Posts from — maio 2010
O frio não dá trégua em Viena
Não tem jeito: nada de trégua do frio. Ao menos não chove em Viena, e isso já é de se comemorar muito. Porém é de se imaginar como essa cidade deve ficar linda no verão. Viena já conquistou um lugar em meu coração, e não consigo explicar bem o motivo. Talvez por ela ser a típica cidade de primeiro mundo, com seu transporte público que funciona, a limpeza absurda das ruas, seus cafés, praças e monumentos, mas há algo que chama a atenção da alma.
Viena não é toda certinha como uma cidade perfeita da Bélgica (tipo Leuven), por exemplo, nem “errada” como Paris, cuja beleza (e os franceses) muitas vezes mais afasta do que aproxima, ou lírica como Veneza, um conto de fadas dentro do mar. Por outro lado, ela não é bagunçada como Roma, não carrega o peso de Berlim e tampouco a urgência de Londres. Viena, assim como Barcelona, é para se morar e viver, e acho que esse é o maior elogio que se possa fazer para uma cidade.
Segundo a previsão do tempo, a terça-feira não teria chuva, mas o frio iria continuar. E eles acertaram (o que é péssimo, já que há previsão de chuva para os próximos dois dias). Passamos toda a manhã caminhando pela Ringerstrasse (a Avenida do Contorno dos austríacos), rua que abriga os principais monumentos da cidade. A Ringerstrasse é o anel viário que percorre o caminho em que se erguiam as muralhas que delimitavam a cidade até o século XIX.
Seguimos o conselho do nosso guia de viagem (“O Viajante Independente”) e descemos a Ringerstrasse à pé passando pela impressionante catedral gótica Votivkirche (bastante detonada, mas ainda assim magnífica) e pela Universidade de Viena (fotos dos nove ganhadores do Prêmio Nobel formados no local estão expostas na entrada. Um décimo espaço destaca uma interrogação: Quem será o próximo?) e pela Prefeitura, uma construção imponente em estilo gótico.
Após uma visita ao Parlamento, pausa para café e apfelstrudel em frente à universidade. Dali pegamos um tram, e descemos em frente à Opera de Viena, onde dezenas de covers de Mozart vendiam tickets para apresentações de ópera e música clássica de quinta categoria. Bobeamos e não entramos no prédio assim como não entramos na Secession, construção pré-modernista que abriga uma obra clássica de Gustav Klimt: um painel de 34 metros sobre a Nona Sinfonia, de Beethoven.
O almoço (quase às 15h) foi na encantadora Naschmarkt, um mercado ao ar livre com centenas de barracas que vão de vinhos, lojas de kebab, doces, frutas, verduras até dezenas de restaurantes (com predominância para a comida indiana e japonesa). Fico chapado em mercados locais. É um festival de cores, cheiros e sabores que impressiona o olhar, o olfato e o paladar. Ficamos entre um com cara de pub que tinha strognoff, mas estava lotado, e outro de comida local, que acabou nos recebendo.
Lili foi do tradicional Wiener Schnitzel (um belo filé de vitela acompanhado de fritas e salada) enquanto optei por uma ótima wurst (salsicha) com queijo. Para acompanhar, vinho branco para a dama (lema de Lili na Europa: se a taça de vinho é o mesmo preço que o do refrigerante, beba vinho), cerveja para o cavalheiro. Cerveja? Com o cardápio em mãos pedi uma Gösser Radler, que acabei descobrindo na prática ser feita de 40% de cerveja e 60% de limonada!!! E não é que, comparando com a Sprite, ela é boa (risos).
Para não perder o embalo das cervejas (após a limonada alcoólica), peguei uma Gösser Märzen na vendinha do metrô. Minha primeira impressão é que a Gösser Märzen (com 5,2% de teor alcoólico) é a cerveja de boteco dos austríacos, equivalente às nossas Antarctica, Brahma e Skol. Ou seja, bem basiquinha e sem sabor marcante. Resta saber se causa ressaca como as nossas, mas melhor não arriscar (apesar da boa fama da água dos austríacos, que desce purinha direto dos Alpes).
Gastamos o fim de tarde caminhando pelo bonito centro da cidade e terminamos o dia na Catedral de Santo Estevão (Stephansdom), mais requintada que a Votivkirche. Para esta quarta o plano é passar a manhã no Quartiermuseums (imagina: eles têm um quarteirão todo de museus!) e, à tarde, ir ao Scholoss Belvedere, um castelo com três museus que destacam obras de Monet, Renoir e, principalmente, Klimt. Foi aqui que viveu Franz Ferdinand, líder austríaco que foi assassinado em Sarajevo, fato que desencadeou a Primeira Guerra Mundial.
A previsão para esta quarta-feira é de chuva e frio. Tomara que ela erre o primeiro…
Ps1: Na Naschmarkt, Lili provou um docinho rosa chamado Punschkrapfen, que não sei direito explicar o que é. Tinha uma camada grossa de calda de açucar, algo de banana, nozes e com certeza tinha álcool. Uma delícia. No entanto, sofremos para entender os cardápios, a grande maioria em alemão.
Ps2: A lei anti-fumo não chegou em Viena. Estamos cheirando à cigarro até agora devido à meia-hora que passamos no café em frente à universidade, local frequentado essencialmente por estudantes, a grande maioria meninas montadas co saias curtíssimas (apesar do frio).
Ps3: Já compramos a passagem de volta para Budapeste. Sexta devemos almoçar na cidade. Forints devidamente guardados. Antes, na quinta, faremos um bate e volta em Bratislava, capital da Eslováquia, 50 minutos de Viena.
Ps4: Entrei numa loja de CDs no centro de Viena. 70% da loja é dedicada à música clássica, o que não quer dizer que não passei vontade: eles já têm a edição dupla do “Exile on Main Street”, dos Stones (que também está sendo lançada no Brasil) e uma edição dupla bacanérrima do último Paul Weller (além de boxes tentadores dos Stones e de Miles Davis). Não comprei nada… ainda.
Ps5: Viena é mais bonita que Budapeste… e mais cara também.
Ps6: Em Viena não se acha uma grande variedade de cervejas no supermercado (diferente de Londres, qualquer cidade da Bélgica e Berlim – que qualquer quiosque de metrô têm umas 15 marcas diferentes). E a minha impressão é de que as poucas cervejas que costumam estar em todos os lugares são versões pioradas da ótima Budweiser Budvar (no resto do mundo conhecida por Czechvar), da República Tcheca.
Top Cervejas
1) 3,5/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui)
2) 2,6/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui)
3) 1,9/5 – Dreher, Hungria (aqui)
4) 1,8/5 – Gösser Märzen, Áustria (aqui)
5) —/5 – Gösser Radler, Áustria (aqui)
Ps7: O Pavement toca na sexta à noite no mesmo lugar que o BRMC tocou na segunda. Pinta ser um show histórico… mas estarei em Budapeste. Stephen Malkmus, nos vemos em Barcelona.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
maio 19, 2010 No Comments
BRMC ao vivo em Viena
Antes de bater perna até o lugar do show nada melhor do que uma consultada no Google Maps para verificar qual a melhor forma de chegar. No mapa parecia do outro lado de Viena, e a melhor condução sem dúvida era o metrô, mas o lugar tinha um jeitão sinistro. Uma foto que registra a fachada toda pintada, lotada de grafites, tira a dúvida: a Arena Wien é (praticamente) um squat. A noite promete.
O trajeto entre o hotel e a Arena (doze estações de metrô) não demorou 15 minutos. Chegamos mais de uma hora antes do horário marcado para o show, mas a frente já estava tomada. Na entrada, a única decepção da noite: confiscaram meu guarda-chuva… e minha câmera digital. Logo em um lugar tão fotografável quanto a Arena Wien. Recebo um ticket para retirar os objetos na saída. Tentei argumentar, mas sem choro.
A Arena Wien é um squat, mas a organização impressiona. A construção parece uma antiga fábrica tomada pelos punks, que circulam pra cima e pra baixo com crachás, piercings e cabelos azuis. O conjunto de prédios está totalmente detonado e todo pichado, mas o clima é excelente e reina uma harmonia no ar. Há, no mínimo, uma meia dúzia de bares no lugar, e barraquinhas que servem lanches, hot dogs e bratwurst.
O espaço da Arena parece pequeno, mas é muito bem aproveitado. Devem caber umas cinco mil pessoas (talvez mais) entre pista e passagens laterais, e todo mundo assiste ao show numa boa. O palco é profissional, a iluminação é deslumbrante, e apesar de parecerem detonadas pelas pichações, as caixas de som fazem bonito deixando qualquer Tim Festival/Planeta Terra e casas noturnas brasileiras no chinelo.
A garoa marca presença, e os californianos do Spindrift tem a árdua missão de aquecer a platéia para a grande atração da noite. O show é chato, cheio de clichês e exagerado, mas a tortura dura pouco. Nem 20 minutos se passam e o BRMC está no palco detonando o primeiro single do novo disco, a empolgante “Beat The Devil’s Tatoo”. Uma edição especial dupla do álbum em vinil branco de 180 gramas está sendo vendida por 35 euros na lojinha, mais camisetas e outros badulaques.
O show é longo e o repertório caprichado passa pelos cinco álbuns dos caras. Está tudo ali: da paixão escancarada e escarrada pelo Jesus and Mary Chain até a descoberta de Bob Dylan numa porrada musical que faz parecer que os irmãos Reid nasceram no Mississipi. “Ain’t No Easy”, do álbum “Howl”, por exemplo, prova por a + b que é possível contagiar uma multidão apenas com violão, gaita, baixo e bateria. Um dos grandes momentos da noite.
E eles não economizam os hits mandando os principais até o meio do show: “Berlin” (com direito a roda de pogo), “Red Eyes and Tears”, “Weapon of Choice”, “Love Burns” e “Shuffle Your Feet” empolgam a galera, mas é “Whatever Happened To My Rock and Roll” que ganha o prêmio de catalizadora de arremessos de cervejas ao alto pelo público. Carinhosamente apelidada de “Punk Song”, “Whatever” começa com o “1,2,3,4” característico dos Ramones e incendeia o lugar numa versão arrasadora.
No palco, o baixista Robert Levon Been posa de bêbado enquanto o guitarrista Peter Hayes é mais comportado. Os dois dividem os vocais e tudo funciona perfeitamente, com a bateria segura de Leah Shapiro completando o time. Números novos como “War Machine”, “Mama Taught Me Better” e a poderosa “Consciente Killer” marcam presença na noite mostrando que o novo disco tem seus momentos calmos, mas sabe ser denso quando quer. Porém, “Half-State”, tijolada psicodélica de mais de dez minutos dispera o público.
Levon Been sabe como trazer os fãs de volta: ele pega o violão e sozinho emenda uma versão emocional de “Dirty Old Town”, música de 1949 regravada pelo Pogues nos anos 80. Dai em diante o show alterna momentos de brilho (“Six Barrell Shotgun“, “Spread Your Love”, “Stop”) com exageros psicodélicos, longos solos que parecem não levar a lugar algum. No entanto, “Shadow’s Keeper”, outra das novas, impressiona.
BRMC ao vivo é uma experiência especial. Não é um show espetacular no quesito técnico, mas a entrega da dupla fundadora é contagiante. O trio consegue emocionar ancorado em um repertório repleto de músicas brilhantes, e o público que deixa a Arena Wien quase às 23h sabe que viu uma das principais bandas da atualidade em plena forma. Valeu a garoa, o ótimo bratwurst e a boa cerveja de trigo.
Fotos: BRMC Live At Botanique, Brussels, 14/05/10. Por Kmeron
maio 18, 2010 No Comments
O vento e a seriedade dos húngaros
Os termômetros marcavam 11 graus às 14h, mas a sensação térmica era fácil de -1 grau devido ao vento fortíssimo que, segunda a minha contagem, deixou mais de 15 guarda-chuvas detonados pelas ruas de Budapeste – fora aqueles que as pessoas insistiam em usar, mesmo estando arrebentados. Vou te contar: venta muito nessa cidade. Passamos a manhã toda nos preparando para a Budapeste: comprando capas de chuva, jaquetas e meias – saudades do verão do ano passado.
Apesar da passar o dia inteiro com os dedos nadando dentro do tênis, Budapeste soou interessante. Saímos do hotel às 9h e voltamos às 21h. Caminhamos muito, Lili tomou goulash e eu uma tradicionl sopa de tomate húngara com peperoni e pimenta, gostosa mas enjoativa. No jantar partimos para um cantina italiana (comida italiana não tem como errar), o que se mostrou um ótimo investimento.
Passamos a maior parte do tempo em Peste, mas atravessamos o Danúbio (que de azul não tem nada) pela bela ponte Szabadság para irmos, em Buda, no maior e mais popular banho termal da cidade, o Gellért Gyógyfürdö, que foi inaugurado em 1918 dentro de uma estilosa construção art nouveau. Pagamos uma cabine (que serve também como locker) para nos trocarmos e lá fomos nós para essa atividade tão exótica.
Há uma piscina central, morninha, que chama a atenção, mas o banho termal é feito em outra piscina, menor, com a água quentinha à 36 graus. Você fica ali sentado sem a minima vontade de sair. O mais impressionante é que há fora do prédio outra piscina termal, e haviam muitas pessoas lá. Lembre-se: 11 graus, sensação términa de -1 e umas 10 pessoas numa piscina fervendo ao ar livre. Tem que ser muito húngaro.
Na volta para o hotel chegamos a passar em frente à Básilica de São Estevão, onde iria começar um concerto de música clássica alguns minutos depois. Se meus pés não tivessem tão molhados e os ingressos não fossem tão caros (30 euros) até que eu arriscaria. No mais, Budapeste é bem bonita (ao menos ao domingo, com chuva, sem muita gente na rua), com algumas partes detonadas, mas nada muito assustador (além da estação central de trem de Keleti Pu, com jeitão barra pesada).
Lili destaca a seriedade dos húngaros. Eles poucos sorriem e seguem a norma européia de serem pouco prestativos. As húngaras têm um rosto muito bonito (cada olho azul de deixar o seu queixo caído), mas boa parte da população é de terceira idade – ao menos foi o que sentimos nesses dois dias. A Hungria tem apenas 10 milhões de habitantes, e o país inteiro é menor que o estado de Santa Catarina.
Já estamos com os tickets de trem e amanhã, às 9h, partimos para Viena, onde à noite tem show do Black Rebel Motorcycle Club. Ficamos em Viena até sexta de manhã, quando voltamos pra Budapeste para tentar pegar um pouco de sol e monumentos históricos. A viagem está só começando…
Ps1: O wi-fi do Ibis não ajudou nada na noite passada (mas as prostitutas no lobby do hotel tentaram uma “conexão”, em vão) enquanto o minuano húngaro não parou um segundo.
Ps2: Eu estava com saudade de Cherry Coke.
Ps3. Apesar de conseguirmos ir pra lá e pra cá de metrô sem perguntar nada (e sem entender o nome das estações anunciado no som do vagão), ainda não conseguimos pronunciar nenhuma palavra em húngaro. Nem bom dia e nem obrigado. Eis uma missão para a próxima sexta-feira.
Ps4. Ao menos na Áustria se fala alemão, e obrigado e bom dia a gente já sabe. Ou a gente acha que sabe…
Ps5. As escadas rolantes do metrô são em velocidade 5. Não se perde tempo em Budapeste.
Ps6. Em Viena pretendemos ir ao palácio em que viveu o príncipe Franz Ferdinand. :~
Ps7: Foram duas as cervejas do domingo: a primeira uma vermelha e gostosa Arany Ászok, de Budapeste (assim como a Dreher), num café charmoso que, assim que sentamos, começou a tocar “Mas Que Nada”, do Jorge Ben (não sei de quem era a versão). A segunda do dia (terceira da viagem) foi uma alemã de trigo deliciosa, a Hofbrau Munchen. Veio com uma fatia de limão no copo, mas o sabor tradicional de banana marcou presença. Bela pedida.
Top Cervejas
1) 3,5/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui)
2) 2,6/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui)
1) 1,9/5 – Dreher, Hungria (aqui)
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
maio 17, 2010 No Comments
Venta, e venta muito em Budapeste
Chegamos em Budapeste debaixo de chuva e totalmente detonados. Entre sair de casa e chegar na capital da Hungria foram 25 horas. Só por isso optamos pela mordomia de pegar um ônibus que nos deixava na porta do hotel ao invés de outro muito mais barato que nos levaria até o metrô, e de lá para o hotel. O húngaro é indecifrável. Estamos nos sentindo naquele episódio do Seinfeld em que a Elaine acha que as manicures orientais estavam tirando com a cara dela.
A cidade pareceu bastante agradável no trajeto, mas nem arriscamos colocar os pés para fora do hotel devido à chuva. Comemos por aqui mesmo (o tradicional goulash estava ok, mas o prato principal era bem fraquinho). A noite também teve a primeira cerveja da viagem, a húngara Dreher, uma pilsen normal feita em Budapeste mesmo (me lembrou a finlandesa Tuborg), clarinha e amarga, com 5,2% de graduação alcoólica, sabor ok, mas sem personalidade. Devem existir umas 100 iguais a ela.
A programação para esse domingo inclui um banho termal (queremos ficar umas quatro horas cozinhando) e uma caminhada pelo centro da cidade. Tomara que pare de chover.
Ps. O dia amanheceu nublado e aquilo que no sul do Brasil se chama minuano não parou um segundo a noite toda. Venta, e venta muito em Budapeste. Lá vamos nós enfrentar a cidade.
Top Cervejas
1) 1,9/5 – Dreher, Hungria (aqui)
Fotos da viagem:
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maio 16, 2010 No Comments
Em Barajas, Madri
Dez horas depois e estamos em Madri… detonados. Meus joelhos pedem banhos termais já, mas decidimos que vamos fazer isso amanhã, quando acordamos em Budapeste. Nosso vôo chegou às 11h em Madri (6h em São Paulo) e nossa conexão para Budapeste sai às 14h20.
Lili voltou a reforçar sua paixão pelos terminais T4 e T4S do aeroporto de Barajas, obra dos arquitetos Antonio Lamela e Richard Rogers, este último responsável (ao lado do italiano Renzo Piano) pelo incrível Centro Pompidou, em Paris. O projeto dos novos terminais de Barajas faturou o prêmio Stirling, em 2006. Fodão.
Na pressa de sair de casa acabamos esquecendo os guias de Barcelona e Londres, e também um guia de pronúncias, que iria quebrar um galho enorme no leste europeu. Lili aposta que vamos olhar o cardápio dos restaurantes e não entender nada. Tô achando que vou me alimentar de cerveja. Não tem como errar.
Já já, Budapeste
Ps. A passagem pela imigração foi sossegada com as questões de praxe: “o que você veio fazer” (“vacaciones”), “onde você vai ficar” (“Budapeste”) e “você tem a passagem de volta ai?” (“Tenho”). Um novo carimbo no passaporte e simbora povo.
Fotos da viagem:
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maio 15, 2010 No Comments
Celebrate each goal with Pitú Cachaça
18h, aeroporto de Guarulhos. Lili diz que essa é nossa viagem mais desorganizada, porém chegamos com bastante tempo livre ao aeroporto, com tempo para comer e resolver umas últimas pendências do site. O vulcão, pelo jeito, acalmou e nosso avião já está no solo. Demos uma passadinha básica no Duty Free (três garrafas de Jack Daniels por 66 doletas me lembram os irmãos Dias) para Lili pegar uma barra de Lindt enquanto rio com um pack pega turista da… cachaça Pitú. A propaganda diz: “Celebrate each goal with Pitú Cachaça”. Um dos packs traz um kit para fazer caipirinha. No rádio do aeroporto, Chico Buarque. Definitivamente vivemos em um mundo repleto de clichês…
maio 15, 2010 No Comments
Tudo (quase) pronto para a viagem
As férias começaram. Eu só não esperava que começassem com uma ressaca forte, mas tudo bem, passou (uma dorzinha imperceptível aparece vez em quando). Agora só falta fechar a mala e chamar o taxi. Na verdade, ainda existem umas burocracias (ligar pra Net e pra Claro para desligarem internet e celular por um mês), mas está tudo lindo. É bem provável que o próximo post seja de Madri (primeira escala) ou Budapeste (primeira parada do tour 2010), então amanhã damos um alô do velho mundo. Friozinho danado na barriga. risos. A gente se vê.
maio 14, 2010 No Comments
Opinião do Consumidor: Schmitt Barley Wine
Finalmente, uma das gaúchas me conquistou. Após mostrar má vontade com a Schmitt Ale e desaprovar a Schmitt Sparkling, eis que a versão Barley Wine da cervejaria artesanal de Porto Alegre conseguiu um pontinho a favor com meu paladar cervejeiro – e agora é esperar que a La Brunnete Stout empate a peleja e a Magnum vire o jogo.
O segredo da Barley Wine é a dose tripla de malte que deixa a cerveja encorpada e agressiva não só no sabor, mas também na graduação alcoólica: 8,5% (contra 4,5% das nossas tradicionais de boteco) mesma graduação da Duvel, cerveja belga que se chama Demônio e reina absoluta aqui em casa.
O aguado e o azedo característico das versões Ale e Sparkling também batem ponto aqui, porém, logo cedem lugar para o amargor que deixa clara a valorização do álcool no ótimo conjunto. Nota-se ainda um pouco de frutado e cítrico no paladar, que ficam em segundo plano. À frente, brilhando, vem o álcool e o malte.
A top das Schmitt é uma cerveja que pode ser guardada por bastante tempo (essa da foto poderia ser consumida até novembro de 2014), e pede-se para bebê-la como se fosse conhaque. Recomenda-se, inclusive, envelheça-la (as Barley Wine inglesas, por exemplo, podem ser consumidas em até 25 anos). Pode ser encontrada em lojas e revendedores entre R$ 6 e R$ 8 a garrafa de 355 ml.
Teste de Qualidade: Schmitt Barley Wine
– Produto: Cerveja Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 3,5/5
Leia também:
– A Schmitt Ale se perde entre o azedo e o aguado (aqui)
– Sparkling Ale (sem bolhas) lembra demais a Schmitt Ale (aqui)
maio 13, 2010 No Comments
Download: discos e projetos do Supercordas
O pessoal do Supercordas montou um blog para a (mu)shroom records e está disponibilizando toda discografia da banda além de projetos raríssimos ali. Simplesmente imperdível. Baixe tudo aqui.
maio 13, 2010 No Comments
Opinião do Consumidor: Tucher
Quando fiz minha listinha top ten de cervejas européias da viagem de 2008 (link no final do texto), e coloquei apenas uma cerveja alemã entre as dez escolhidas, um alemão chamado Wolfgang questionou nos comentários: “Sou alemão e fiquei um pouco assustado. Na Alemanha tem mais de 2500 fábricas de cerveja. Da próxima vez que você for a Europa, vá à Bavária e experimente as cervejas de lá (mais aqui)”. Não fui a Bavária, mas a Bavária veio até mim através da Tucher.
Fundada em 1672, a cervejaria Städtisches Weizenbrauhaus (Cervejaria de Trigo Municipal) foi a primeira a produzir cerveja de trigo em Nüremberg. Em 1806, o Reino da Bavária anexou o território de Nüremberg, e a cervejaria passou a se chamar Königliches Weizenbrauhaus (Cervejaria de Trigo Real). 50 anos depois, a família von Tucher comprou a cervejaria, mudando em definitivo seu nome, que passou a ser: Freiherrlich von Tucher’sche Brauerei (Cervejaria do Barão von Tucher).
Hoje em dia, a cervejaria do Barão von Tucher continua se dedicando as cervejas de trigo (que eles fazem desde o século 17) de baixa (Tucher Übersee Export e Tucher Bajuvator) e alta fermentação (Tucher Dunkles Hefe Weizen e Tucher Helles Hefe Weizen). Essas duas últimas podem ser encontradas com certa facilidade no Brasil (entre R$ 9 e R$ 14), mas não mantém o mesmo padrão. Enquanto a Helles (clara) é uma delicia, a Dunkles (escura) deixa bastante a desejar.
A Dunkles é uma cerveja de trigo da Bavária elaborada com malte de cevada pálido e tostado e malte de trigo. A Helles é feita com malte de cevada e malte de trigo. Ambas trazem o sabor característico de uma Weiss: notas de banana, cravo e na escura, um pouco de café e chocolate. Porém, a Dunkel é muito aguada, o que acaba prejudicando seu conjunto. Já a Helles é bastante saborosa, se destacando com uma das melhores cervejas de trigo que já provei. Pouco amargor, sabor delicioso e uma suavidade que não é característica principal das Weiss credenciam a Tucher Helles. Deixe a morena de lado e se concentre na loira.
Teste de Qualidade: Tucher
– Produto: Weiss
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 5,3% (a Dunkles), 5,2% (a Helles)
– Nota: 3,8/5 para a Helles (clara)
– Nota: 1,2/5 para a Dunkles (escura)
Leia também:
– Top Ten de cervejas européias, tour 2008 (aqui)
maio 10, 2010 No Comments