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Hitchcock, Antonioni, Allen e Almodóvar

Atualizando a lista de últimos filmes vistos e revistos…

Janela Indiscreta

“Janela Indiscreta”, Alfred Hitchcock (1954)

Com a perna engessada, um fotógrafo é obrigado a ficar em casa e, para passar o tempo, observa a vida de seus vizinhos pela janela quando vê algo suspeito em um dos apartamentos. O argumento pode parecer tolo, mas esse Big Brother de suspense rendeu um filmaço recheado de frases antológicas e passagens clássicas, e lida de forma sensacional com a relação do próprio espectador com o cinema (e como ele se torna cúmplice dos personagens). James Stewart e Grace Kelly (looongo suspiro) estão brilhantes ancorados, ainda, por Thelma Ritter, a empregada com a frase certa na hora certa. Clássico.

A Noite

“A Noite”, Michelangelo Antonioni (1961)

Segundo filme da célebre “trilogia da incomunicabilidade”, formada ainda por “A Aventura” e “O Eclipse”, “A Noite (“La Notte”) é um retrato exemplar da falência do amor, uma obra-prima de angústia, tristeza velada e dor que ganha força em uma frase de Valentina (personagem de Monica Vicci) quase ao final do filme: “Vocês acabaram comigo esta noite”. Ela não está falando apenas por si, mas também por nós. Foi meu quarto Antonioni, e já pulou para o segundo lugar à frente de “As Amigas” e “Profissão Repórter”, que preciso rever, e só atrás de “Blow Up”.

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“Tiros na Broadway”, Woody Allen (1994)

“Tiros na Broadway” (“Bullets Over Broadway”) é um dos filmes mais perfeitos e bem acabados de Woody Allen, e olha que a concorrência é grande. Porém, são poucos os filmes do diretor em que o roteiro (assinado em conjunto por Allen e Douglas McGrath), a fotografia (magnífica de Carlo DiPalma) e a trilha funcionam de forma tão perfeita casadas, ainda, de forma brilhante com as atuações de John Cusack, Dianne Wiest (que levou o Oscar por sua atuação) e Chazz Palminteri. É daqueles para se ver, rever e ver de novo, e ainda ficar maravilhado com as piadas, com o ritmo, com o retrato que Woody Allen traça não só do teatro, mas também da vida.

Abraços Partidos

“Abraços Partidos”, Pedro Almodóvar (2009)
 
Na virada dos 90 para os 00, Almódovar fez três filmes grandiosos: “Carne Trêmula” (1997), “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999) e, o melhor de todos, “Fale com Ela” (2002). “Má Educação“ (2004) e “Volver” (2006), seus filmes seguintes, não frustram completamente o espectador, mas vieram menores, imperfeitos. “Abraços Partidos” (“Los Abrazos Rotos”) fecha essa trilogia da falta de intensidade. Se quiser, Almódovar faz um filme desses pintando as unhas do pé. Há bons momentos (a maioria na primeira metade), mas parece que diretor e público se cansam após 40 minutos.

Ps. Penelope Cruz versão Audrey Hepburn é de fazer o coração parar…

Leia também:
– “Má Educação”, de Pedro Almodóvar, por Marcelo Costa (aqui)
– “As Amigas”, de Michelangelo Antonioni, por Marcelo Costa (aqui)
– Um Alan Parker e dois Woody Allen, por Marcelo Costa (aqui)
– Uma análise de “A Noite”, por Nuno Manna (aqui)

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