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Coluna: Procura-se técnico de som

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Da série textos engavetados

Segunda-feira, 21h. O Arena, em Viena, na Áustria, recebe em seu palco uma das grandes bandas dos últimos anos, o Black Rebel Motorcycle Club (o Pavement iria tocar ali na mesma semana). O local – totalmente pichado – é uma velha fábrica transformada em casa de shows, e lembra um squat (casas abandonadas tomadas por punks), mas foi “remodelado” para receber shows. São vários bares em diversos ambientes, algumas barraquinhas de comida e até um furgão que vende chocolate quente e café. O palco é ao ar livre, tendo as sobras da fábrica de um lado (devidamente adaptadas às normas de segurança, com guarda-corpo de metal para o público que quer ver o show de algum dos dois andares da velha construção) e o muro do outro – com uma passarela lateral que também tem um guarda-corpo de metal, e que recebe muita gente não disposta a encarar a pista, um gramado em desnível que leva ao palco. As caixas de retorno parecem ter vivido dias melhores. O mesmo pode ser dito das caixas laterais, que vão entregar o som para o público (aproximadamente 4 mil pessoas), mas na hora que o show começa ouve-se tudo com perfeição. Baixo, guitarra, piano e bateria podem ser percebidos em suas nuances, e a qualidade do espetáculo é surpreendente. Corte para São Paulo, uma semana depois. A Virada Cultural agita a paulicéia, mas algo está errado. Seja no Palco dos Indies, seja no Palco da cantora CéU, o som é ruim, e prejudica as apresentações, que perdem muito de sua qualidade por algum motivo entre a falta de investimento em estrutura e/ou capacidade para comandar os botões de uma mesa de som. Isso não é novidade no Brasil. Meses atrás, o Coldplay – uma banda do primeiro escalão da música pop mundial – fez um show em São Paulo que uma parte do público não conseguiu ouvir, o que é um desrespeito não só com quem assiste, mas também com quem está no palco, que não consegue passar suas idéias em detalhes porque equipamento ou técnica não colaboram. A impressão é de que, no Brasil, a música está relegada ao segundo plano. Contrata-se artistas, organiza-se shows, vende-se ingressos, mas o grande momento de todo esse negócio, a hora que o artista se encontra com o público, é esquecido. Produtores contam o dinheiro, fãs reclamam do descaso, e tudo fica por isso mesmo. Os punks de Viena, com seus cabelos azuis e dezenas de tatuagens, são muito mais organizados e capazes do que os produtores brasileiros. Talvez devêssemos pensar em um intercambio. Os ouvidos agradeceriam.

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Fotos: My Space Arena Wien

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