Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e o ego
Festa de três anos da edição brasileira da Rolling Stone. Bourbon Street, São Paulo. Na porta, o pessoal do Pânico na TV faz arruaça. Brinca com as modelos que recebem os convidados, e sacaneiam a lista de convidados: “Não tem ninguém famoso”. Vesgo pega o celular e liga para Sabrina Sato. “Vem pra cá dar uma força pra eles”. Ela não aparece, mas Adriane Galisteu chega e faz a festa dos humoristas.
Dentro da casa, 700 convidados se animam com bebida e comida de graça. A decoração exibe as 36 capas da revista em formato pôster. Bem bacana. No palco, o casal Marcelo Camelo e Mallu Magalhães abre a noite com um show especial para a comemoração. Mallu estraga as três primeiras músicas, cantadas em português, e reclama o tempo todo do retorno, que não retorna.
Quando assume a voz, Camelo enche o local com seu vozeirão, e o show engrena. É impressionante como sua interação com o grupo (boa parte do Hurtmold) evoluiu e rende belíssimos momentos instrumentais na noite, com Granato marretando o vibrafone, Takara pontuando com habilidade a bateria, e a metaleira (e, às vezes, um violino) encantando em ótimas passagens.
Mallu entra no show de verdade quando começa a cantar em inglês, e se solta. Camelo lhe faz uns chamegos, e então começa a bancar o mala. Reclama que o tititi no meio da galera está incomodando. “Ela largou a gravação do disco novo, eu deixei minhas coisas, passamos a semana ensaiando e eu sei que tem cerveja de graça, que é hora de comemorar, mas seria legal vocês prestarem atenção”, reclama.
O hit da dupla, “Janta”, surge em versão sussurrada. Camelo desiste do violão nos primeiros acordes, e segue cantando ao som de estalar de dedos. Mallu entra sussurrando, e nenhum dos dois consegue ser ouvido em meio ao barulho das conversas paralelas. Vem “Morena”. Camelo reclama de novo e avisa: “Essa é a última. Tínhamos mais coisas, mas não dá. Está realmente atrapalhando”.
Enquanto estava cantando e tocando, Marcelo Camelo conduziu um show eficiente com grandes momentos de uma nova música popular brasileira. Assim que começou a reclamar, tornou-se o chato que muita gente não suporta e não leva a sério. Topou fazer parte de uma comemoração (e provavelmente recebeu para isso), mas quis ser maior do que a festa, querendo a atenção de quem não queria assistir ao show, que foi bom.
Um grande erro que muita gente comete é não prestar atenção no tempo /espaço impondo-se sobre a natureza de uma situação. Apesar de Camelo e Mallu estarem no palco, a festa era para a Rolling Stone, uma revista que conseguiu se firmar e alcançou respeito em meio a uma crise sem precedentes na mídia impressa. A Rolling Stone merece os parabéns. O ego de Marcelo Camelo merece vaias.
Ou como cantou Rubinho Jacobina, que fez um show excelente no Studio SP algumas horas depois, “artista é o caralho, é o caralho”.
outubro 23, 2009 No Comments