Posts from — julho 2009
O rádio acaba de avisar: 35 graus
Vou te contar: não é mole não. Descemos em Pisa, na Itália, ontem com um senhor sol às 14h. Não perdemos tempo. Deixamos nossas mochilas (a minha já está pesando 19 kilos) no guarda-volumes da Estação Central da cidade e fomos caminhando até a Torre Pendente, mundialmente conhecida como Torre de Pisa. E ela é uma graça. Mesmo.
A Torre começou a ser construída em 1174 para abrigar o sino da catedral da cidade, mas terminado o terceiro andar, notou-se uma leve inclinação em razão de um afundamento do terreno. Tentou-se compensar a falha fazendo os outros andares maiores do lado mais baixo, só que a estrutura afundou ainda mais pelo excesso de peso.
A torre acabou de ser erguida, inclinada, em 1350, atingindo 56 metros de altura, e permaneceu fechada durante toda a década de 90 para que arquitetos tentassem recuperá-la. Houve uma estabilização na inclinação, e ela foi reaberta ao público em 2001, que pode subir até o topo em pequenos grupos e observar a cidade (como na foto acima).
Não subimos por falta de tempo (embora duvido que Lili fosse topar subir os 294 degraus), mas aproveitamos a sombra da torre, tomamos um gelato e curtimos a visão da praça dos milagres (do século 12), local em que fica a belíssima catedral, a torre pendente (leia mais sobre ela aqui) e um cemitério que compreendem o complexo arquitetônico da Escola Toscana.
Falando em Toscana. A região é uma bagunça, mas é bela. Já em Florença, sofremos para nos localizar mesmo com várias informações detalhadas do Hostel que avisou por email em letras garrafais: FECHAMOS ÀS 19h30. Com muito sufoco conseguimos chegar às 19h27 (culpa do trem, que atrasou quase 20 minutos, do trânsito absurdo e da falta de placas de informações).
Florença é uma cidade linda. Ok, estou sendo um pouco condescendente, pois eu e Lili discutimos muito a noite passada sobre modos de ver o mundo. Florença, em um primeiro momento, não me seduziu. Achei a cidade toscana… tosca (com o perdão do trocadilho infame). Mas depois de subir para a Piazzale Michelangelo, onde se tem uma vista absurdamente linda da cidade, não tem como endurecer o coração sem perder a ternura.
E hoje, caminhando, pelo centro histórico, belíssimo, entendo a paixão do mundo por esta cidade, que já ditou moda e arte para o mundo (função que Londres e Nova York são responsáveis hoje em dia), e permite olhar obras magníficas em seus museus. Ainda não fomos ao principal museu da cidade, mas já passamos pelo Museu del Bargello, que tem o “Davi”, de Donatello e o sensacional e junkaço “Baco“, de Michelangelo (mais aqui).
Uma das grandes atrações de Florença é a impressionante Catedral Di Santa Maria Del Fiore, com uma fachada de deixar a alma sem ar, e um interior mais modesto, que perde em pompa e acabamento para igrejas britânicas e francesas. Em frente há o Batistério di San Giovanni, construido entre os séculos 5 e 9, local em que Dante Alighieri foi batizado e que inspirou detalhes de sua “Divina Comédia”.
Bem, não sei pq, mas os sinais que estavam todos funcionando no teclado, começaram a dar pau (estou voltando ao control c control v). A felicidade durou pouco (hehe), mas já comemos uma pasta, uma bruschetta e tiramos esse tempo de internet para descansarmos. Queremos ver o grande museu da cidade na parte da tarde, e espero ter forças para ir ao Mogwai, que toca aqui hoje à noite. Espero conseguir. Agora, ao sol.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
julho 17, 2009 No Comments
Pensamentos movidos à base de cerveja
Berlim, Berlim, Berlim. Eis uma cidade que mexe bastante comigo. Na primeira vez que estive aqui, ano passado, passei bastante mal. O ar pesado, as lembrancas de guerra em cada esquina, Berlim parece uma cicatriz viva que nao consegue se fechar. Tenho amigos que amam essa cidade, e nao posso negar, ela mexe comigo. Muito embora, desta vez, parece que a dor tenha sido menor. Parece que estou me acostumando à cidade, aceitando seu passado, que me incomoda demais.
Imagino que deve ser mais ou menos essa aceitacao que um berlinense (em particular, e o povo alemao no geral) sinta em relacao a esta cidade e ao seu país. Por mais que eu quisesse (e deus, eu nao quero mesmo – risos), eu nunca poderia negar a brasilidade que circula pelo meu sangue. No fundo, amamos o nosos país (cada um o seu) e o aceitamos como ele é, mas sentimos as dores de sua história (passada e presente) vez em quando como uma dor de cabeca que nos acompanha a vida toda.
Para Lili, Berlim é pop e eficiente, mas logo que chegamos ela sentiu o peso do humor das pessoas. Enquanto em Londres, Paris, Bruxelas ou mesmo Bruges há música na rua, pessoas sorrindo nos cartoes postais da cidade, clima de festa, em Berlim nao. Aqui se ouve o barulho dos carros durante o dia, e talvez seja mesmo o que amigos já me disseram: Berlim é noturna, cidade de festas, baladas e dos anjos de Win Wenders em “Asas do Desejo” observando a multidao do alto da Coluna da Vitória.
Nossos dois dias em Berlim foram agitadíssimos. Visitamos a East Side Galery, um longo trecho de 1.300 metros do Muro de Berlim às margens do Rio Spree que teve sua face pintada por diversos artistas criando uma sensacional galeria à céu aberto. Dali fomos para o Museu do Judaíco, obra espetaculosa (mas que nao me comoveu) do arquiteto Daniel Libeskind repleta de simbolismos, alguns óbvios e tolos, outros bem interessantes, mas que peca como acervo. Vale a visita ao prédio (aqui).
Nossa próxima parada foi em um boteco turco para comermos a segunda pizza ruim da viagem, passarmos pelo Checkpoint Charlie, pelo Topografia do Terror (outro museu à céu aberto, localizado no local onde era o QG de Hitler e perto de um pedaco em pé do muro). Os vendedores ambulantes que tanto me enojaram ano passado vendendo de fardas até máscaras de gás continuam lá, e o item capitalista do momento sao carimbos da antiga RDA no passaporte. :/
Dali passamos na Postdamer Platz e pegamos a linha 100 (que quase parece um onibus de turismo, pois passa por diversos pontos históricos da cidade) e fomos até Alexanderplatz, admirar a Fernsehturn, a Torre de Televisao que era orgulho da RDA, e que Lili achou tremendamente Jetsons, e passar pela regiao dos museus, da belíssima catedral, da Bebelplatz (local em que os nazistas queimaram livros) até chegar ao Portao de Brandemburgo e ao Parlamento Alemao. Claro, subimos para conhecer a cúpula de vidro do bambambam Norman Foster (uma bela vista da cidade, viu).
Para relaxar, uma pausa no Tiergarten (o imenso jardim da cidade) para 500 ml de Paulaner de trigo para mim, e um sorvete para Lili. Passamos ainda no Memorial do Holocausto e cometemos o segundo erro de pegar a conducao errada na viagem, pelo mesmo motivo. Na Bélgica, queriamos ir para Leuven (ou Louvain) e pegamos um trem para Louvain, mas fomos parar quase na Holanda. Em Berlim, estamos na Grunewald Straße, e pegamos um onibus para a Grunewald… bairro. Achamos estranho quando saimos do mapa, mas voltamos salvos para o apartamento. hehe
Ainda visitamos as ruinas da Catedral Kaiser Wilhelm Gedäcgtniskirche, um dos simbolos locais, que fica ali pertinho do Europa Center e do Zoológico, e que impressiona bastante. Severamente bombardeada durante a segunda guerra mundial, a catedral foi mantida tal qual ficou após os ataques, e uma maquete “antes e depois” compara a regiao e as duas versoes da catedral. Por fim, visitei a minha loja de CDs predileta na cidade, mas sai frustrado: eles nao aceitam mais cartoes de crédito, e a essa altura da viagem, nada de compras à vista.
Porém, encontrei uma loja extremamente sensacional ali perto do Europa Center (esqueca a enorme megastore Saturn) chamada Cover Music, com um acervo sensacional de CDs e, principalmente, vinis, muitos deles piratas. Agora sou um feliz possuidor de um exemplar do raríssimo bootleg em vinil “On Strike… Or Songs The Lord Taught Us”, do Echo and The Bunnymen. E tinha tanta coisa lá (de piratas do Sonic Youth, Bob Dylan e Bruce até todos os singles do Radiohead em vinil 7 polegadas) que até cogito visitar essa cidade um dia só para voltar na Cover Music.
Essa é nossa última noite em Berlim, e apesar de me sentir um pouco mal aqui, parte o coracao partir. Minha visao mudou um pouco, o que me comforta, mas ainda nao sei se, um dia, eu moraria aqui. Nao sei, mas já acendeu a vontade de pesquisar outros cantos da Alemanha como Dresden, Hamburgo, Dusseldorf, Colonia, a Bavária e, claro, Aachen, a cidade em que mora o grande Carlos, companheiro de viagem e fonte inesgotável de boas dicas (de lugares e shows). Meu sangue alemao ainda visitará esse país novamente. Com certeza.
Nesta quinta comeca a parte italiana de nossa viagem. Acordamos cedo e partimos para o aeroporto de Schönefeld para mais um voo Easyjet (já perdi a conta de quantos foram). Descemos de aviao na Toscana ali pela hora do almoco, mais precisamente em Pisa, para olharmos a torre torta, comermos alguma massa e partimos na mesma tarde para Florenca, nossa casa por tres dias. Dali, Roma (com Bruce, Trent Reznor e Tv On The Radio) e Veneza e entao o trecho espanhol, com Barcelona e Madri fechando o mochilao.
Meu tenis Adidas, que comprei para o mochilao do ano passado, abriu o bico. A idéia era passar em uma loja da própria marca, que é alema, e comprar um novo, mas os precos estao proibitivos. Os modelos bacanas estao entre 80 e 120 euros. Os mais ou menos saem por 50, 60 euros. Recorri a uma Second Hand (nossos populares brechos, que existem aos montes na regiao de Warschauer Strasse) e achei um tenis ótimo por 23 euros. Agora, pé na estrada e mochila (de quase 2o quilos nas costas). Parlamos mais amanha, ok.
Ps. Mais de mil fotos nos flickrs meu e de Lili. Olha lá. 🙂
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
julho 15, 2009 No Comments
Correndo e pedalando daqui pra lá
De Berlim (Ocidental):
As coisas no supermercado ao lado do hotel sao tao baratas que até nos assustamos. E a internet, na esquina, rápida, com teclado parecido com o nosso e alguns acentos, meus amigos, voltaram (só alguns). Bem, vou direto rememorar tudo o que aconteceu no domingo e hoje e zerar o diário para comecarmos novinhos amanha.
Domingo
Acordamos cedo com o propósito de fazermos uma aventura: alugar uma bike cada um e ir para Damme, cidade que fica a 5 km de Bruges, tomar um dos melhores chocolates quentes da Europa. Claro que nao só para isso, mas também para curtir o passeio e fazer como os belgas: andar de bicicleta.
O dia amanheceu nublado, mas nao desistimos do plano. Alugamos nossas bikes e lá fomos nós margear o rio até pegar a auto-estrada. No caminho passamos por uma feirinha, dessas de tralhas e trecos, e parei em uma barraquinha que tinha uns CDs à venda. Sou um feliz possuidor do “Live 81-82” do Birthday Party que custou… 4 euros.
Lili acha que fizemos os 5 km entre uma cidade e outra em menos de meia-hora, mas nao sei. O tempo ficou estável, caiu uma garoinha, e depois abriu o sol. O trecho entre as cidades era bucólico: o rio ao lado, vaquinhas pastando com moinhos de vento ao fundo, algumas casinhas e muito, mas muito verde.
Entramos em Damme, que merece a sua visita caso voce vá um dia para Bruges, pela avenida principal e logo achamos o Tante Maria, o tal local do chocolate quente. Chegamos com fome, entao abracamos o menu de 16 euros por pessoa. Escolhi o menu Lorraine (quiche com bacon, saladinha e e focaccia de presunto parma – veja aqui) enquanto Lili foi de menu fish (croquete de camarao, quiche de salmao e tomate recheado com camarao – veja aqui).
Vou contar: passei as últimas 30 e poucas horas ouvindo Lili falar o quao bom era o tal do croquete de camarao. O argumento dela é que croquete é algo tao normal, que a gente nao espera nada, e o tal que ela comeu era surpreendente bom, algo que ela nunca esperava que pudesse acontecer. Tudo bem, saiba que ela já tomou, em Paris, a melhor sopa de cebola da vida dela…
Bem, almoco terminado, o bom chocolate quente tomado (vale a sua ida até o lugar), e hora de pedalar de volta para Bruges. Trocamos os 5 km de pedaladas por uma volta de barco bebendo cerveja belga e admirando a paisagem. Passeio bucólico e delicioso para revigorar para a última noite do Cactus Festival.
O passeio de bike fez com que perdessemos o show do !!! e, quase, Magic Numbers. Pegamos as tres últimas músicas da banda fofinha mais bacana sobre um palco do planeta. Nao gosto deles em disco, mas o show é bastante divertido e animou muito o público do festival.
Na sequencia foi a vez do septeto Calexico tentar fazer o público gingar, no que eles podem até se dar por satisfeitos: umas dez ou doze pessoas chacoalharam enquanto a multidao assistia impassível (e apluadia efusivamente no final). Parece que eles nao estao gostando, e quando a música termina eles vibram e aplaudem. O ponto alto foi a já costumeira e empolgante versao de “Alone Again Or”, do Love. De fazer chorar, viu. O show tem altos e baixos, mas é de responsa.
Hora de comer no Cactus Festival, mas o que escolher? A variedade é imensa. Tem desde de barraquinhas de comida tibetana, japonesa, italiana, senegalesa, arabe, indiana, francesa, vegetariana até os famosos pratos locais sem contar as barracas de cerveja, refrigerante, narguilé, crepes, waffles, sucos de frutas e o escambau. Acabamos no final optando pelas tradicionais fritas com maionese, mas dá dó de lembrar como passamos fome nos festivais brasileiros.
Já tinhamos planejado no dia anterior deixar de lado Joss Stone, que iria fechar a noite de domingo, mas até que fiquei com uma vontadezinha de ver a garota, no entanto, ela cancelou de última hora, e Jamie Lidel foi escalado para substitui-la. Preferimos nos despedir da cidade fotografando-a durante a noite (até esbarramos com o pessoal do Calexico, encantando com a beleza medieval da cidade).
Segunda
Acordamos às 8h30, arrumamos a mala e fomos tomar o café que a Maria havia feito para nós. Pecado: ainda nao falei da Maria. Bem, ela é a dona da casa que alugamos o quarto para ficarmos em Bruges (via Hostelword), e é uma mama estilo italiano que comeca falando em ingles, no meio da frase está em italiano e termina com coisas em espanhol, holandes ou todo junto. Uma jóia de pessoa.
Assim que chegamos no sábado, ela nos levou até a mesa e nos deu dicas de onde comer a melhor comida por precos justos (fugindo dos restaurantes caca-turistas), onde encontrar a melhor cerveja da regiao e onde devorar os melhores chocolates. E ainda escreveu em um papel um recado para o cara do barco nos dar um desconto. Querida demais.
Nos despedimos dela e… comecou a correria. Chegamos na hora na estacao de Bruges, compramos passagens para Bruxelas, entramos no trem e… esquecemos uma sacola com um vinil raro (que comprei a pedido do Wagner), os posters da Shakespeare em Co, presentes e todas as passagens e reservas de hotel e albergues impressas. Falamos com o cobrador e ele foi ironico e sacana: “Nao posso parar o trem. Voces descem em Bruxelas e voltam”.
No fim, nao descemos em Bruxelas, e sim em Gent, a parada seguinte. Acabamos voltando para Bruges mais cedo que imaginavamos, mas deu tudo certo. O senhor que nos vendeu a passagem avisou que a sacola estava no “Achados e Perdidos” da estacao, e conseguimos pegar o próximo trem para Bruxelas tendo como prejuizo uma hora perdida e 25 euros de passagens.
Em Bruxelas, mais correria. Almocamos ao lado da Grande Praca, babamos nos waffles, andamos na rua que cheira a chocolate, olhei e comprei CDs em uma loja bacana (veja aqui) e… nos atrasamos para o voo. Ainda mais que o guiche da Easyjet ficava nos cafundos do aeroporto, mas o voo atrasou e chegamos em tempo. Preciso urgentemente de uma cerveja. E cama. Amanha volto com impressoes sobre a Alemanha, ok.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
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julho 13, 2009 No Comments
Adeus Belgica, oi Alemanha
De Brussels, ou Bruxelles, ou Bruxelas:Passamos na Grande Praca para nos despedir, encontrei uma lojinha de vinis e CDs sensacional na rua do boneco mijao e, agora, soh voltamos a dar noticias de Berlim, onde chegaremos hoje a noite. Muitas coisas bacanas sobre o dia de ontem para contar desde passeios de bicicletas ate a cidadezinha de Damme, a noite em Bruges, mais cervejas, mais shows (a fofura de sempre do Magic Numbers e a festa texmex do Calexico) e sacolas esquecidas na estacao de trem. A Easyjet nos espera, jah nos falamos novamente.
Ps. Jah dissemos, mas nao custa lembrar: as ruas ao lado da grande praca de Bruxelas cheiram chocolate.
Ps 1. Parto deixando para tras centenas de cervejas sensacionais. Lutei muito comigo mesmo para combater a vontade de levar um pack com seis Duvel para o Brasil, mas temos tantos aeroportos pela frente ainda que seria um transtorno carrega-lo. Paciencia.
Ps 2. Alexandre, nao subimos na torre de Bruges (perdi a hora, mas tambem, um puta sol as sete da noite), vai ficar para a proxima, mas passeamos de barco na volta de Damme para Bruges.
julho 13, 2009 No Comments
Uma festa do interior… na Belgica
Bruges é uma cidadezinha a 97Km de Bruxelas cujo charme medieval é seu maior atrativo. Seu centro do século 13 é o mais bem preservado de toda a Europa e é uma volta no tempo, muito embora a quantidade de turistas superlote suas pequenas ruas. É uma mistura de Gramado com Ouro Preto (com cervejas e chocolates melhores).
A cidade esta lotada. Turistas ficam embasbacados nas vitrines das lojas de chocolate e cerveja enquanto se entopem de batatas fritas, que os belgas defendem serem os pais. Rapazes da cidade pedalam vestidos de freira pelas ruas medievais. O clima é o melhor possivel.
É no principal jardim da cidade, o Minnewater, que acontece o Cactus Festival, um dos cinco festivais mais bacanas da Bélgica (entre os mais de 50 que eles devem promover no verao), cujos mais famosos sao o Rock Werchter (eleito pela liga dos festivais europeus o melhor festival do verao quatro vezes nesta década), o Pukkelpop e o Lokerse Fest (que neste ano terá Manics em agosto).
O Cactus lembra, e muito, uma festa de cidadezinha do interior com criancas andando pelo parque, senhoras e senhores conversando em bancos e uma variedade de comida surpreendente (além, claro, da boa cerveja belga em tres versoes: Pilsen; de trigo e de cereja) destacando-se os waffles de nutella, as fritas e os sanduiches de braadworst.
A criancada passa o tempo todo recolhendo copos de plástico de cerveja e garrafas de refrigerante para trocar em um posto de reciclagem que paga 0,10 cents de euro por cada item. Os portoes abrem às 11h da manha, e o primeiro show comeca 12h30, mas o publico está no festival nao só para ver os shows, mas pq o lugar é um ponto de encontro da cidade.
A grande diferenca em relacao ao Brasil (além da organizacao impecável, dos banheiros masculinos ao ar livre, da cerveja e da variedade de comida) é que aqui nao tocam duplas sertanejas, heróis da Jovem Guarda e da época de nossos tataravos, mas sim bandas novas como o Cold War Kids, lendas do cenário independente como Greg Dulli e Mark Lanegan e genios como Paul Weller. Bem, talvez seja a mesma coisa, né mesmo.
Ah, e eles falam o flamengo, uma mistura de holandes, frances e alemao que dá a perfeita sensacao que todo mundo ao seu redor está falando ao contrário. Panico total (risos). E tambem andam de bicicleta: mais de mil ficam “encostadas” do lado de fora do parque. Jo Gideon and The Shark, Black Box Revelation e Joan As Police Woman abrem o dia, mas só chegamos para a quarta atracao.
O Cold War Kids surgiu mostrando as músicas excelentes de seu álbum de estréia mais as fracotes do segundo disco – que cresceram ao vivo. Bom trabalho de guitarras, boa performance de palco, e “We Used to Vacation” é uma graaaaande cancao. É bom ficar de olho no terceiro disco desses caras, pois deve vir coisa boa.
Na sequencia, Gutter Twins em momento acústico: Greg Dulli em um violao (e teclados e gaita), Mark Lanegan impassível no centro e Dave Rosser no outro violao. Único problema do show: foi curto demais (veja o set list aqui). Mas vou dizer que quase chorei em “Sworn and Broken”, do álbum “Dust”, último do Screaming Trees. E “Summer Kiss”, do Afghan Whigs, arrepiou.
Intervalo, show do Novastar (banda da casa que parece uma mistura de Fito Paez com Coldplay e levou mais público para frente do palco do que qualquer outra atracao do dia) e… Paul Weller. No palco, o ex-líder do The Jam parecia um menino de tao feliz e agitado. O show – centrado no excelente “22 Dreams” – de duas horas foi impecavel, daqueles de fazer muita bandinha inglesa nova voltar pra garagem. A garoazinha, jah no bis, terminou de lavar a alma.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
julho 12, 2009 No Comments
Quatro itens para economizar em Paris
01) Alugue um apartamento. Sai mais barato que hotel e albergue; no Homelidays tem varios, mas vale olhar no blog Conexao Paris, da brasileira Maria Lina, tambem;
02) Adquira em qualquer guiche de metro o Paris Visite (o antigo bilhete orange). Voce compra-lo para 1, 2, 3 ou dias e compesa muuuuito, pois lhe dah direito a viagens ilimitadas de metro e onibus durante o periodo escolhido. Vale focar nas areas 1/3, e no dia em que voce quiser ir pra Versailles, compra bilhete de trem pra la;
03) Adquira o Paris Museu Pass, passe que lhe da direito aos principais museus da cidade assim como em diversas atracoes. Tem de 2, 4 e 6 dias e permite “cortar a fila” em alguns lugares. 🙂 Voce pode compra-lo em qualquer museu ou alguns pontos de venda (como a Fnac) e ele soh passa a valer no momento em que voce usa-lo pela primeira vez;
04) Internet em Paris eh a mais cara da Europa (provavelmente) alem de ser muito, mas muito dificil de encontrar. Ha lugares em Les Halles e na Ile de La Cite que podem cobrar 6 euros a hora. Evite. O melhor ponto de internet de Paris fica no Boulevard Clichy, mais precisamente no metro Blanche (linha 2), que tambem eh conhecido por ser a estacao da casa de shows Moulin Rouge. Saindo do metro, em frente voce tera o Moulin Rouge, e atras uma rua com varios cybers que funcionam ate altas horas custando 1,50 Euros por hora.
julho 10, 2009 No Comments
Alguns tops da viagem ate agora
Shows
01- Blur no Hyde Park
02- Leonard Cohen no Palais de Bercy
03- Tindersticks no Hyde Park
04- Nick Cave and The Bad Seeds no Rock Werchter
05- Franz Ferdinand no Rock Werchter
06- Big Star no Hyde Park
07- Yeah Yeah Yeahs no Rock Werchter
08- Crystal Castles no Hyde Park
09- Piney Gir The Lexington
10- Foals no Hyde Park
Cervejas
01- Bloemenbier 7,0% (Belgica)
02- Deliriuns Tremens 8,5% (Belgica)
03- Hercule 9,0% (Belgica)
04- Duvel Speciale 7,0% (Belgica)
05- Leffe 9.0 (Belgica)
06- Leffe Radieuse 8,2% (Belgica)
07- La Divine 8,5% (Belgica)
08- Mongozo Banana 4,5% (Belgica)
09- Rochefort 11,5% (Belgica)
10- Mort Subite 4,5% (Belgica)
Museus
01- Museu D’Orsay, Paris
02- L’Orangerie, Paris
03- Museu Picasso, Paris
04- Centre Pompidou, Paris
05- Museu Rodin, Paris
06- Tate Modern, Londres
07- Museu do Louvre, Paris
08- Museu de Armas, Paris
Dez lugares
01- Rua Montergueil, Paris
02- Hyde Park, Londres
03- Grande Praca, Bruxelas
04- L’Orangerie, Paris
05- Grande Praca, Leuven
06- Torre Eiffel a noite, Paris
07- Camden Town, Londres
08- A Ponte do Milenio, Londres
09- Bairro Marais, Paris
10- Pub Deliriuns Tremens, Bruxelas
julho 10, 2009 No Comments
Ultimo dia em Paris
Tanta coisa pra contar, tantos sentimentos pra dividir e pouco tempo util. Paris eh… foda. Lili jah entregou seu coracao. Ela relutou bastante valorizando o bordao que diz que, sem os parisienses, Paris seria um paraiso, mas ela jah admite sentir saudades daqui. Eh tanta coisa. De um lado, a grandiosidade dos monumentos. De outro, o charme dos milhares de pequenos bistros e padarias.
Eles sao milhares, eh serio. Na rua Montergueil (que Monet eternizou em quadro de 1878, e ela continua igual), local em que estamos instalados (na verdade, em uma travessa dela) existem uns quinze bistros, uns dez cafes, duas lojas de vinho, uma fromagerie, tres quitandas, um loja de peixes, duas de frango, dois supermercados e sabe-se lah mais o que, e sao soh tres quadras. Eh um festival de cheiros, cores e sabores de deixar a alna bebada e feliz.
Temos que organizar as ideias e lembrar de contar sobre o tumulo de Napoleao (valeu, Ligelena, por ter insistido: adoramos e rimos muito), sobre o Museu Picasso, o D’Orsay, sobre as cervejas belgas (estou anotando tudo sobre elas e, alias, ha uma filial do Templo da Cerveja em Bruges!!!), sobre a Torre Eiffel dourada a noite. Por enquanto, deixo uns textos da Flavia, que ela escreveu seculos atras pro Scream: “A Franca” e “Uau, voce mora em Paris!” e a minha resenha para o “2 dias em Paris“, filme da Julie Delpy. Sao textos que falam muito sobre o estar em Paris.
Ps. Amanha cedinho emarcamos para o Cactus Festival em Bruges com Paul Weller, Gutter Twins, Calexico. Aguarde.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
julho 10, 2009 No Comments
Um dia corrido cheio de coisas
Nosso terceiro dia em Paris foi, de longe, o mais bacana. Lili jah esta curtindo a cidade, feliz pelos museus, cafes e bistros. Fizemos tanta coisa hoje que nem vou entrar numa de fazer textao. Vamos por topicos mesmo:
-Museu do Louvre: fomos logo cedo e ficamos tres horas. Sai morto, mas valeu para rever algumas coisas legais que eu tinha gostado no ano passado. Se pudesse, Lili ficaria dias olhando os Escravos, de Michelangelo.
-Museu L’Orangerie: Ligilena, voce estava certissima. Esse eh o museu mais fofo e especial de Paris. Chapei com as imensas ninfeias, de Monet, que fiquei admirando por bastante tempo. Depois descemos para o acervo com coisas de Modigliani (que eu e Lili adoramos), varios Renoir e Cezanne alem de alguns Picasso e Matisse. Virou o meu museu preferido.
– Instituto do Mundo Arabe: obra interessante do arquiteto Jean Nouvel. Um dia antes jah tinhamos ido ver a Biblioteca Francois Mitterrand, outra obra interessante,
– Pantheon: adoramos o predio, mas ficamos decepcionados com o Pêndulo de Foucault. Lili acha aque eh culpa de Lost… risos
– Centre Pompidou: o complexo cultural que atrai mais gente em Paris (sim, mais do que a Torre Eiffel e o Louvre) eh outra interessante obra de arquitetura (assinada pelos italianos Renzo Piano e Richard Rogers). Tem uma belissima vista da cidade alem de um magnifico acervo de arte moderna. Duas controversas obras do genial Duchamp estao aqui: A Latrina e a Roda de Bicicleta. Mas eles tambem tem Picasso, Modigliani, Giacometti, Miroh, Matisse e Braque, entre muitos outros. Um lugar foda.
Terminamos o dia com as pernas arrebentadas e olhos e coracao felizes bebendo vinho barato frances no apartamento acompanhado de queijos da feirinha da Rua Montergueil, nosso lugar preferido na cidade. E eu viciei em framboesa, tipo a realeza dos morangos. Ainda tenho que falar das cervejas belgas, mas tento fazer isso amanha, sem falta…
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
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julho 9, 2009 No Comments
Três horas de Leonard Cohen em Paris
O Palais Omnisport de Paris Bercy fica um pouco distante do centro, nada que três estações de metrô não resolvam em apenas dez minutos. Ele é um mostrengo de ferro e azulejos e foi construido para abrigar jogos de basquete e vôlei além de shows podendo receber um público de até 19 mil pessoas. Para esta noite, com cadeiras ao centro, Leonard Cohen levou 15 mil pessoas ao lugar, que está abarrotado. É a única data de Cohen em Paris neste ano, e os ingressos estão sold out.
O show estava marcado para às 20h, mas atrasou um pouco. Cohen e sua competente banda entraram quinze minutos depois, fizeram um pequeno intervalo às 21h20 e só deixaram o palco às 23h15 contabilizando três encores em três horas de apresentação (2h40 com a banda no palco, pois mesmo nos pedidos de bis, Leonard Cohen saia saltitando, a banda ameaçava sair, e logo ele voltava com o chapéu no peito e o local vinha abaixo).
O começo já bastou para deixar todo mundo feliz com “Dance Me To The End of Love” abrindo os trabalhos e os hits se sucederam: “Bird On The Wire”, “The Future”, “Ain’t No Cure For Love”, “Everybody Knows”, “Tower Of Song”, “Suzanne”, “Hallelujah”, “I’m Your Man”, “So Long, Marianne”, “First We Take Manhattan” e “Sisters Of Mercy”. “Chelsea Hotel” entrou no lugar de “Hey, That’s No Way To Say Goodbye”.
Para alegria e loucura do franceses, ele introduzia varias canções declamando a letra em francês. Quando, no meio do show, cantou um longo trecho em francês em “The Partisan”, a audiência entrou em êxtase e aplaudiu longamente. É tudo perfeito, principalmente para quem está próximo ao palco – o que não era o nosso caso, infelizmente, e estar distante de Cohen, numa das fileiras de cadeiras superiores, faz com que se perca um pouco da espontaneidade da noite.
Nada que impeça de tornar esta noite em Paris inesquecível, afinal Leonard Cohen começou o show convidando todos a dançarem até o fim do amor, disse depois que o futuro era escuro e que ainda estava esperando por um milagre, mas quando voltou para o terceiro bis, com a perfeita ironia de “I Tried To Leave You” após quase três horas de show, comentou: “Boa noite, meu amor, eu espero que você esteja satisfeita”. Não tinha como não ficar.
Em um fórum sobre Cohen, fãs se deleitavam com as memórias desta noite e duas canções eram pérolas inesquecíveis: “Como de costume, ele começou a segunda parte com ‘Tower of Song'”, descreve o usuário britânico Pegasus4. “Então ele pegou a guitarra e começou a dedilhar algo que parecia ser ‘Suzanne’, mas na verdade era ‘Avalanche’, aquela grande canção sublime que eu havia invejado muitos por terem visto ao vivo, finalmente consegui vê-la”, e completou: “Obrigado, Leonard”. É só isso que podemos fazer: agradece-lo por esta noite memorável.
Primeira Parte
Dance Me To The End Of Love
The Future
Ain’t No Cure For Love
Bird On The Wire
Everybody Knows
In My Secret Life
Who By Fire
Chelsea Hotel
Waiting For The Miracle
Anthem
Segunda Parte
Tower Of Song
Avalache
Suzanne
Sisters Of Mercy
The Partisan
Boogie Street
Hallelujah
I’m Your Man
Take This Waltz
Bis
So Long, Marianne
First We Take Manhattan
Famous Blue Raincoat
If It Be Your Will
Closing Time
I Tried to Leave You
Whither Thou Goest
Leia também:
– Um breve olhar sobre a discografia de Leonard Cohen (aqui)
– Leonard Cohen no Festival de Benicàssim (aqui)
julho 9, 2009 No Comments