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Uma semana depois

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Chegamos ao fim da primeira semana de nossa viagem, e nesta madrugada nos despedimos de Budapeste com o coração muito mais feliz. Chegamos aqui no sábado passado debaixo de chuva e frio, e tudo soou abstrato demais. Jantamos um goulash e fomos dormir. No domingo, como a Luana já tinha nos avisado, o comércio fecha, e assustados com a frente fria e a chuva ninguém foi  ruas. Só nós e os turistas orientais. Mas é o povo que faz uma cidade ser uma cidade.

Deixamos Budapeste na segunda-feira em direção à Viena com uma desconfiança na alma. Todo mundo fala tão bem da cidade, e a gente ficou meio assim com ela. Viena, por sua vez, é um encanto. O que é cinzento em Budapeste, em Viena é colorido. Me apaixonei pela cidade nos primeiros dois dias, mas depois a paixão diminuiu, e ainda precisa entender o motivo, mas quero voltar e caminhar pelas ruas em que Jesse e Celine se conheceram.

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Quase descartamos a volta para Budapeste. Chegamos planejando uma maneira rápida para ir logo para Praga, mas o sol nos abraçou, e a cidade renasceu alegre numa noite suave. Tiramos fotos noturnas, caminhamos ao lado do Danúbio, comemos comida húngara e, neste sábado, seguimos com a multidão de turistas para o alto de Buda, conhecer um belíssimo centro histórico e observar a cidade viva e triunfante lá de cima.

Com exceção do banho termal no domingo passado, não entramos em nenhum outro “monumento” em Budapeste. Essa coisa de “ter” que ver tudo cansa muito. O melhor é caminhar a esmo, sentindo a cidade, parando em um café, descobrindo um novo prato (ou uma nova cerveja). Observando o mundo se mover. Até tentamos entrar no labirinto subterrâneo, mas boa parte dos lugares na cidade (mesmo restaurantes) só trabalham com dinheiro vivo, então fica para a próxima.

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Até corremos atrás de ir ao Memento Park, o local distante da cidade em que hoje repousam as enormes estátuas de lideres comunistas. O avançado da hora, no entanto, nos impediu, e decidimos tirar uma soneca para, mais à noite, observar a cidade de novo. Não vou dizer que me apaixonei por Budapeste, mas ela já soa muito mais interessante para mim agora. E o magyar, Chico Buarque só pode estar certo, deve ser a única língua que o diabo respeita. Mesmo.

Sofremos razoavelmente com cardápios, informações e direções nessa primeira semana, mas o que dizer quando o alemão é a língua mais simples que encontramos nesses dias. O eslovaco tem suas nuances, mas nunca vou esquecer da senhorinha me explicando que o tíquete que tínhamos comprado também valia para outro museu. Ele explicou pausadamente, mas neste momento não consigo lembrar de uma sílaba sequer. Uma letra que seja.

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Já o  magyar, meu deus. Lili tem dito que um dos fatores que faz da Keleti Pu, a estação de trens que recebe a grande maioria das viagens internacionais que chega a Budapeste, ainda mais assustadora é a voz que sai pelos alto falantes informando horários de trem. É uma voz séria sem nenhuma nuance de altos e baixos. A e Z podem soar exatamente igual. A gente até tenta entender, mas não consegue. É bem frustrante ao mesmo tempo que é tão rico.

Pois uma das coisas interessantes dessa semana foi que passamos por três países cujas áreas territoriais são menores que o estado de Santa Catarina, e a maior população (do país todo, não das capitais) é praticamente a mesma da cidade de São Paulo, mas mesmo assim eles são todos diferentes uns dos outros. A começar pela língua, passando pela comida e pelo próprio jeitão do povo, tudo é muito particular em Budapeste, Bratislava e Viena.

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O mesmo também deve ocorrer em Praga. Chegamos na cidade ao meio dia, fazemos o check in e partimos para a luta. Nossos amigos nos encheram de dicas sobre a cidade (o que, por exemplo, não aconteceu com as cidades anteriores), o que me faz pensar que a maioria gostou mais de Praga do que de suas vizinhas. Não vou criar expectativas, não vou. Na quarta pousamos em Barcelona, e na quinta começamos a maratona de shows do Primavera Sound. Meu rascunho de line-up é esse aqui. Mas até lá tem muita pilsen para ser bebida ainda…

Ps1. Essa última foto é de uma dupla de músicos que estava enchendo de melodia uma das áreas de Buda. É incrível como ainda me emociono com músicos de rua, mas eles causam um sentimento especial em mim. Eles são… poesia. Ainda mais percebendo que, apesar de seus rostos alegres quando ouvem o tilintar de moedas no chapéu, a música é triste.

Ps2. O top de cervejas da viagem já tem uma nova líder. Neste momento são 14 as cervejas listadas,  o que resulta numa média de duas por dia, quase sempre uma no almoço e outra no jantar (hoje, exceção, foi uma no café da manhã). Quem toma a liderança é a Edelweiss (essa), que eu já tinha bebido (e escrito aqui) no Brasil. No cardápío tinha Soproni’s (uma delicia), Dreher e ela, e optei por uma diferente. A outra do dia foi uma Róna (essa), daqui de Budapeste mesmo, bem básica. Quando chegar à 15 (provavelmente amanhã) publico o top novamente.

Ps3. Um casal de noivos tentava, insistentemente, fazer fotos no alto de Buda. Fiz um clique que me lembrou “Embriagado de Amor”, do Paul Thomas Anderson (aqui)

Ps4. Descobri só agora que o show do Wilco em Roma será no Auditório Parco Della Música, obra de um dos maiores arquitetos do mundo, o italiano Renzo Piano (aqui)

Ps5. Seis horas de trem separam Budapeste de Praga. O trem sai às 5h28. A noite será curta e a viagem, longa.

Ps6. Choveu umas 15 vezes hoje, chuva curtinha. E depois da chuva abria um solarão. Que seja sempre assim.

Ps7. Nos próximos sete dias terei Pixies, Pavement e dois shows do Wilco pela frente. Que meu coração seja forte.

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Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

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