqüência vieram a segunda revisão do “Pequeno Livro do Rock”, da Conrad (esse), resenhas para a Rolling Stone e para a Billboard além dos primeiros rascunhos da terceira tour europeia.
Antes, porém, começou a saga da procura do novo ap, algo que tomou praticamente boa parte do tempo livre no primeiro semestre (e muita da paciência – rolou até vontade de processar a imobiliária). O drama que começou em fevereiro só se resolveu no começo de agosto, com uma nova casa, novos andares para a estante de CDs, um pouco de gastrite e muita dor nas costas (como disse um cara uma vez, ao pegar uma caixa de livros da minha mudança: “Cultura pesa”).
No fim de fevereiro começamos a publicar os grandes entrevistões (o bate papo com Wado em casa em novembro de 2009 foi o start). Primeiro vieram Heitor (Banda Gentileza) e Nevilton (leia aqui), que nos ajudaram a consumir 10 litros de cerveja enquanto discutíamos o novo cenário da música brasileira. Depois Romulo Fróes, em uma entrevista antológica resultado de uma noite regada a muita Leffe (leia aqui). Stela Campos e Lulina dividiram copos de cerveja tcheca conosco (leia aqui) enquanto o amigo Helio Flanders abriu o coração em um papo honestíssimo (leia aqui).
Os entrevistões surgiram da necessidade de abrir um espaço sério para discutir a música brasileira pelo olhar de uma geração que está no underground, mas devia (merecia) estar no mainstream. O método não é nada novo, mas é o mais próximo que chegamos de transformar uma entrevista em uma conversa de bar – com alguma ordem… e algumas cervejas. O repercussão foi excelente (chegou – sem crédito – até na Folha após publicarmos uma carta aberta de João Parayba, que rendeu e continua rendendo – essa), mas ainda é preciso discutir muito para entender as possibilidades que os anos 10 trazem para a nossa música. Pretendemos continuar o processo, mas isso é futuro, e aqui estamos resumindo o passado.
Em março começamos a produzir as festas Scream & Yell, na Casa Dissenso, dos amigos Erick e Muriel. Durante o ano rolaram shows de Charme Chulo, Cérebro Eletrônico, Romulo Fróes, Superguidis (em parceria com os amigos do Urbanaque) e Terminal Guadalupe lá, cinco bandas que respeitamos e admiramos muito – e fizeram grandes shows recheados de momentos inesquecíveis (meu preferido foi esse). Em março, ainda, comecei a escrever uma coluna mensal para a revista Noize, e concedi uma de minhas melhores entrevistas para a o Vinicius Bracin (leia aqui).
O grande evento pessoal do ano começou no dia 14 de maio: eu e Lili partimos para trinta dias na Europa, começando por Budapeste e seguindo por Viena, Bratislava, Praga, Barcelona, Roma, Atenas, Santorini, Istambul, Londres e Ilha de Wight. Difícil resumir tudo em um parágrafo, mas vou arriscar um top 3: Wilco no teatro Parco Dela Musica, em Roma (aqui). O barzinho em Ôia, Santorini, com uma janela com a melhor vista de todos os tempos (aqui). A final do mundial de hóquei no gelo (que a República Tcheca levou) na praça central de Praga (aqui). A viagem toda está contada aqui. Eu me divirto relendo.
Em julho foi a vez de anunciarmos a união do sites Scream & Yell, Urbanaque, Move That Jukebox! e Agência Alavanca sob o nome Confraria Pop. O projeto – que esperamos que cresça muito em 2011 – produziu noites encantadoras na Livraria da Esquina com shows de Apanhador Só, Nevilton, Rosie and Me, Do Amor, Banda Gentileza, Lestics, Jair Naves, Pélico e Rafael Castro. Bom demais estar cercado por pessoas especiais.
Também em julho começamos a gravar o Scream & Yell On The Radio, na Rádio Levis, sob auxílio do grande Edu Parez (@eduparez). O programa semanal foi ao ar (e continuará indo em 2011) todas as sextas a partir das 15h no http://radiolevis.com.br/ e você pode fazer o download de todos os 20 programas que gravamos em 2010 aqui ou aqui. No começo éramos eu e Tiago Agostini (@tiagoagostini), mas com o tempo fechamos a equipe com Marco Tomazzoni (@marcot_) e Tiago Trigo (@ttrigo). Na segunda quinzena de janeiro começamos a temporada 2011. Aguarde.
No segundo semestre aconteceram várias coisas “estranhas” (risos), mas excepcionalmente legais. Levei Robert Crumb para comprar vinis em São Paulo (e talvez este aqui seja o meu provável texto preferido do ano), fui entrevistado pelo eterno Ultraje a Rigor Roger Rocha Moreira (aqui), joguei bola no Canindé com Rai (aqui) e tive a honra de dividir uma importantíssima mesa de debate com Jan Fjeld, do UOL, e Alex Needham, do Guardian, em um ciclo de palestras no Itaú Cultural (aqui).
O Scream & Yell completou dez anos em novembro, assinou parceria de conteúdo com a MTV e participou de diversas ações de publicidade, divulgação e coberturas de shows e eventos (Festival SWU, Feira Música Brasil e Planeta Terra em destaque – aqui, aqui e aqui). O perfil @screamyell no Twitter integrou listas bacanas de perfis essenciais (leia mais aqui) como a da revista Superinteressante (@revistasuper), da revista Vip (@revistavip)e da revista Bula (@revistabula).
Agora junta tudo isso: escrever e editar o Scream, editar e gravar podcasts, produzir as festas Scream & Yell, participar da festas e reuniões da Confraria Pop, escrever as colunas pra Noize, planejar e fazer uma viagem de 30 dias, uma mudança de apartamento, discotecagens aqui, cervejas acolá, shows e oito horas de trabalho diário (incluindo plantões). Tenho lá um pouco razão de estar cansado vai, mas estou imensamente feliz de ter chegado ao fim de 2010 tendo feito tudo isso ao mesmo tempo agora. Não tenho mais o pique que eu tinha aos 20 anos, mas tenho me esforçado bastante para fazer o que o meu coração acredita ser o certo.
2010 se foi. Ainda temos o especial de melhores do ano, que entra no ar na metade do mês, mas já respiramos 2011. Há muito o que fazer, e muitas ideias novas e parcerias legais estão surgindo. Espero, sinceramente, que 2011 seja tão cansativo quanto 2010, desde que seja tão produtivo quanto. O ano que começa, mais uma vez, parece o último ano do resto de nossas vidas. Desistir nunca foi uma opção. Não temos escolha. Mas vou tentar, ao menos, me organizar melhor. Chega uma hora (na vida e no futebol) que já não conseguimos (e nem precisamos) ir atrás de todas as bolas, mas ainda assim participamos das principais jogadas da partida. Acho que essa hora chegou. A palavra agora é foco. E, ainda, sonhar. Se não estivesse sonhando eu não estaria aqui.
Um 2011 especialíssimo para todos nós.
janeiro 2, 2011 No Comments