Truffaut, Kevin Smith e Michael Lehmann
“Uma Jovem Tão Bela Como Eu”, François Truffaut (1972)
Apontado por muitos como o filme mais descompromissado de Truffaut, “Uma Jovem Tão Bela Como Eu” (“Une Belle Fille Comme Moi”) é uma comédia leve repleta de ironia e farsa que narra a história de um sociólogo inocente (André Dussollier) que pretende escrever uma tese sobre mulheres criminosas e, para isso, entrevista uma presidiária (Bernadette Lafont) esperta e maliciosa. O encontro de duas personalidades tão distintas permite a Truffaut brincar com a imaginação do espectador. Camille, a presidiária, conta uma história em off para Stanilas Previne, o sociólogo, mas as imagens em flashback mostram outra situação – com muito humor. Inspirado no livro “Such a Gorgeous Kid Like Me”, de Henry Farrell, “Uma Jovem Tão Bela Como Eu” pode ser o filme mais fraco de Truffaut, mas é cinema de alta qualidade.
“Barrados no Shopping”, Kevin Smith (1995)
Segundo longa da autodenonimada “Trilogia de New Jersey” (precedido pelo ótimo “O Balconista” e com seqüência no esperto “Procura-se Amy”) “Barrados no Shopping” (“Mallrats”) é o mais fraco dos três primeiros filmes do diretor Kevin Smith (capa do Scream & Yell On Paper #5), com alguns vácuos entre piadas e certa falta de acabamento na cinematografia, o que não tira o brilho de algumas ótimas passagens. O título nacional pega embalo na boa participação de Shannen Doherty (a Brenda da série “Barrados no Baile”) no elenco, que ainda conta com atuações quebra-galho de Ben Affleck e um perfeito Jason Lee. Sem contar Stan Lee, a lenda viva, que dá o ar de sua graça em um dos grandes momentos de uma comédia romântica que tem os pés atolados na cultura pop e no besteirol, e entretém enquanto faz rir.
“Feito Cães e Gatos”, Michael Lehmann (1996)
Possivelmente, uma das minhas comédias românticas prediletas, “Feito Cães e Gatos” (“The Truth About Cats and Dogs”) é um embate interessante entre beleza e inteligência inspirado em Cyrano de Bergerac, mas às avessas: aqui é a mulher que teme não ser aquilo que o homem deseja, e por isso “adapta-se” no corpo de sua vizinha, uma loura alta, de olhos claros e que é impossível não ser percebida. A tal loura é Uma Thurman, divertidíssima na visão rasa da mulher bela e burra, mas que convence conforme se aprofunda o personagem. A “outra” é a fofa Janeane Garofalo, brilhante em uma ótima atuação. Ela é uma veterinária que dá conselhos em uma rádio, e que acaba por chamar a atenção de um ouvinte, que a convida para jantar. Ela não vai, e manda a vizinha no lugar, e dá início a uma excelente comédia de erros.
O diálogo: “Combinadas, somos a mulher perfeita”, diz Noelle (Uma). “Não, somos o prisioneiro político perfeito. O que fazemos bem é ter convicção e passar fome”, responde Abby (Janeane).
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