Posts from — julho 2010
O lançamento da Confraria Pop em SP
Bem, não vou me alongar muito para falar sobre a festa. Acho que nem precisa. As fotos falam por si. Mas deixa eu tentar resumir tudo em dois parágrafos. Em certo momento do show do Apanhador Só, Lili (que estava fotografando junto com a Mariana Lima) virou pra mim: “Que show foda!”. Foi tão natural e… verdadeiro. Acho que a Katchu ouviu. E ambos sorrimos por dentro. Já o show do Nevilton foi… sensacional. Fodão como os shows do trio tem sido com citação de uma constelação de gente legal.
Um bom (e bonito) público compareceu à Livraria da Esquina decorada de Festa Julina para tomar quentão, estourar biribinhas e dançar na festa que marcava a união do Scream & Yell, Urbanaque, Move That Jukebox! e da Agência Alavanca. Fiquei orgulhoso com a noite, com os shows, com as discotecagens, com as pessoas que conheci, com os amigos que foram. Até parecia uma criança… bêbada (risos). Todas as fotos da noite estão no flickr da Confraria Pop (aqui), mas selecionei essas cinco abaixo para animar você a ir lá ver as outras…
Ps. Um obrigado especial ao pessoal da Livraria e, claro, aos agora parceiros Kátia Abreu, Pamela Leme, Bruno, Cirilo e Leonardo Dias, Alex Correa, Neto Rodrigues, Tiago Agostini mais as queridas Katia Melo, Lili Callegari, Mariana Lima e Paula Sato. Estamos apenas começando…
julho 26, 2010 No Comments
Novo ap, SWU, BRMC e Rodrigo Lemos
Vazou o disco do Arcade Fire (que é bem bom), Rodrigo Lemos (ex-Poléxia) colocou seu primeiro EP solo para download, Mano Menezes foi para a seleção, BRMC fez um cover de um cover do Pogues, Roger Rocha Moreira me entrevistou, tomei uma baita porre de cervejas gringas na sexta-feira e eu e Lili finalmente assinamos o contrato do nosso novo apartamento (aos 45 minutos do segundo tempo).
Do fim para o começo: saímos da Bela Cintra para subir uns setecentos metrôs para morar na Fernando de Albuquerque, quase na esquina da Bela Cintra. Esse apartamento sempre foi uma de nossas primeiras opções por estar reformado, ser grande e bem, localizado. O dono é um economista argentino que pareceu ser bem gente boa.
Temos que entregar esse apartamento no próximo fim de semana, ou seja, temos cinco dias para encaixar coisas. Já assinamos a papelada, mas devemos pegar às chaves na próxima quarta, mais tarde quinta-feira. Na sexta já pedi folga para acelerar o processo de desmontagem das coisas no velho ap, e lá vamos nós: apartamento novo, vida nova.
A semana promete ser corrida. Tem uma pauta boa pela frente, programa da rádio Levis a ser gravado na segunda-feira, caixas a serem fechadas para mudança e o provável anúncio do próximo passo do Scream & Yell. E no próximo fim de semana ainda vai rolar discotecagem no lançamento do novo clipe do Charme Chulo (veja o flyer e coloca na agenda). Haja pique.
O lance do Roger foi bem divertido. Ele me entrevistou pruma parada ae sobre o espírito do rock and roll, e 20 anos atrás eu nunca poderia ter imaginado isso acontecer. Tirando o fato dele me sarrear dizendo que sou uma mistura do Leoni com o João Barone, o papo fluiu bem e assim que tiver algo coloco por aqui.
Outras idéias minhas foram publicadas no ótimo Rock’n’Beats, numa pauta sobre sustentatibilidade e o polêmico SWU Festival (leia aqui). Tenho uma série de reservas ao festival até o momento. Acho que o planejamento foi feito de forma errada (isso se existiu planejamento) e o line-up apresentado até agora mostra que o festival está atirando para todos os lados. Mas ainda vale dar um voto de confiança. Vamos ver onde isso vai dar.
O BRMC decidiu regravar em estúdio o clássico “Dirty Old Town”, canção de 1949 que ganhou uma versão poderosa dos Pogues, em 1985, produzida por Elvis Costello. Eles tocaram essa versão no show que vi deles em Viena, dois meses atrás, e aqui ela aparece em versão despojada em comemoração dos 50 anos das botas Dr. Martens. Você pode assistir ao clipe e baixar a canção em MP3 de graça aqui. O projeto da Dr. Martens ainda terá o Raveonettes regravando “I Wanna Be Adored”, do Stone Roses. Tudo aqui.
Quem também está voltando com material novo é Rodrigo Lemos, ex-Poléxia, que libera seu primeiro EP solo de forma gratuita. “Lemos, EP” traz cinco faixas (gostei de “Alice” e “Menina Laranja”) com participações de Alexandre Rogoski (Baque Solto), Diego Perin (Banda Gentileza) e Vinícius Nisi, Luís Bourscheidt e Thiago Chave, os três da Banda Mais Bonita da Cidade. Você pode baixar o EP aqui e ler uma entrevista com o Lemos aqui.
Por fim, ainda quero ouvir um pouco mais “The Suburbs”, o novo e intenso disco do Arcade Fire, que vazou na sexta-feira. Os caras já lançaram dois discos matadores (falei do “Funeral” aqui e do “Neon Bible” aqui) e fazia muito, mas muito tempo, que uma banda não chacoalhava o cenário pop deixando todo mundo na expectativa. Se diz algo, a primeira audição de “We Used To Wait” causou arrepios. Fodona, massssss… aguarde.
julho 25, 2010 No Comments
Flashrock, Scream On The Radio e Nevilton
O Bruno, de Londrina, foi o sorteado na promoção Converse / Scream & Yell, e vai ganhar um Converse customizado pelo pessoal do Bicicleta Sem Freio. Já os relatos do Flashrock em Belo Horizonte confirmam sucesso de público (ficou gente de fora inclusive), que foi conferir as apresentações de Black Drawing Chalks, Macaco Bong, Chuck Hypolytho, Dead Lover’s Twisted Heart, Fusile, Proa e Hell’s Kitchen Project. O Conversation conta mais sobre o evento aqui.
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Gravamos ontem a segunda edição do Scream & Yell On The Radio, na Rádio Levis, que vai ao ar na próxima sexta-feira, 15h. O primeiro programa deve entrar para download hoje, máximo amanhã. Já conseguiu passar lá para sacar os novos programas especiais? http://www.radiolevis.com.br/
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Um dos fortes concorrentes ao posto de disco nacional de 2010 caiu no twitter ontem. Viu? Aqui. Eu tenho uns dois discos na manga, mas esse dai deve balançar o cenário…
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Quer ter uma pequena idéia de como andam sendo as apresentações ensandecidas do Nevilton? Os sócios do Urbanaque colocaram no ar o bootleg “Festa Urbanaque Apresenta Nevilton na Funhouse” com o show que o trio fez na casa da Rua Bela Cintra no dia 03/07. Baixe aqui.
julho 20, 2010 No Comments
Dias cinzas
Não sei o motivo, mas dias cinzas me lembram poesia. Não escrevo uma poesia já faz uns… seis anos. Mesmo assim, uma amiga me mandou um e-mail na sexta-feira:
– O site está lindo e sempre muito interessante. Ai lembrei-me de uma coisa: a muuuuuito tempo você tinha postado uns poemas seus lá e hoje tentei relê-los, sem sucesso. Inclusive estava procurando um em especial, lembro somente de um trecho e de certa forma me sinto envergonhada por não me lembrar do título. Era algo sobre a solidão freqüentar tanto a casa que já estava pegando cerveja na geladeira.
Fui olhar os poemas (eles estão aqui) e deu tanta saudade de escrever. Nisso colocamos na minha conta o fato de eu já estar bastante tenso com a mudança de apartamento (tenso leia-se: gastrite), não ter tido o melhor dos fins de semana dos últimos tempos, e ainda ter assistido a cinebiografia do John Keats, “Bright Star”. Tuitei assim que sai da sessão:
“Bright Star: um senhor chorava de soluçar ao meu lado numa cena mais bonita que o filme”.
E conclui:
“É uma pena não poder morrer tão facilmente hoje em dia. Nos resta… chorar.”
Uma amiga, espertamente, comentou:
“Saiu tuberculoso de Bright Star? =) // A ed. Hedra tem um pocket bilingue do “Ode sobre a Melancolia” do Keats. Fino”.
Não sei se sai tuberculoso do filme, mas vou comprar o livro (apesar de preferir muito mais os franceses aos ingleses) e ver se rabisco algum poema. Um dos motivos de não escrever tanto tempo é estar feliz (e a felicidade é brega em 99% dos casos). Porém, ando triste, os dias estão cinzas e não estou conseguindo dar conta do mundo. Se você acompanha esse blog há algum tempo sabe que não existe motivo de preocupação. Afinal é melhor morrer de vodka do que de tristeza, certo.
julho 11, 2010 No Comments
Opinião do Consumidor: Baltijos Dark Red
A Lituânia é uma das três Repúblicas Bálticas (a saber, as outras duas são a Letônia e a Estônia) cuja história destaca invasões russas e prussianas, união com a Polônia, ocupação nazista, outra invasão russa após a segunda guerra mundial até se conseguir se firmar independente em 1990. Atualmente soma aproximadamente 4 milhões de habitantes e é desse país pouco conhecido pelos brasileiros que vem a Baltijos Dark Red, uma Dunkel avermelhada extremamente maltada e interessante.
A Baltijos é a mais antiga da família de cervejas Švyturys, uma cervejaria que abriu as portas em 1784 (a mais antiga da Lituânia) e que chega ao Brasil com site especial em português (veja aqui) e mais seis rótulos. O surgimento da cervejaria (número 1 de seu país) é bastante particular: um comerciante deixou de exportar cerveja alemã para a cidade e, na falta, os moradores decidiram fazer sua própria cerveja, nascendo assim a Švyturys em Klaipeda (na costa Lituana, Mar Báltico).
A Baltijos é uma boa pedida para quem gosta de cervejas adocicadas. O caramelo do malte se sobrepõe ao conjunto e se destaca, marcando não só o aroma, mas também o sabor, sem chegar a enjoar (na primeira garrafa). Há notas florais no paladar, mas o conjunto fica no meio do caminho entre uma Pale Ale (mais forte e encorpada) e uma Dunkel tradicional (mais leve e não tão adocicada). Interessante para variar o cardápio, mas não para ser consumida com regularidade.
Teste de Qualidade: Baltijos Dark Red
– Produto: Cerveja Munich Dunkel
– Nacionalidade: Lituânia
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 2,5/5
Leia também:
– Tour Europa 2010: 68 cervejas em 30 dias (aqui)
– Schmitt Barley Wine, Tucher, Edelweiss e outras (aqui)
julho 10, 2010 No Comments
Você conhece Roma? E a Roma de Fellini?
Na primeira cena, a morte (uma garota segurando uma foice) caminha em uma estrada devastada. Close na placa: Roma, 340 quilômetros. A declaração de amor do cineasta Federico Fellini à cidade eterna é simplesmente devastadora e emocionante. O cineasta caçoa da cidade que o abrigou ao mesmo tempo em que faz belíssimas declarações de amor. “Devemos ser leais a nossa natureza”. A frase justificativa é do próprio Fellini no meio do filme, após ser pressionado por alguns estudantes que não querem a Roma de todos os filmes: “simpática, confusa e maternal”. Eles querem ver nas telas os problemas dos trabalhadores, da educação.
Um produtor, no entanto, se preocupa: “Este filme será exibido no estrangeiro. O que vão pensar da nossa querida Roma? Que Roma é essa cheia de vadios, drogados, hippies nojentos, travestis e estudantes que não querem estudar? As pessoas são más”, diz o senhor grisalho com olhos de quem já viu dias melhores na cidade eterna. A saída de Fellini é voltar ao passado, direto para um velho teatro pré-guerra, em que artistas desafiam o público em números de comédia, música e dança.
No entanto, o alarme soa e todos são levados para um abrigo antiaéreo. Bombas caem sobra cidade do Papa enquanto geringonças perfuram o subterrâneo tentando expandir as linhas de metrô da cidade. “A cada 100 metros encontramos uma obra histórica”, diz em tom de pesar o dono da companhia. “Chamamos os arqueólogos e as obras param por quase um ano. Sabe desde quando existem planos de metrô em Roma? 1880. Sempre paramos na burocracia e nas obras históricas”, diz o senhor.
Fellini, no entanto, não desiste de ser leal a Roma que ele vê. Ele destrói a cidade, e a acaricia. Dezenas de pessoas almoçam no meio da rua, ao lado dos trilhos dos bondes. Uma criança grita palavrões. O pai ri. A câmera então leva o espectador para um pedágio de carros, e uma voz em off diz: “Que impressão a Roma dos dias de hoje pode dar aos turistas? Vamos entrar pela cidade de carro pela auto-estrada”. O cenário que se vê é de caos completo. Prostitutas e travestis acenam dos acostamentos, animais invadem a estrada, acidentes param o trânsito, buracos aparecem por todos os lados, a chuva alaga as ruas e o congestionamento é assustador parando no… Coliseu. Isso é Roma. Ao menos é a Roma de Fellini. Quer mais lealdade do que expor a cidade que você ama com todos os defeitos e qualidades de forma tão… visceral?
Porém, o diretor não para por ai. Ele desanca o papado em um sensacional e corrosivo desfile de moda eclesiástica. Há muito mais. A câmera passeia pelo bairro do Trastevere e flagra um escritor norte-americano que vive em Roma. Assim que vê a câmera, ele começa o monólogo arrasador: “Você quer saber por que vivo em Roma? Eu poderia dizer que vivo em Roma porque é uma cidade central, mas na verdade Roma é a cidade das ilusões. É uma cidade, antes de tudo, da Igreja, do governo e do cinema. Todos fabricantes de ilusões. Eu também fabrico ilusões, assim como você. E quer lugar melhor do que esta cidade, que já morreu tantas vezes, e ressuscitou outras tantas, para ver o verdadeiro final da humanidade através da superpopulação e da poluição? Me parece o local perfeito para ver se acabamos de vez ou não”.
A cena termina com um brinde ao final da humanidade. E de Roma. Os restos da cidade, que também podem ser chamados de fontes, são iluminados em um passeio de moto na madrugada que é pura poesia cinematográfica. Simplesmente sensacional. Sensacional. Sensacional.
julho 7, 2010 No Comments