Joan Crawford, Mia Farrow e Forest Whitaker
“Grand Hotel”, Edmund Goulding (1932)
Vencedor do Oscar de Melhor Filme de 1932, aliás, única categoria que concorreu (por uma provável pressão de seu estúdio, o poderoso MGM), “Grande Hotel” faz parte de uma época em que os diretores iam aos estúdios para seguir a risca as anotações dos produtores, neste caso, Irving Thalberg, que cuidou do roteiro e escalou a seleção de estrelas (e egos) que dá um baile no filme (tanto Joan Crawford quanto John Barrymore mereciam, no mínimo, uma indicação ao prêmio da Academia). A história gira em torno do cotidiano de um grande hotel – no caso, em Berlim, centro cultural e nervoso do mundo entre guerras. Greta Garbo está ok como uma bailarina decadente, mas Joan a devora mostrando charme e sensualidade no papel de uma datilografa que acaba tendo que dormir com o patrão por dinheiro. Há discussões aqui que são atuais ainda hoje.
“O Grande Gatsby”, Jack Clayton (1974)
Não li o livro, o que é uma grande falha de caráter (eu sei), mas ninguém é perfeito (como diria uma música do Fellini: “Eu quis ser”… – risos). Mesmo assim, pela fama universal do livro, eu esperava mais dessa adaptação que tem o senhor Francis Ford Coppola assinando o roteiro e Robert Redford e Mia Farrow nos papéis principais. Como filme, “O Grande Gatsby” é extremamente óbvio e pouco inspirado. Falta ritmo e desde o começo o espectador já sabe o que vai acontecer. Amores não correspondidos da juventude que a gente sempre vai carregar como uma cicatriz na alma rendem boas tramas, mas o diretor Jack Clayton e seu amigo Coppola não souberam usar o material que tinha nas mãos e o filme ficou capenga, arrastado, chato. Nem li o livro, mas arrisco sem medo de errar: fique com ele.
“O Último Rei da Escócia”, Kevin Mcdonald (2006)
Perdi de ver no cinema, o que é uma pena, pois a história de Idi Amin Dada – o ditador cujo regime é acusado de ter matado entre 300 e 500 mil pessoas em Uganda – é impressionante (e devia impressionar ainda mais na telona). Forest Whitaker está ótimo no papel do ditador, e o roteiro tenta mostrar o lado humano do homem, e consegue até certo ponto, mas não adianta: no final o que prevalece é um forte gosto amargo cujo cerne é aterrorizante: histórias de canibalismo e de assassinatos brutais. O ator James McAvoy, que sempre decora bons papéis secundários (“Desejo e Reparação”, “Coisas Belas e Sujas”, “Wimbledon”), está muito bem no papel romanceado do médico que se torna braço direito do ditador. Para ver e pensar na África.
agosto 9, 2010 No Comments