Arte sacra, Bernini, Caravaggio e tiramisu
Sao 10 horas da manha em Roma, e os relogios ja estao marcando 31 graus. Roma ferve, e esta é nossa ultima manha na cidade. Jah estamos com as passagens de trem compradas para o aeroporto Leonardo Da Vinci, e no fim da tarde estaremos em Veneza para descansar e muito das longas caminhadas que a cidade de Roma nos exigiu. Mesmo assim sera dificil esquecer Roma. Eita cidade linda! Seguindo de onde paramos…
Na terca a noite fomos visitar a Fontana de Trevi, local eternizado por Fellini em “A Doce Vida”, com Anita Ekberg bebada entrando na fonte sob o olhar embasbacado de Marcello Mastroianni. Mesmo superlotada de turistas, a Fontana de Trevi é um charme. Ela é a maior e mais ambiciona fonte barroca romana e seu fundo é um cofre repleto de moedinhas que os turistas jogam desejando voltar a cidade (passeie por ela aqui).
Caminhamos de volta para casa descobrindo uma série de igrejas, pequenas joias de arte sacra, que anotamos para visitar no dia seguinte. A quarta comecou na enorme Santa Maria Degli Angeli, local que antes abrigava as Termas de Diocleciano, e que o Papa encomendou em 1561 a Michelangelo transforma-la em uma igreja. O local é amplo e majestoso, e o destaque é o enorme orgao.
Nossa proxima parada foi em Santa Maria Della Vitoria, uma interessante extravagancia barroca de Bernini e seus alunos. Aqui se encontra uma das obras maximas de Bernini, “O Extase de Santa Teresa”. Na mesma rua encontramos a lindinha San Carlo Alle Quatro Fontane, obra prima de Borromini, com quatro fontes na rua demarcando o lugar, e uma cupula oval branca e pequena que conquista o olhar.
Um pouco mais a frente, paramos na Igreja Sant’Andrea de Quirinale, outra bela obra de Bernini, mais limpa e delicada, mas ainda assim com detalhes barrocos que valorizam as bonitas esculturas do artista. Mais uma pernada e chegamos a Piazza Rotonda, local que abriga o magnifico Pantheon (de 118 d.c.), com alguns “romanos caracterizados” na frente fazendo a festa dos turistas que queriam uma lembranca mais divertida.
Atravessamos a Piazza Navona (com belas fontes desenhadas por Bernini e a bandeira brasileira indicando nossa embaixada), pegamos um gelato (bem mais barato que em Florenca) e seguimos para o Campo Del Fiori, outra pracinha fofa que durante o dia é agitada por uma feira e a noite vira balada. Almocamos no Sabys atendidos pelo Bruno, um brasileiro de Vitoria que vive a dois anos e meio em Roma, e pelo jeito ama a cidade.
Entendemos perfeitamente apos devorarmos um spaguetti al pesto o sentido da palavra “siesta”. Nao tem como caminhar ao sol da tarde em Roma. Sabe-se la quantos 30 e poucos graus estavam fazendo, entao decidimos conhecer a Villa Borguese, o maior parque da cidade, que abriga um museu em um imenso espaco verde (lembre-se que as pracas em Roma, assim como na Espanha, nao tem arvores, diferente de Londres e Paris).
Assim como varios turistas e alguns romanos cedemos a siesta e tiramos um cochilo na grama do parque, e fomos conhecer o acervo da Galleria Borghese, pequeno, mas muito impressionante. Ha uma sala toda de Caravaggio com destaque para o arrepiante “San Girolamo” (veja aqui), otimos quadros de Ticiano (incluindo o historico “Amor Sagrado e Profano”) e obras primas de Bernini de fazer o coracao parar por alguns segundos.
Em “Apolo e Dafne”, Bernini congela no marmore o momento em que os deuses piedosos a transformam em um loureiro para tira-la de Apolo. Galhos saem de seus dedos e o detalhe de seus cabelos sao arrepiantes (mais aqui). “O Rapto de Persephone” é brutal. O musculoso Hades ri enquanto Persephone chora tentando fugir de seus bracos. Os detalhes de sua mao musculosa apertandando as pernas da moca sao sensacionais (saiba mais aqui e veja detalhes da obra aqui).
Deixamos a Galleria Borghese e seguimos para o Galleria Nazionale de Arte Moderna, que fica quase dentro do parque, e destaca uma colecao impressionante de italianos da segunda metade do século 19 (mestres como Domenico Morelli, Giovani Carnovali e Antonio Mancini – veja obras aqui) além de Van Gogh, Cezanne, Klimt, Miró, Kandinski, Modigliani e Duchamp (a bicicleta, a latrina e o sensacional “50 Miligramas do Ar de Paris”).
Pegamos um trem, voltamos pro hostel para um banho e partimos em busca de um bom Tiramisu. Fomos até a Escadaria da Espanha, que nada mais é do que uma escadaria em que todo mundo fica sentando “vendo e sendo visto” e caminhamos novamente até o Campo del Fiori para terminar a noite com Pizza de Spicy Salami, brusqueta, vinho e uma boa cerveja ruiva italiana, a Moretti. E o Tiramisu, logico, o melhor que Lili comeu na vida.
Roma definitivamente nos conquistou. Obras de arte estao soltas para o prazer dos transeuntes nas ruas em dezenas de fontes em cada canto da cidade (eita gente para gostar de fonte, viu). Muitas igrejas guardam riquesas de arte sacra (esqueci de falar de “A Ressureicao de Cristo”, de Michelangelo, escultura polemica exposta na Igreja Santa Maria Sopra Minerva) e os italianos convivem muito bem com seu passado. Jogamos moedinhas na Fontana de Trevi. Queremos voltar.
Ps. Nao rolou ir ao Rock in Roma. A grana esta curta, mas ainda cruzo o Nine Inch Nails em Madri… aguarde.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
julho 23, 2009 No Comments