Quanto custa uma viagem para a Europa?
Essa é a pergunta que não quer se calar (risos). O Edu já tinha pergutando isso em um post pré-viagem, e eu tinha detalhado os nossos gastos “por cima” nos comments (leia aqui), mas é uma avaliação totalmente particular baseada em um mochilão maluco de 37 dias. Uma viagem de 20 dias sai muito mais em conta. Aproveitando que o Luiz perguntou se “uns dez mil reais segura a onda legal”, vai a minha experiência abaixo, e a certeza de que se você conseguir economizar, dá sim para ir.
01) A Passagem
É o mais caro da viagem. Custa entre 650 dólares e pode chegar até 1000 dólares em alta temporada. Ou seja: viajar fora de temporada (que vai de 15 de junho até o fim de agosto) já garante uma grande economia. E pode acreditar: tem festival, shows e coisas legais para se fazer na Europa em maio e setembro, meses que não são tão frios e nebulosos como os invernais, e são mais baratos que julho e agosto, os temíveis e careiros meses de férias (e muito sol).
Uma vantagem das passagens: você pode pagar ela antes em até cinco vezes no cartão sem juros (se for uma companhia internacional tipo Iberia, Air France e outras) ou mais vezes se for uma nacional (TAM), com juros. O importante é que planejando bem, você já pisa na Europa com a passagem paga sem mexer no dinheiro das férias do trabalho, o que é uma grande economia para os dias de aventura pela frente.
Fiz uma pesquisa rápida em um site de viagens com as datas de partida para 30/04/2010 e volta 30/05/2010 e Air France e KLM oferecem passagens por cerca de R$ 2100. Esse preço pode abaixar se você conhecer uma agente de viagens bacana, que encontre uma promoção legal em um vôo menos concorrido, mas em média é isso: R$ 2100 que podem ser divididos em cinco vezes no cartão de crédito (com a taxa de embarque vindo na primeira parcela).
02) Hospedagem
Aqui você adapta a viagem ao seu bolso. Em sites como o Homelidays (www.homelidays.com) e Hostel World (www.homelidays.com) você consegue pesquisar habitações em hotéis, apartamentos, albergues, casas de família e campings. Os preços variam de acordo com o luxo e com o país. Um quarto dividido com 10 pessoas é mais barato que um quarto para casal, porém facilidades aparecem. O ap que ficamos em Paris foi o mais barato de toda nossa viagem, e o melhor. E Paris é uma cidade cara e de difícil hospedagem. A dica é: procure.
Para um cálculo no chutometro, só pata você ter idéia, você pode gastar entre 20 e 30 euros por dia em hospedagem (às vezes mais, outras menos, repito: dependendo das facilidades que você queira ter). Vamos pegar a média (25 euros) e multiplicar primeiramente pela cotação do Euro em relação ao Real (é menos, mas vamos arredondar para R$ 3) o que nos vai dar R$ 75 por dia. E multiplicamos de novo esse valor por 20 dias (R$ 1500) e 30 dias (R$ 2250). É algo entre isso que, em muitos lugares, pode ser pago no cartão de crédito, mas é bom confirmar antes.
Como o Acauã já comentou aqui no blog, tem o Couch Surfing, que é uma comunidade (tipo o Orkut) em que os associados abrem suas casas para outros associados. Na brodagem, sem nenhum custo. Como ele descreveu: “Quando vai viajar, você procura por boas almas dispostas a hospedar nas cidades para as quais vai e manda mensagem tentando combinar algo”. Vale muito ler o blog do Claudiomar. Ele viajou por 32 países – como Nepal e Hong Kong – hospedando-se somente em casas de pessoas do CouchSurfing. (http://claudiomar.blogspot.com/).
Vale lembrar que aquele amigo querido ou aquela prima com quem você não fala faz anos podem render uma boa economia se tiverem um cantinho para te abrigar. 🙂 Outra coisa: muitos países, na entrevista de entrada, perguntam o lugar em que você vai ficar. Por isso tenha sempre a mão o endereço do amigo ou da tia, ou mesmo o nome do hotel, pois pode dar um dorzinha de cabeça não ter.
03) Viajando internamente pela Europa
Sou uma completa negação para explicar os passes de trem (alguém ajude nos commentes, please) tipo o Europass, mas os trens são uma grande economia (falo sobre alguns aqui) e companhias barateiras como a Easyjet e a Ryanair podem lhe dar muitas alegrias. Prefira sempre a Easyjet, que não causa tantas dores de cabeça quanto a Ryanair, mas se precisa, não pense duas vezes: mesmo com a multa que pagamos em Veneza o vôo saiu 1/4 mais barato do que seria por outra companhia. A dica é sempre tentar comprar com antecedência os trechos, pois quanto antes você comprar mais barato vai estar.
Aqui entra então um item importante em uma viagem econômica: planejamento antecipado. Tendo a viagem toda traçada você perde um pouco da aventura de acordar em Roma numa terça-feira e pensar: “Acho que vou para Viena hoje”. Mas terá uma grande economia (passagens compradas no dia ou na véspera são caras mesmo nas companhias barateiras). Nos fizemos uns cinco trechos entre países de avião, e tudo saiu por aproximadamente R$ 600. O trecho por trem saiu por R$ 75.
04) Visto e Seguro Viagem
Os países da União Européia não pedem visto de entrada, mas sempre há uma entrevistinha em que geralmente o policial pergunta o que você está indo fazer na Europa (ou no país que você está entrando), onde você vai ficar, quando você vai voltar e por ai. Se você tem todos os documentos certinhos (reserva de hostels, endereço da casa do amigo ou do CouchSurfing, trechos internos de viagem) que comprovem que você está passando férias, ótimo, mas é bom sempre estar garantido.
A vantagem é que, devido ao Acordo de Schengen (valeu pela dica, Felipe), entrando no primeiro país você não passa por entrevistas nos 24 países da União Européia e nos 4 da EFTA que assinaram a política de livre circulação de pessoas no espaço geográfico da Europa (com exceção do Reino Unido, que você sempre que entrar precisará passar pela imigração). Então, se você entrar na Europa com um vôo em escala pela Espanha, França ou Holanda, a entrevista será feita nestes países, e os demais são porta aberta.
Já o Seguro Viagem é necessário e cobrado em alguns países (como a França). Você pode fazer com o seu agente de viagens, mas compensa muito cotar no World Nomads (outra dica da Ligilena), que foi o que eu e Lili fizemos para esta última viagem (e ninguém pediu, mas vai que não tivéssemos feito – iriam pedir). É só colocar o periodo de viagem e verificar o preço. Três semanas sai 75 dólares.
05) Comendo e passeando na Europa
Prepare-se para o choque, pois pisar na Europa é caro, principalmente na Inglaterra. Você vai se assustar quando perceber que uma Coca-Cola lata custa R$ 10, e vale muito fuçar o cardápio para perceber que o vinho (na França, Itália e Espanha, principalmente) e a cerveja (na Bélgica e na Alemanha) são muitas vezes mais baratos que os refrigerantes. E aqui também cabe a sua vontade pessoal, pois dá para viver de batatas fritas e fast food, mas é sério que você vai pra França e não vai almoçar ou jantar em bistrô? E nem vai comer massa na Itália?
Vou chutar, mas 50 euros (R$ 150) é uma quantia razoável para você comer, passear e ir a museus. Ou seja, em 20 dias, R$ 3000 e em 30 dias R$ 4500. Isso atentando para o fato de você usar e abusar dos passes especiais como o Roma Pass, que te dá condução de graça nos ônibus e metros da cidade além de descontos em muitas atrações, o Paris Museum, que eu comentei aqui e que a Lina, do Conexão Paris, discute aqui. Quase todas as cidades tem um desse tipo, e ajuda muito.
Vale também lembrar que carteirinhas de estudante são benvindas, e não precisa ser a oficial. Mas muitos museus e passeis limitam o desconto para menores de 26 anos mesmo com a carteirinha. Vale levar, e tentar. Bem, dá para dizer canhestramente que R$ 10 mil dá e sobra para viajar, mas eu, você e a Lili (risos) sabemos que nunca sobra e sempre falta, mas isso tudo é apenas para dar uma idéia que eu mesmo não tinha quando fui viajar nas primeiras vezes. Ou seja, estou tentando mostrar que é preciso planejamento, economias, mas rola fazer sim.
O que é preciso, mais do que tudo, é focar nas coisas que você quer ver, fazer e sentir em uma viagem dessas. Fazer o orçamento, deixar de beber uma cerveja nos dias em que você bebe cinco (risos) para economizar e voar. Uma viagem começa no seu planejamento, nas pesquisas que a antecedem. Existem muitas facilidades e também muita dificuldade, e tudo faz parte. Isso tudo é só um esboço de 15 minutos em uma sexta-feira corrida. Com calma, a coisa toda pode ficar mais interessante ainda. Mesmo.
Leia também:
– A querida Luana Bandeira, a pedido de amigos, fez um textão bacana com algumas dicas de como montar um mochilão, escolher hospedagem, transportes e enxugar os custos em uma viagem para a Europa. Vale ler. Baixe o arquivo em world aqui.
agosto 7, 2009 No Comments