Em Istambul, chuva
Após três dias de sonho em Santorini, acho que poucos lugares no mundo poderiam manter o nível de astral da ilha grega. Por acaso e sorte escolhemos um desses lugares para a próxima parada: Istambul, a cidade de 10 milhões de habitantes dividida entre dois continentes (a Turquia tem 3% de sua área na Europa e os outros 97% na Asia), que um dia se chamou Bizâncio (século VII A.C.), depois Constantinopla (no ano 96), que é Ocidente e Oriente ao mesmo tempo (ok, mais Oriente) e que surpreende de várias maneiras.
Primeiro foi a chuva. Era uma garoa no meio da tarde quando chegamos, mas se transformou num baita pé d’agua algumas horas depois (que lavou a alma e encharcou o tênis). Deu tempo de derrubar o queixo na surpreendente Mesquita Azul, considerada o último grande templo religioso Otomano. Achávamos que a encontraríamos fechada (nosso hostel é praticamente a dois minutos dela), mas ela nos recebeu – descalços, claro – e nos impressionou de modo intenso.
Construída entre 1609 e 1616, a Mesquita Azul tem 260 janelas, mais de 21 mil peças de azulejaria e centenas de metros de tapete que recebem os muçulmanos que aqui vem rezar (e os turistas, que ficam embasbacados com a obra de arte do arquiteto Mehmet Aga). O clima é de paz e apenas alguns escritos retirados do Alcorão fazem menção à religião (ao contrário das igrejas católicas, lotadas de estátuas, santos e pinturas que mais intimidam do que convidam a contemplação).
Exatamente na sua frente, do outro lado da praça, está a Santa Sofia, construída no ano de 573, e que após ter sido uma Igreja e uma Mesquita passou a abrigar um museu (fechado às segundas). Assim, temos uma agenda lotada para a terça, quarta e quinta. A idéia é visitar a Santa Sofia e a Cisterna Yerebatan na parte da manhã, e partir para o Grand Bazaar e para o Spicy Bazaar na parte da tarde/noite. Quarta, se o sol sair, vamos navegar pelo Bósforo e visitar o Palácio Topkapi. E quinta temos a manhã livre para ir atrás de algo que faltou. Que o tempo melhore!
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
junho 7, 2010 No Comments
Domingo, descanso no paraíso
Manja teorias malucas, certo. Santorini tem uma, tipo aquela que diz que existe uma caverna que liga São Thomé das Letras com Machu Picchu. A história que ronda a ilha vulcânica conta que Santorini é a Atlântida citada por Platão, ilha que sumiu após uma grande erupção 3650 anos atrás. Resumindo: o povo que vivia em Atlântida foi dizimado com a erupção, e o topo do vulcão afundou com boa parte da ilha. Séculos depois, o que sobrou (a caldeira e o anel) foi habitado novamente ganhando o nome de Thira, ou Santorini.
O plano A do domingo era ir para a ilha de Ios, mas perdemos o navio do meio-dia, e o próximo e último seria às 17h (com volta no dia seguinte). Sem chance. Assim, pensando um pouco na teoria acima, optamos pelo plano B e decidimos fuçar algumas das vilas antigas, mais detonadas que Oia, mas também mais… verdadeiras. A ideia era passar por Megalohori, Messaria e Pyrgos, vilas que influenciaram gênios da arquitetura como Alvar Aalto e Le Corbusier.
Das três, porém, acabamos passando a tarde em Pyrgos, a maior delas, uma vila que preserva a característica medieval da velha Santorini, com edificações construídas pelos venezianos no século XV no alto de um morro com a intenção de ser um forte (os venezianos construíram cinco vilas assim na ilha). A arquitetura é mais densa, as ruas são bem mais estreitas e labirínticas, e é tudo de um lirismo que encanta os olhos.
A Santo Wines fica na entrada de Pyrgos. A casa dos vinhos da ilha promove uma degustação de seis taças de vinhos da casa por 12 euros (incluindo petiscos), ou doze taças de vinhos diferentes por R$ 18 euros. Mesinhas são colocadas na beira do precipício para uma visão paradisíaca do Mar Egeu. A winery fica em uma encosta no meio da ilha e a visão do arquipélago é impressionante e recompensadora. Os vinhos, doces demais, não são o grande destaque, mas a vista vale a visita.
O plano C incluía uma ida para Fira, para descermos de teleférico para o antigo porto da cidade, mas a demora do ônibus nos fez desistir e voltar pra casa. Aliás, dica importante de Santorini: se você tiver carteira de motorista, alugue um carro (quadriciclo e moto já são pra corajosos). Os pontos turísticos são distantes e os ônibus costumam atrasar (mas passam). Uma vantagem é que a quantidade absurda de rent a car na cidade coloca os preços lá embaixo. Vale investir.
Último dia na terra de Santa Irene, vale um balanço. A ilha tem praias ótimas (Perissa, Perivolos, Red Beach, Kamari) e vilas que merecem ser visitadas. Oia (ou Ia) é o lugar, mas Fira, a capital da ilha, merece um olhar delicado (há uma catedral ortodoxa lá que parece ser bem interessante, mas que vamos deixar pra próxima) assim como Pyrgos (Megalohori e Messaria). Um passeio até o vulcão pode ajudar a entender a ilha e as ilhotas menores são pura curiosidade. A alma agradece.Próxima passo: Istambul.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
junho 7, 2010 No Comments