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Correndo e pedalando daqui pra lá

De Berlim (Ocidental):

As coisas no supermercado ao lado do hotel sao tao baratas que até nos assustamos. E a internet, na esquina, rápida, com teclado parecido com o nosso e alguns acentos, meus amigos, voltaram (só alguns). Bem, vou direto rememorar tudo o que aconteceu no domingo e hoje e zerar o diário para comecarmos novinhos amanha.

Domingo

Acordamos cedo com o propósito de fazermos uma aventura: alugar uma bike cada um e ir para Damme, cidade que fica a 5 km de Bruges, tomar um dos melhores chocolates quentes da Europa. Claro que nao só para isso, mas também para curtir o passeio e fazer como os belgas: andar de bicicleta.

O dia amanheceu nublado, mas nao desistimos do plano. Alugamos nossas bikes e lá fomos nós margear o rio até pegar a auto-estrada. No caminho passamos por uma feirinha, dessas de tralhas e trecos, e parei em uma barraquinha que tinha uns CDs à venda. Sou um feliz possuidor do “Live 81-82” do Birthday Party que custou… 4 euros.

Lili acha que fizemos os 5 km entre uma cidade e outra em menos de meia-hora, mas nao sei. O tempo ficou estável, caiu uma garoinha, e depois abriu o sol. O trecho entre as cidades era bucólico: o rio ao lado, vaquinhas pastando com moinhos de vento ao fundo, algumas casinhas e muito, mas muito verde.

Entramos em Damme, que merece a sua visita caso voce vá um dia para Bruges, pela avenida principal e logo achamos o Tante Maria, o tal local do chocolate quente. Chegamos com fome, entao abracamos o menu de 16 euros por pessoa. Escolhi o menu Lorraine (quiche com bacon, saladinha e e focaccia de presunto parma – veja aqui) enquanto Lili foi de menu fish (croquete de camarao, quiche de salmao e tomate recheado com camarao – veja aqui).

Vou contar: passei as últimas 30 e poucas horas ouvindo Lili falar o quao bom era o tal do croquete de camarao. O argumento dela é que croquete é algo tao normal, que a gente nao espera nada, e o tal que ela comeu era surpreendente bom, algo que ela nunca esperava que pudesse acontecer. Tudo bem, saiba que ela já tomou, em Paris, a melhor sopa de cebola da vida dela…

Bem, almoco terminado, o bom chocolate quente tomado (vale a sua ida até o lugar), e hora de pedalar de volta para Bruges. Trocamos os 5 km de pedaladas por uma volta de barco bebendo cerveja belga e admirando a paisagem. Passeio bucólico e delicioso para revigorar para a última noite do Cactus Festival.

O passeio de bike fez com que perdessemos o show do !!! e, quase, Magic Numbers. Pegamos as tres últimas músicas da banda fofinha mais bacana sobre um palco do planeta. Nao gosto deles em disco, mas o show é bastante divertido e animou muito o público do festival.

Na sequencia foi a vez do septeto Calexico tentar fazer o público gingar, no que eles podem até se dar por satisfeitos: umas dez ou doze pessoas chacoalharam enquanto a multidao assistia impassível (e apluadia efusivamente no final). Parece que eles nao estao gostando, e quando a música termina eles vibram e aplaudem. O ponto alto foi a já costumeira e empolgante versao de “Alone Again Or”, do Love. De fazer chorar, viu. O show tem altos e baixos, mas é de responsa.

Hora de comer no Cactus Festival, mas o que escolher? A variedade é imensa. Tem desde de barraquinhas de comida tibetana, japonesa, italiana, senegalesa, arabe, indiana, francesa, vegetariana até os famosos pratos locais sem contar as barracas de cerveja, refrigerante, narguilé, crepes, waffles, sucos de frutas e o escambau. Acabamos no final optando pelas tradicionais fritas com maionese, mas dá dó de lembrar como passamos fome nos festivais brasileiros.

Já tinhamos planejado no dia anterior deixar de lado Joss Stone, que iria fechar a noite de domingo, mas até que fiquei com uma vontadezinha de ver a garota, no entanto, ela cancelou de última hora, e Jamie Lidel foi escalado para substitui-la. Preferimos nos despedir da cidade fotografando-a durante a noite (até esbarramos com o pessoal do Calexico, encantando com a beleza medieval da cidade).

Segunda

Acordamos às 8h30, arrumamos a mala e fomos tomar o café que a Maria havia feito para nós. Pecado: ainda nao falei da Maria. Bem, ela é a dona da casa que alugamos o quarto para ficarmos em Bruges (via Hostelword), e é uma mama estilo italiano que comeca falando em ingles, no meio da frase está em italiano e termina com coisas em espanhol, holandes ou todo junto. Uma jóia de pessoa.

Assim que chegamos no sábado, ela nos levou até a mesa e nos deu dicas de onde comer a melhor comida por precos justos (fugindo dos restaurantes caca-turistas), onde encontrar a melhor cerveja da regiao e onde devorar os melhores chocolates. E ainda escreveu em um papel um recado para o cara do barco nos dar um desconto. Querida demais.

Nos despedimos dela e… comecou a correria. Chegamos na hora na estacao de Bruges, compramos passagens para Bruxelas, entramos no trem e… esquecemos uma sacola com um vinil raro (que comprei a pedido do Wagner), os posters da Shakespeare em Co, presentes e todas as passagens e reservas de hotel e albergues impressas. Falamos com o cobrador e ele foi ironico e sacana: “Nao posso parar o trem. Voces descem em Bruxelas e voltam”.

No fim, nao descemos em Bruxelas, e sim em Gent, a parada seguinte. Acabamos voltando para Bruges mais cedo que imaginavamos, mas deu tudo certo. O senhor que nos vendeu a passagem avisou que a sacola estava no “Achados e Perdidos” da estacao, e conseguimos pegar o próximo trem para Bruxelas tendo como prejuizo uma hora perdida e 25 euros de passagens.

Em Bruxelas, mais correria. Almocamos ao lado da Grande Praca, babamos nos waffles, andamos na rua que cheira a chocolate, olhei e comprei CDs em uma loja bacana (veja aqui) e… nos atrasamos para o voo. Ainda mais que o guiche da Easyjet ficava nos cafundos do aeroporto, mas o voo atrasou e chegamos em tempo. Preciso urgentemente de uma cerveja. E cama. Amanha volto com impressoes sobre a Alemanha, ok.

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

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