“Sting”, “Duck Soup” e “Match Point”
“Golpe de Mestre”, George Roy Hill(1973)
“Golpe de Mestre” (“Sting”) é um belo exemplo de onde um roteiro perfeito pode levar um filme. É claro que além do roteiro, outros elementos entram na equação, mas o diretor George Roy Hill se cercou bem e saiu da cerimônia do Oscar de 1974 com 7 estatuetas batendo, entre outros, “Gritos e Sussuros”, de Bergman, que concorreu como Melhor Filme (o norte-americano também levou a melhor sobre o sueco na categoria diretor, mas Sven Nykvist, o fotógrafo de Bergman – e posteriormente, de Woody Allen – foi premiado).
Mais da metade do crédito de “Golpe de Mestre” recai sobre o roteiro soberbo, mas a dobradinha formada por Paul Newman e Robert Redford (que já havia brilhado muito em “Butch Cassidy and The Sundance Kid”, em 1969) também tem sua parcela de genialidade aliada à trilha sonora mágica de Marvin Hamlisch (também premiada no Oscar), que optou pelo ragtime ao invés do blues, que marcava o período (anos 30) radiografado pelo filme, aumentam o valor desta obra perfeita.
Ps. Quem é fã do excelente filme argentino “Nove Rainhas” precisa ver “Golpe de Mestre”. O filme do portenho Fabián Bielinsky continua genial, mas é uma versão atualizada de “Golpe de Mestre”.
“Diabo a Quatro”, Leo McCarey (1933)
O grande achado do passeio matinal de sábado foi um Box oficial com cinco filmes dos Irmãos Marx (pela bagatela de R$ 39,90), o que vai me permitir colocar em ordem a obra dos caras aqui em casa. Eu só havia assistido à reedição de “Diabo a Quatro” (“Duck Soup”) no cinema uns quatro anos atrás, e até acho que vi algum dos outros perdido em algum noite insone, mas comento assim que eles passarem pelo DVD player. Comecei novamente por “Diabo a Quatro” (para matar saudade).
No filme, Rufus T. Firefly (Groucho Marx) é escolhido por imposição da “alta burguesia” (hehe) como líder de um pequeno e fictício país, a Freedonia, o que resulta em uma deliciosa e ácida sátira a estados e regimes totalitários (não à toa, Mussolini proibiu o filme) com momentos clássicos (como a apresentação de Rufus T. Firefly, o duelo do espelho, as gags do carrinho de amendoim e o ótimo final). “Diabo a Quatro” apareceu na sexagésima posição da lista de Melhores Filmes de Todos os Tempos da American Institute além de ser apontado como a quinta melhor comédia.
“Match Point”, Woody Allen (2005)
Palavras de Woody Allen: “Tive uma sensação positiva assistindo ao filme quando terminei. Senti assim: pois é, este é um bom filme. Se eu tivesse feito uma carreira com filmes assim, eu me sentiria melhor comigo mesmo”. Mais outra: “Tive muita sorte com esse filme. Tudo que costuma dar errado num filme, deu certo nesse. Não sei se algum dia consigo repetir isso ou fazer um filme tão bom”. A última: “Match Point deu mais dinheiro do que qualquer outro filme que fiz na vida”. Trechos do livro “Conversas com Woody Allen”, de Eric Lax.
O cineasta tem um carinho imenso por “Match Point”, e não é coisa de carinho pelo filho mais novo: na mesa de edição de “Scoop”, a obra seguinte, ele já falava que o filme não funcionava tão bem quanto ele tinha imaginado ao escrever o roteiro. O fato é que “Match Point” é um filme absurdo de bom cujo ponto de partida – sorte pode ser melhor do que sabedoria – permite ao diretor tratar com maestria seu apreço pela visão de um mundo sem Deus (e conseqüentemente, sem culpa e perdão) e falsos finais felizes (escrevi mais aqui). Um dos melhores filmes de um dos maiores diretores de todos os tempos.
Ps. “Match Point” arrecadou 85 milhões de dólares, maior sucesso de bilheteria da carreira de Woody Allen até então. A marca foi batida com “Vicky Cristina Barcelona”, que alcançou 93 milhões de dólares em todo o mundo.
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