Uma festa do interior… na Belgica
Bruges é uma cidadezinha a 97Km de Bruxelas cujo charme medieval é seu maior atrativo. Seu centro do século 13 é o mais bem preservado de toda a Europa e é uma volta no tempo, muito embora a quantidade de turistas superlote suas pequenas ruas. É uma mistura de Gramado com Ouro Preto (com cervejas e chocolates melhores).
A cidade esta lotada. Turistas ficam embasbacados nas vitrines das lojas de chocolate e cerveja enquanto se entopem de batatas fritas, que os belgas defendem serem os pais. Rapazes da cidade pedalam vestidos de freira pelas ruas medievais. O clima é o melhor possivel.
É no principal jardim da cidade, o Minnewater, que acontece o Cactus Festival, um dos cinco festivais mais bacanas da Bélgica (entre os mais de 50 que eles devem promover no verao), cujos mais famosos sao o Rock Werchter (eleito pela liga dos festivais europeus o melhor festival do verao quatro vezes nesta década), o Pukkelpop e o Lokerse Fest (que neste ano terá Manics em agosto).
O Cactus lembra, e muito, uma festa de cidadezinha do interior com criancas andando pelo parque, senhoras e senhores conversando em bancos e uma variedade de comida surpreendente (além, claro, da boa cerveja belga em tres versoes: Pilsen; de trigo e de cereja) destacando-se os waffles de nutella, as fritas e os sanduiches de braadworst.
A criancada passa o tempo todo recolhendo copos de plástico de cerveja e garrafas de refrigerante para trocar em um posto de reciclagem que paga 0,10 cents de euro por cada item. Os portoes abrem às 11h da manha, e o primeiro show comeca 12h30, mas o publico está no festival nao só para ver os shows, mas pq o lugar é um ponto de encontro da cidade.
A grande diferenca em relacao ao Brasil (além da organizacao impecável, dos banheiros masculinos ao ar livre, da cerveja e da variedade de comida) é que aqui nao tocam duplas sertanejas, heróis da Jovem Guarda e da época de nossos tataravos, mas sim bandas novas como o Cold War Kids, lendas do cenário independente como Greg Dulli e Mark Lanegan e genios como Paul Weller. Bem, talvez seja a mesma coisa, né mesmo.
Ah, e eles falam o flamengo, uma mistura de holandes, frances e alemao que dá a perfeita sensacao que todo mundo ao seu redor está falando ao contrário. Panico total (risos). E tambem andam de bicicleta: mais de mil ficam “encostadas” do lado de fora do parque. Jo Gideon and The Shark, Black Box Revelation e Joan As Police Woman abrem o dia, mas só chegamos para a quarta atracao.
O Cold War Kids surgiu mostrando as músicas excelentes de seu álbum de estréia mais as fracotes do segundo disco – que cresceram ao vivo. Bom trabalho de guitarras, boa performance de palco, e “We Used to Vacation” é uma graaaaande cancao. É bom ficar de olho no terceiro disco desses caras, pois deve vir coisa boa.
Na sequencia, Gutter Twins em momento acústico: Greg Dulli em um violao (e teclados e gaita), Mark Lanegan impassível no centro e Dave Rosser no outro violao. Único problema do show: foi curto demais (veja o set list aqui). Mas vou dizer que quase chorei em “Sworn and Broken”, do álbum “Dust”, último do Screaming Trees. E “Summer Kiss”, do Afghan Whigs, arrepiou.
Intervalo, show do Novastar (banda da casa que parece uma mistura de Fito Paez com Coldplay e levou mais público para frente do palco do que qualquer outra atracao do dia) e… Paul Weller. No palco, o ex-líder do The Jam parecia um menino de tao feliz e agitado. O show – centrado no excelente “22 Dreams” – de duas horas foi impecavel, daqueles de fazer muita bandinha inglesa nova voltar pra garagem. A garoazinha, jah no bis, terminou de lavar a alma.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
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