Random header image... Refresh for more!

Dois vídeos do Lou Reed em São Paulo

Uma frase do Marco Tomazzoni, em seu texto para o iG: “A experiência extrema do disco, ruídos e distorção pura, felizmente só serviu de inspiração – o show, ufa, tem momentos de melodia para afastar o desconforto”. Já Guilherme Werneck, em seu blog no Estadão, cravou: “Para os iniciados em noise e improvisação foi sensacional”. E realmente foi. Em cinquenta e tantos minutos intensos, Lou indicou o caminho para que Sarth Calhoun, nos computadores, e Ulrich Krieger, no saxofone e percussão, seguissem pelas densas brumas da barulheira.

Fisicamente ele está bem mais debilitado do que a última vez que cruzei com ele, em Málaga, na Espanha, três anos atrás. Aos 68 anos, Lou paga agora por uma vida de excessos. Paul McCartney, por exemplo, tem a mesma idade, e agita a galera durante quase três horas de show, se estrebucha no palco no fim após tropeçar em uma caixa de retorno, mas levanta na mesma hora e sai pulando saltitante inteiraço (assista ao vídeo aqui). Recado óbvio que fica: a maconha venceu a heroína. Mesmo assim, a lenda sobrevive.

No começo do show ele ficou brincando com uma mesa de ruídos. Depois alternou duas guitarras dando um trabalho danado para o roadie. O melhor momento da apresentação foi, inclusive, Lou castigando as cordas da guitarra com ferocidade e sorrisos. Ulrich mostrou momentos de melodia no sax e Sarth subvertia tudo via computador. O show é uma experiência sonora intensa, que faz a mente viajar. Muitas pessoas saíram do teatro desde os primeiros dez minutos reclamando do som ensurdecedor vindo do palco. Falta de aviso não foi.

Para quem ficou, Lou deu um presente de fazer a alma sorrir por meses a fio. Após o trecho final do show, em que ele posa de bad boy empunhando uma guitarra na frente do palco (único momento do show em que ele se levanta do banquinho), e os pedidos insistentes de bis, o músico voltou sozinho, sentou e tocou na guitarra uma versão carregada de barulho (e efeito de melodia de teclado) de “I’ll Be Your Mirror”, do clássico “The Velvet Underground & Nico” (1967). Finada a versão foi apertar a mão da turma de fãs que se acotovelava no gargarejo. A noite terminou com uma roadie mandando uma chuva de palhetas personalizadas. Uma delas está aqui… e eu não vendo.

😛

Leia também:
– Lou Reed dribla rigor e canta em SP, por Marco Tomazzoni (aqui)
– Lou Reed perturba de novo a ordem, por Jotabê Medeiros (aqui)
– Lou Reed ao vivo em Málaga, 2008, por Marcelo Costa (aqui)
– Lou Reed explica pq não canta as “velhas canções” (aqui)
– Lou Reed ao vivo em Sâo Paulo, 2000, por Marcelo Costa (aqui)

0 comentário

Nenhum comentário no momento

Faça um comentário