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“Eu acampei no SWU”, por Elson Barbosa

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Foto: Divulgação

À convite do Scream & Yell, Elson Barbosa (Herod Layne, Sinewave) conta como foi o camping no primeiro SWU. Divirta-se:

“Acampamento, como se sabe, é para aventureiros. Gente que se dispõe a dormir mal, comer mal, se sujeitar a diversos tipos de privações. Mas até aí megafestival também é, e a quantidade de perrengues em um pode ser tão grande quanto no outro. Quando recebi a ligação de um grande amigo me chamando para o camping do SWU, a primeira reação foi o proverbial “não tenho mais idade pra isso”. Mas tem aquele lance que idade é estado de espírito, etc, e certamente não seria pior do que um músico enfrenta durante uma turnê. Topei.

O camping do SWU até teve seus problemas. Mas estes não foram nada perto do caos que muita gente enfrentou nas saídas dos shows. No geral estávamos em um ambiente tão legal (e offline) que não sabíamos de problema nenhum acontecendo no mundo além das catracas.

Passamos por um primeiro perrengue na entrada, quando levamos quatro horas para conseguir acesso para a área de camping devido à falta de informação do evento. Informação é primordial em qualquer tipo de processo. Alguns avisos espalhados pela área teriam um custo quase zero e evitariam uma situação que custou quatro horas de centenas de pessoas. Mas ok, esse tipo de problema não é exclusividade do SWU e muito menos do Brasil – já passei por problemas bem maiores em festivais em outros países. Faz parte. Chegamos na área de camping, montamos a barraca, e partimos para o festival, já com vários bons shows perdidos.

Vale descrever a área de camping. Oficialmente um kartódromo, ficava ao lado de uma área de lazer e pescaria. A área de lazer, aberta 24h, tinha diversas lanchonetes, um restaurante, lojinhas, banheiros. A comida por lá era melhor, mais variada e mais barata que na arena de shows. Fazendo um bom planejamento de horários, era possível ir para o restaurante durante um show mais concorrido e comer sem enfrentar fila nenhuma. A área de pescaria, com seus diversos lagos artificiais, dava um ar bastante bucólico para o lugar. Ambiente perfeito para uma brisa longe da arena de shows.

Durante o dia, mais um perrengue, talvez o mais problemático. Cada pessoa tinha direito a quatro banhos controlados de sete minutos, em horários específicos. Os chuveiros foram muito mal projetados pela organização – havia vinte para homens e dez para mulheres. Isso num camping para milhares de pessoas. A fila era de em média duas horas, embaixo de um sol escaldante (ou, para quem se aventurasse a tomar banho de madrugada, embaixo de um frio congelante). Houve várias reclamações, e até um princípio de tumulto na fila das mulheres, que passava das duas horas de espera. E eis um ponto positivo para a organização – as reclamações eram ouvidas. No dia seguinte ao tumulto, aumentaram o horário para banhos, e puseram várias pessoas do staff para divulgar a informação. Apesar das filas grandes, estávamos sendo bem tratados.

A noite no camping, depois dos shows, era bem tranquila, segura e policiada. Não soube de nenhum problema de roubo ou violência por lá. Pelo contrário – a boa vibe aproximava pessoas que nem se conheciam. Em uma sala com tomadas elétricas para carregar celulares era comum formar rodas de grandes amigos que acabavam de se conhecer. Um festival não é formado só de bons shows afinal. O camping ali era parte da festa.”

Leia também:
– “Três dias de shows e polêmicas em Itu”, por Marcelo Costa (aqui)

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